Aruna Cortland
Havia vários feéricos naquela comemoração, um breve momento que poderiam festejar sem pensar nas atrocidades que vinham acontecendo ao decorrer daquelas décadas sobre o domínio de Amarantha. Calanmai dava boas-vindas para a primavera em Prythian, que era banhada por fogueiras, bebidas, danças e orgias que aconteciam ao decorrer da festa até o seu ápice do Grande Rito.
Aruna estava lá para apreciar a comemoração, entretanto, havia um pequeno fator que acabara com sua diversão.
— Talvez eu devesse agradecer aos Deuses por me proporcionarem tamanha sorte. — Disse um feérico que se aproximava cada vez mais de Aruna.
— Talvez eu tenha ofendido os Deuses, ou até mesmo a Grande Mãe para merecer sua presença. — Retrucou.
Jasper era um feérico que trabalhava no açougue responsável por fornecer carnes para a pousada aonde os mercenários se hospedava, ele criou uma obsessão por Aruna desde do dia em que ela salvou sua carga de um roubo planejado por alguns mercenários que não aceitavam o aumento no valor das carnes.
— Assim você magoa meu coração, Minha Doce Aruna. — Seu sorriso era para muitos, bondade e inocência, mas para Aruna, nada mais no mundo lhe arrepiava do que aquele maldito sorriso.
— Se me recordo bem, foi você mesmo quem me entregou de bandeja para o chefe daqueles mercenários, até aonde eu saiba sobre sinônimos de amar, isso estaria fora de questão em fazer com a garota amada. — Os lábios de Aruna se curvaram em um sorriso sarcástico para Jasper.
Os olhos de Jasper se acenderam em uma prata viva que lembravam ferro derretido, o feérico se aproximou cada vez mais de Aruna com aquele corpo moldado por músculos e ombros fartos, que poderiam ser facilmente dignos de qualquer soldado em anos de serviço.
Algumas fêmeas olhavam para Jasper com olhares de pura luxúria e prazer palpáveis, quantas ali se decepcionariam em saber que o macho na qual desejavam tanto era o ser mais desprezível que conheceriam em toda a vida imortal?
— Aruna... eu havia lhe explicado minha situação, se eu não entregasse quem tinha feito aquele massacre eles parariam de comprar as carnes e derrubariam toda a reputação que eu construí todos esses anos. — Ele estava perto o bastante para colocar as mãos nas bochecha de Aruna que era beijada pelo vento e o calor das fogueiras próxima deles.
— Se eu não tivesse ousado perder meu precioso tempo e paciência em te salvar, você nem mesmo estaria aqui para se vangloriar de toda a sua riqueza e reputação. — Retrucou afastando-se do toque de Jasper.
O ódio que fervilhava em seus olhos era nítido, apenas o ego de um macho feérico por não conquistar uma fêmea para usar como uma égua de procriação como bem entender até não for mais útil.
Aruna não queria que sua noite fosse estragada por culpa daquele macho, ela havia juntado economias de 3 meses de missões somente para comprar aquele vestido branco que se estendia até seus joelhos com fendas que mostravam a pele de suas coxas fartas, que se casava com um corset preto aberto em um decote na altura de seus seios.Ela sabia que os machos olhavam para seu decote quando passava, ela tinha vindo para festejar e trepar com algum feérico que lhe agradava, e naquele momento Jasper estava espantando todos eles.
— Foi agradável lhe ver Jasper, mas infelizmente tenho compromissos que me chamam, boas festas. — Aruna estava se distanciando quando alguém esbarrou contra si a fazendo cair com tudo ao chão, fazendo levar seu vestido caro se banhar na lama.
Ela levanta a cabeça passando a mão em seus cachos ruivos que caíram em seu rosto, feéricos ao seu redor riam de todo aquele constrangimento e Aruna sabia que Jasper era um deles. Ela levanta o olhar a procura de quem havia a derrubado e seus olhos se encontram com um humano? Não havia como um humano atravessar o muro sem ser notado ou ter sido devorado, mas ela não se importava se ele era ou não um humano perdido, tudo que ela sabia era que ele seria um humano morto.
— Eu vou te matar. — Vociferou Aruna com uma voz assassina.
O humano já havia sumido, mas deixará para trás um rastro de caos, ele adentrou para mais dentro da floresta aonde os tambores e as fogueiras já não eram mais visíveis, quando um som estridente alcançou os tímpanos de Aruna.
— SOCORRO! SOCORRO! SOCORRO!— Ah merda! Cale a porra dessa boca, humano maldito. — Uma voz de um macho feérico rosnou de volta para quem quer tivesse gritando.
— Esse verme tem uma boquinha bem travessa. — Outro feérico sussurrou para seu colega.
Aruna se aproximou daquela confusão, ela sentia como se algo lhe atraísse para aquilo, maldito era seu instinto de proteção e sua curiosidade. Então viu dois machos que haviam capturado um humano, o maldito humano que havia lhe derrubado na lama junto com sua reputação.
O ódio fervilhou nas veias de Aruna por relembrar que seu vestido caríssimo agora ganhava um tom grotesco de marrom-lama. Ela viu o humano pegar um graveto de árvore para se defender e temeu que aquilo não fosse o suficiente, mas não poderia atacar, não agora, precisaria achar o momento certo para que pudesse agir, aquele humano era dela para se vingar por sua noite de diversão arruinada.Mas seus planos foram arruinados novamente quando seu olhar se cruzou com os olhos do humano, seus olhos eram de um preto que se equiparava com a escuridão do abraço que a morte dava no final de tudo, ou como a escuridão de uma lembrança que se afundava em minha memória.
— N-ã-o g-r-i-t-e. — Sussurrou em um grito o alertando, aquele esconderijo era perfeito para uma emboscada.
E o filha da puta gritou.
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Corte de Chamas e Fumaça
FanfictionDuas almas entrelaçadas pelo mesmo destino cruel agora se reencontram para mudar o percurso na qual foram obrigados a trilhar. A filha do fogo, criada e moldada para matar. O filho da escuridão, roubado e sepultado para morrer. O que o...