Revelações

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Meghan

Me desperto com alguns raios de sol em meu rosto, me fazendo franzir levemente a testa e me irritar comigo mesma por ter esquecido de fechar as cortinas, ao olhar para mesinha ao lado da cama, vejo o relógio que marca 7 horas da manhã, após alguns minutos alguns flashes da noite anterior me vem a me memória, e logo eu me recordo do sonho, ou podemos chamar de pesadelo talvez, me recordo de Alec me acalmando e logo me sinto envergonhada pela forma como eu praticamente implorei não verbalmente para que dormisse alí comigo. Como se lesse meus pensamentos Alec, que ainda se encontra na cama, diz.

___Vai continuar pensativa ou compartilhará seus pensamentos comigo ?
Me pergunto como ele sabia que eu já estava acordada, mas não o questiono, acredito que por ser um vampiro, isso é algo facilmente perceptível, então simplesmente ignoro o comentário quando digo a primeira coisa que me vem a mente ___Me observou dormir a noite inteira ?
Ele me olha de forma intensa mas ao mesmo tempo vejo cuidado em seus olhos quando finalmente responde a minha pergunta ___Fiquei com medo que tivesse outro pesadelo, então permaneci aqui, espero que não tenha invadido vossa privacidade minha querida.
Me perco na forma como seus olhos não deixam os meus, a mansidão em sua voz, a delicadeza como me trata e o cuidado que tem comigo, é como se meu corpo correspondesse automaticamente a ele... mas eu não posso me permitir a isso, tem pouquíssimo tempo que nos conhecemos e não tenho espaço pra nada disso na minha vida agora, por isso sou indiferente ao dizer ___Obrigada por ontem a noite mas espero que daqui em diante fique no divã ___assim que o respondo, me levanto e sem esperar resposta, sigo em direção ao banheiro para me aprontar, afinal, hoje será um dia cheio.


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Saio do hotel exatamente às 8 horas da manhã, afinal, preciso está em Port Angeles às 10 horas e... odeio me atrasar. Alec estava em silêncio, parecia muito concentrado em algo ou, somente perdido em pensamentos, decido não me importar e me concentro totalmente na estrada.
Não demora muito a chegarmos a cidade, peço que Alec aguarde no carro enquanto me direciono ao escritório, assim que vejo a recepcionista, me identifico e informo o horário que tenho marcado com seu chefe, ela verifica em seu sistema e informa a ele sobre minha chegada.


___Senhorita Cullen ?
___Sim ?
___A senhorita pode entrar, ele está a sua espera !
___Obrigada ___agradeço e me direciono pelo caminho que ela indicou até a sala dele.

Bato na porta suavemente, indicando minha presença, ele logo pede para que eu entre, e assim o faço e logo o cumprimento.

___Edgar Sparckov, quanto tempo querido ___digo com um sorriso nos lábios, me recordando da época em que estudávamos juntos e vivíamos em festas.
___Magie, que saudade ___diz ele me abraçando ___como você está ?
___Estou bem e você?, como Evan está ?
___Estamos muito bem, obrigado por perguntar ___ele sorri radiante, provavelmente se lembrando do amor de sua vida, Evan Sckots e como lesse meus pensamentos diz ___vamos nos casar

Fico extasiada com a notícia, sempre amei eles dois, eles são vampiros, são nômades civilizados como ele diz, nos conhecemos na faculdade de Direito.

___Edie, fico muito feliz por isso, sempre torci por vocês ___ digo o abraçando realmente feliz com a notícia.
___Essa era uma das coisas que queria falar com você sobre.
___O que gostaria de falar comigo ?
___Primeiro, já que estamos nesse assunto, gostaria que fosse nossa madrinha de casamento !
___Sério ? ___pergunto empolgada com a possibilidade.
___Sim, Evan e eu te temos como irmã e... seria com meu presente de casamento se aceitasse.
___Edie... mas é claro que eu aceito, será uma honra meu querido.
___Fico realmente muito feliz que tenha aceitado, mas temos que conversar sobre negócios não é mesmo ?
___Sim, é claro, vamos começar !
___Então Meghan, como você já está ciente, há uma casa localizada aqui em Port Angeles que pertence a família de sua mãe desde 1660, aparentemente, seu pai cuidou para que permanecesse na família, passando para o nome de sua tia, mas quando ela morreu, ele teve que assumir a responsabilidade por este bem e continuou assim de 40 em 40 anos, criando novas identidades, como ele lhe disse na carta, ele quer passar a casa para sua responsabilidade, já que de fato, sempre foi sua.
Absorvo as informações que ele me passou, Edgar é um dos melhores advogados que já conheci, ele cuida de basicamente todos os problemas que não posso assumir sozinha como advogada por ética legal.

