20 - Dar a César o que é de César

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Bem-vindos à 2° fase de Polus!

Escutem a musiquinha antes, durante, ou depois do capítulo, para entenderem um pouco do sentimento do JK.

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JUNGKOOK

Se tem uma coisa que eu aprendi com a vida é que nem sempre o crime é uma escolha, que não existe meritocracia, que a realidade dói, que, às vezes, ir à escola é um luxo, que a pobreza é cruel. Mas, excepcionalmente, que a vida não é fácil.

Até a morte da minha mãe, eu vivi a vida com uma espécie de venda tapando os meus olhos, me impedindo que eu percebesse os males do mundo. Essa venda era tecida e cultivada com todo amor pelos meus pais. Mas, quando ela se foi, a venda se rasgou e eu tive de provar do mais doloroso que a vida podia me dar.

Eu vi meu pai se tornar um monstro bem à par dos meus olhos, eu tive que largar a escola, deixar de jogar jogos de RPG no videogame e passar a aprender a manusear armas na vida real.

Eu nunca quis estar aqui e nem tive o privilégio de escolher. Mas é isso que se há para fazer quando a correnteza te puxa, você se deixa levar, não dá para nadar em direção oposta.

Quando Jimin apareceu foi como entrar em um devaneio, como sonhar acordado. Com ele, eu me sentia, mesmo que por algumas horas, pertencente ao mundo dos bonzinhos, das pessoas normais e com vidas normais. Se eu fechasse os olhos, eu poderia imaginar que estaria na faculdade de design gráfico, que eu teria um cachorro grande e que seria um nerdola apaixonado por jogos e por um loirinho gatinho.

Jimin trazia minha essência de volta, com ele eu poderia ser quem eu quisesse, e só Deus sabe o quanto eu sempre quis ser só o Jungkook, um sul-coreano qualquer.

Mas, para Jimin, eu nunca deixei de ser o que eu sempre fui, um bandidinho de merda. Isso construiu novamente um muro entre o meu mundo e o dele. Era o que eu era, afinal. Eu não faço parte das pessoas boas, que acordam cedo para estudar ou trabalhar, que têm sonhos e aflições, eu faço parte daqueles que não pertencem a lugar nenhum.

É difícil amar e continuar sendo o vilão ao mesmo tempo.

Escutei três batidas irritantemente exageradas na porta. Yoongi, por suposto.

- Eu tô com uma dor de cabeça do caralho e você ainda quase derruba essa porta! - Ralhei, puxando e prendendo a fumaça da baseado, para em seguida soltar pelo ar.

- O loiro te deixou na merda mesmo, hein? Você só fuma um beck quando tá pirado. - Disse o de cabelos verdes, se sentando ao meu lado.

- Não fala desse loiro não, hermanito, se não vai cortar minha brisa.

- Foi mal, chefe. - O Min pegou o cigarro dos meus dedos e tragou também, baforando depois.

- Ele não era garoto para mim.

Senti a maconha fazer efeito e minha mente ficar nublada, relaxada, sem muitos pensamentos, sem muitos Jimins.

- Vou mandar a real logo, antes que você fique chapado demais.

- Qual que é a fita?

- Os canas, Jeon. Aquele informante lá falou que os caras estão prontos pra invadir a comunidade, hoje mesmo. Eles têm mandato de busca e apreensão e tudo.

Polus | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora