A COLHEITA

6.8K 372 35
                                    

A COLHEITA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A COLHEITA

Por tantas vezes eu me ajoelhei
Pensando
"Por que eu não posso ser como você?"
Mas eu entendo que isso não sou eu
Por tantas vezes eu pedi pra ser normal
Mas isso seria tão banal
Eu não quero me encaixar

Culpa - Bea Duarte

✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨

O som suave das ondas quebrando na costa do Distrito 4 acordou Thalassa antes que o sol aparecesse no horizonte. Ela estava deitada em um pequeno quarto que compartilhava com sua amiga Calissa, na casa modesta da família desta. Os móveis eram simples e desgastados, mas a calorosa hospitalidade de sua amiga a ajudou a se sentir em casa.

Thalassa virou-se na cama e esfregou os olhos sonolentos, pensando no dia que estava prestes a enfrentar. O Dia da Colheita era sempre angustiante, mas este ano era especialmente difícil. Era sua última colheita, mas a primeira da irmã mais nova de Calissa, Mira.

Calissa, mesmo que quisesse, não poderia mais se voluntariar pela irmã caso Mira fosse sorteada, já que sua última colheita havia sido no ano anterior.

Com cuidado, Thalassa se levantou e saiu do quarto, tentando não acordar Calissa e sua família, que ainda estavam profundamente adormecidos. Ao entrar no banheiro, olhou para o reflexo pálido no espelho. Seus cabelos ruivos caíam em cachos úmidos sobre os ombros, e seus olhos cinzentos pareciam carregados de preocupação.

Ela tomou um banho rápido, a água morna acalmando seus nervos tensos. Ela selecionou um vestido simples, azul-marinho, e se vestiu com cuidado. Ela queria parecer apresentável naquele dia, apesar de tudo. A roupa acentuava a cor de seus olhos e realçava sua beleza natural, mas ela mal notou sua aparência no espelho. Sua mente estava ocupada demais com pensamentos sobre a colheita que se aproximava.

Thalassa desceu silenciosamente as escadas e encontrou sua amiga, Calissa, na cozinha. Calissa estava preparando o café da manhã, mas sua expressão era séria e preocupada. Elas se olharam por um momento, sem palavras, mas com um entendimento mútuo que não precisava ser expresso em voz alta.

-Você viu o mar hoje de manhã, Thalassa? - Calissa perguntou, com a voz suave e preocupada, rompendo o silêncio que pairava entre elas.

-Ele está calmo - Thalassa respondeu - Como antes de uma tempestade.

-Sim, parece mais sombrio do que nunca - Calissa começou apreensiva - Mira... Mira está na idade agora, Thalassa.

-Eu sei - Thalassa suspirou resignada - Mas, você tem que pensar positivo, o nome dela vai estar entre os papéis apenas uma vez. Vai dar tudo certo.

-Eu espero - Calissa suspirou.

A conversa foi interrompida pela família de Calissa entrando na cozinha para tomarem café. A família se sentou à mesa, servindo-se de café da manhã em silêncio, cada um com seus pensamentos. As palavras eram desnecessárias naquele momento.

Após o café, eles se levantaram, vestindo suas melhores roupas, com uma sensação de resignação no ar.

Juntos, seguiram pela rua até a praça da cidade do Distrito 4. A atmosfera na praça estava carregada de tensão, com as pessoas se reunindo em grupos, trocando olhares de nervosismo. A plataforma da colheita estava montada, e os membros da equipe do Capital aguardavam com sorrisos falsos.

Thalassa se despediu da família de Calissa, indo em direção a fileira de garotas de 18 anos. Enquanto se posicionava na fila, Thalassa não pôde evitar olhar para a fila de garotas de 12 anos. Seu coração se apertou quando viu Mira, hesitando antes de se juntar às outras.

A menina olhou para Thalassa com lágrimas nos olhos, incapaz de compreender completamente a gravidade do que estava prestes a acontecer. Thalassa tentou sorrir para Mira, transmitindo-lhe uma mensagem silenciosa de que tudo daria certo.

No centro do palco, destacando-se com sua vestimenta espetacular, estava a mestre de cerimônias, uma mulher deslumbrante que parecia ter saído diretamente de um conto de fadas. Seu vestido deslumbrante, com tecidos que mudavam de cor conforme ela se movia, emitia um brilho hipnótico que cativava a atenção de todos. Seus cabelos escuros estavam cuidadosamente penteados, e seu sorriso radiante parecia pintado.

-Senhoras e senhores, cidadãos do Distrito 4 - Seraphina Dazzlefire os cumprimentou - É com grande honra que hoje nos reunimos para comemorar o início dos 73ª Edição dos Jogos Vorazes! - aplausos mecânicos puderam ser ouvidos, poucos moradores tendo coragem de aplaudí-la - Hoje, dois tributos sortudos terão a chance de brilhar nos holofotes da fama, na arena dos Jogos Vorazes!

O hino de Panem tomou conta das caixas de som, a delegação da capital sendo os únicos que realmente o cantavam. Quando o hino acabou, Seraphina se virou para as duas redomas que continham os nomes dos jovens do distrito.

-Chegou a hora - anunciou ela - Vamos escolher o tributo feminino primeiro - foi em direção a redoma com os nomes femininos - O tributo feminino deste ano é... Mira Tidecrest!

Um silêncio pesado se instalou. Mira, hesitou por um instante, seus olhos assustados olhando em direção à sua família. Thalassa, de onde estava na fila das garotas de 18 anos, sentiu seu coração apertar enquanto observava a cena.

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Mira, mas com uma determinação visível, ela deu um passo à frente. Um instinto de proteção dominou Thalassa, e antes que pudesse pensar duas vezes, ela saiu da fila das garotas de 18 anos e correu em direção a Mira. As pessoas na praça ficaram chocadas, os murmúrios se espalhando pela multidão.

-Eu me ofereço como tributo! - Thalassa afirmou alto e se abaixou na frente de Mira quando os Pacificadores começaram a se aproximar - Vá até sua mãe - Mira assentiu, soluçando enquanto Thalassa lhe dava um sorriso tranquilizador, antes de seguir os Pacificadores até o palco.

-Ah, que ótimo, uma voluntária - Seraphina exclamou, assim que Thalassa subiu as escadas - Qual seu nome, querida?

-Thalassa Bianchi - a mesma respondeu com a voz grossa, não dando margem para mais perguntas.

-Ótimo, como agora já temos nossa representante feminina, vamos ao masculino - Seraphina foi em direção a outra redoma - Nosso tributo masculino esse ano é... Elias Whitaker.

Elias era um menino magro de 13 anos, de cabelos castanhos e olhos cheios de apreensão. Ele estava entre os mais jovens na fila de garotos, seu rosto pálido e seus lábios trêmulos. Ninguém da multidão se ofereceu para substituí-lo.

-Aqui estão nossos representantes do Distrito 4 - Seraphina segurou as mãos dos dois - Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor.

✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨

Hello! Sejam bem-vindos (as)!

Espero que gostem do primeiro capítulo.

Não esqueça de deixar o seu feedback a e sua estrelinha *-*

Volto em breve!

Vozes das Profundezas - Finnick OdairOnde histórias criam vida. Descubra agora