___Você pode cuidar de tudo pra mim ?
___Posso cuidar de todo o trâmite mas, não posso assinar por você sem uma procuração e sei que não gosta disso então... sinto muito mas terá que falar com ele

___Por quanto tempo ?
___Durante algumas reuniões até que o contrato e transação sejam finalizadas.
___Entendo, está bem então.
___Magie ?
___Sim
___Tenha a mente aberta, sei que não quer ter proximidade com seu pai depois de tudo mas, não fique com raiva pra sempre, tente dar uma chance.

Demorei um tempo para responder, talvez eu realmente esteja sendo infantil ou birrenta com relação a isso mas... o trauma me afetou demais, me trouxe coisas as quais tenho que conviver até hoje...
___Eu vou tentar, prometo !

Ele se levanta e me abraça se despedindo de mim e eu logo saio do escritório indo em direção ao carro onde Alec me aguarda pacientemente imóvel na mesma posição.
___Quero te levar a um lugar ___digo a Alec, que somente assente.

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Após 20 minutos de estrada, chegamos a casa que eu teria por herança, eu já teria que vê-la, mas não queria ir sozinha, mas não contei isso a Alec, não quero que ele se ache por isso. Ao descer do carro ele observa a casa e logo me encara, como se perguntasse o por quê de estarmos alí.
___Que lugar é esse ? ___ele me pergunta com evidente confusão em seu semblante.
___É uma casa que pertenceu a família de minha mãe, agora me pertencerá.

Ele me encara por alguns segundos, com um olhar tão intenso e profundo que pareciam horas, após algum tempo me encarando, ele desvia o olhar para a casa e eu faço o mesmo, logo começamos a caminhar para a casa. Assim que entramos eu esperava ver vários móveis velhos, ou um lugar caindo aos pedaços mas... a casa estava estranhamente conservada e muito... limpa. Vejo uma foto de minha mãe na parede, ela era linda.

___É sua mãe ?
O encaro e vejo que ele também observa o grande quadro na parede, quando respondo ___era sim.
Assim que o respondo, ele se volta novamente a imagem a observando, o deixo alí e caminho em direção ao quintal, quando saio da casa, há uma espécie de varanda contendo um balanço a esquerda, ele é branco de madeira com flores que cercam seus suportes de ferro dando graça e sutileza ao balanço, a direita se encontra uma mesa redonda de vidro com suporte de madeira também branca e 4 cadeiras de madeira branca ao seu redor, quando saio da varanda, há um jardim, é simplesmente lindo, com muitas flores aos arredores e árvores, eu observo tudo aquilo e quando percebo, já estou no meio dele, então decido me sentar no chão e permitir que minha mente somente... voe para onde quiser.
Pouco tempo depois, Alec apareceu, senti sua presença assim que ele se sentou ao meu lado no gramado, apenas permanecemos em um silêncio confortável por um tempo, até que eu o quebro expressando o que sinto pela primeira vez em muito tempo, aproveito que estou de olhos fechados para reunir mais coragem para falar disso, quando possuo coragem o suficiente para falar sobre o assunto, somente deixo que as palavras saiam de minha boca.

