Fui atirada naquela água pútrida e mortal, água tão gelada que poderia estilhaçar os ossos de suas vitimas, mas elas não tremeriam de frio, não, elas tremeriam pelo o medo primordial de morrer, pois algo tenebroso espreitava quem quer que fosse a pobre alma jogada em suas águas profundas e cruéis.
Quanto tempo se passou desde que fui atirada ali para morrer? Poderia ser anos, décadas, séculos e até mesmo milénios, não, não poderia me dar ao luxo de esperar, não poderia descansar até encontrar aquilo, ou melhor, aquele alguém que de mim foi separado.
- Eu preciso encontrar eles, eu preciso encontrar aquele lugar...
- Minha criança, seu fardo é tão grande para carregar sozinha...
Uma voz cálida e reconfortante conversava comigo enquanto eu estava mais e mais ao fundo daquele lago, ou era o mar? Eu já não conseguia recordava mais. Aquela voz me acalentava como uma melodia tocada por harpas em união com as vozes de várias sereias.
- Me deixe lhe guiar, minha pequena Aruna...deixe lhe guiar.
- Quem é a dona desta linda voz? Quem se importa com esta pequena alma insignificante que foi jogada para morrer?
Sinto a hesitação se prolongar por alguns segundos naquela voz ou de quem se arriscava estar ali. Quem fosse aquela a se por ao meu lado, eu estava imensamente grata por ficar comigo e me confortar em meu leito, e que a Mãe pudesse me receber de braços abertos tão carinhosos como daquela que estaria ali comigo.
- Não pretendo, minha criança, lhe receber prematuramente além dos portões aonde se estende o descanso eterno. Por tal, irei lhe guiar para onde o sol se põe, e para o fio que te leva ao destino que lhe foi tomado.
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Corte de Chamas e Fumaça
FanfictionDuas almas entrelaçadas pelo mesmo destino cruel agora se reencontram para mudar o percurso na qual foram obrigados a trilhar. A filha do fogo, criada e moldada para matar. O filho da escuridão, roubado e sepultado para morrer. O que o...