___Min... minha tia me contou a história de meus pais antes de morrer __suspiro antes de continuar, ele apenas me observa aguardando pacientemente que eu continue, então continuo ___eles eram apenas jovens quando se conheceram, se encantaram um pelo outro, foi a amor a primeira vista, logo eles começaram a se envolver, e quando viram que o sentimento era intenso e que já estavam mais que envolvidos pelo amor, resolveram se casar, seu pai aprovou a união, ele não ligava muito, já que estava muito envolvido na caçada aos vampiros, então eles se casaram e foram viver alí mesmo na cidade mas em um lugar um tanto reservado cercado pela natureza, com muito ar puro como Elizabeth dizia, esse era o nome dela, minha mãe... enfim, eles iniciaram a vida de casados e estava tudo bem, até o desastre ter início, o pai de Carlisle já se encontrava idoso, e como ele nunca ousou decepcionar o pai, aceitou a ideia de tomar seu lugar a frente da grande caçada aos vampiros. Ele queria se provar o ser o suficiente, ser merecedor do orgulho de seus pai e de sua esposa, ao qual mal ligava para isso, pelo contrário, tinha medo de algo o acontecer. Carlisle se empenhou em sua busca, ele estava realmente determinado a conseguir achar realmente pelo menos um vampiro, e com esse pensamento, em uma noite quando procurava, finalmente encontrou, um covil de vampiros. Ele foi até seu grupo e lhes contou, então começaram a planejar uma emboscada, seria perfeito, assim ele pensava. 4 dias após a descoberta eles resolveram finalmente fazer a emboscada, mas o que não esperavam aconteceu, um massacre, Carlisle achou que havia morrido, ele realmente esperava que tivesse morrido e não se tornado naquilo, mas suas esperanças foram retiradas quando a dor latejante se iniciou, eram como mil facadas aos mesmo tempo em pontos extremamente sensíveis, como se estivesse sendo esmagado, mutilado, puxado em direções opostas até que seus membros se explodissem, ele então mesmo com tal dor se levantou, seguiu em direção a uma plantação de baratas e se escondeu suportando a dor... em silêncio. 3 dias após a transformação estava completa, não havia mais volta, ele havia se tornado um monstro sem alma, era o que ele pensava.
Após um tempo se torturando psicologicamente, ele não aguentou a saudade e tentou retornar para casa, para sua esposa, a qual ele amava mais que tudo no mundo, assim que ela o viu, não acreditou, de início achou realmente que fosse uma miragem, mas assim que constatou que não era, se jogou nos braços dele esperando encontrar o conforto e amor sempre presentes alí, mas ele a afastou, não podia, tinha medo, sentia sim amor por ela, e realmente queria a abraçar, mas não se permitiu, pois também existia desejo no que sentia, desejo por seu sangue. Ela o encarou confusa, então ele viu que chegara o momento de lhe mostrar a besta que havia se tornado, vendo um coelho passando por ali, ele o atacou, sugando seu sangue completamente até que sua força vital não fosse mais existente. Ela o olhou com medo no primeiro momento entendendo o que ele havia se tornado, mas vendo seu semblante triste, ela correu novamente até ele, tentando o alcançar, mas ele a parou, tinha medo de machuca-la, então ela lhe confortou e o passou coragem, e quando viu que ele já havia cedido, ela finalmente teve o abraço que tanto sentiu falta, o abraço ao qual chamava de lar. Ele decidiram continuar juntos porém ele agora se escondia do povo, vivia trancado em casa, longe dos olhos curiosos, ele ainda não a tocava direito e sua a estava entristecendo, foi quando ele finalmente tomou coragem e após semanas a tocou como mulher, ele só não esperava um fruto desse ato que mais tarde considerou tolo pelo que causou, sua mulher estava grávida, mas como era possível ?, ele se perguntava, sua esposa amava a criança mesmo ele temendo que fosse um monstro em seu ventre, ela o convenceu de que podia nascer uma criança normal e que daria tudo certo, mas não estava tudo certo, a gravidez estava estranha, estava... rápida demais, fazendo com que a criança crescesse em seu ventre em apenas 1 mês, e o pior era ver sua esposa definhando, a criança estava sugando sua energia e saúde vital, ele não sabia o que fazer. Foi quando em uma noite chuvosa a criança nasceu, era uma menina, uma menina linda, praticamente a cópia de sua esposa, mas sua alegria durou pouco pois no momento seguinte escutou o pior som que já havia escutado em toda sua vida, o coração de sua esposa havia parado, tudo ao seu redor desapareceu, ele não tinha mais nada, ele não queria aquela criança, ela a havia matado, era um monstro, a irmã de Elizabeth estava presente, era a única pessoa a qual haviam contado, ela pegou a criança e se trancou no quarto, com medo do que ele faria a um ser inocente, ela sofria a perda da irmã, é claro, mas jamais culparia aquela criança. Ele caminhou em direção a chuva e correu até que estivesse longe o suficiente, precisava manter a promessa que fizera a sua esposa, ele protegeria a criança, mas... de longe, não conseguia nem sequer vê-la.
A criança possuía um crescimento acelerado, então 2 meses depois quando ele retornou a casa, já com sua nova alimentação exclusivamente de animais, viu uma menina, ela aparentava ter 2 anos, ele a observou de longe, notando que ela era uma cópia fiel de sua esposa, ele então arregalou os olhos, como podia ela já estar daquele tamanho ?, como resposta as suas perguntas, a irmã de sua esposa apareceu, Mary, ela veio até onde ele estava e o explicou sobre o crescimento acelerado mas em como a criança não aparentava perigo algum, e mesmo aparentemente sendo metade vampira e tendo provado sangue de animais ao qual Mary deu para que provassem, ela preferia a comida humana e era um tanto tímida mas doce. Ele se aproximou da criança e ela o olhou tímida por cima de seus grandes cílios castanhos dourados , assim como seu cabelo da mesma cor, ela tinha olhos verdes como sua esposa, possuía a pela alva mas tinha bochechas vermelhinhas quando se encontrava tímida, sua boa também era idêntica a de sua mãe, gordinha e bem desenhada, permanentemente rosada mas chegava a se aproximar do vermelho, ela era realmente linda, era idêntica a sua esposa, porém tinha os cabelos idênticos aos de sua mãe, mas também em uma mistura perfeita do casal pois Elizabeth possuía o cabelo castanho e eu sou loiro, então ficou realmente uma mistura perfeita. Ele então começou a se aproveitar da menina, sempre a visitando, mas em uma visita quando a criança já aparentava ter seus 6 anos quando tudo aconteceu, era verão, a pequena menina brincava no quintal, ele a observava mas ela não havia percebido, então em uma de suas brincadeiras ela levitou um galho de árvore e o trouxe para perto, ele se encontrava de olhos arregalados, se seu coração ainda batesse com certeza estaria acelerado, ele a olhou horrorizado, pensando em como havia criado um monstro, quando a criança o viu, e reparou em seu olhar, pela primeira vez em sua vida ela se sentiu triste por ser o que era, uma híbrida, com muitos sentimentos dentro de si aos quais não sabia controlar, sem que percebesse ela criou um campo de energia ao seu redor, ela não sabia controla-lo ou desfaze-lo, estava nervosa e se sentindo uma aberração, foi quando sua tia a encontrou e viu a situação, ela pedia para que a pequena se acalmasse e que tentasse controlar, ela ainda estava muito nervosa mas reconhecendo a voz de sua tia, ela aos poucos se acalmou e o campo foi se desintegrando, então rapidamente Mary a alcançou e a abraçou, naquela noite, a criança ouviu a discussão entre seu pai e sua tia, eles discutiam sobre ela, ela já se encontrava chorando, mas tudo piorou quando ouviu as palavras da boca de seu pai, “ela é um monstro, uma aberração que eu criei, que matou Elizabeth, eu nunca conseguirei vê-la como filha, a protegerei como prometi a Elizabeth mas não a quero ver, ter perdido minha esposa já é o suficiente, adeus”, quando escutou tais palavras, se sentiu a pior coisa do mundo, queria deixar de existir mas mesmo assim correu com lágrimas nos olhos em direção a porta mas seu pai já havia partido, mas isso não a impediu de gritar ”papai, por favor... volte, eu juro que não farei amais nada, me perdoe, não me deixe por favor” ”papai por favor não me deixe, não me abandone”, após tais palavras Mary a abraçou a acalmando e a confortando até que a criança adormecesse. Após esse episódio Mary passou a cuidar da menina sozinha, ela cresceu rápido como sempre e em pouco tempo, 7 anos após seu nascimento, se tornou adulta, aparentando ter seus no máximo 20 anos, um tempo depois sua Mary acabou pegando uma gripe e falecendo, deixando a menina totalmente sozinha dessa vez, ela não tinha mais razões para ficar alí, então se mudou para Londres e viveu boa parte de sua vida lá, um tempo depois, seu pai entrou em contato através de uma carta, querendo vê-la mas ela o ignorou assim como ele o fez séculos atrás, em uma das cartas ele a alertou sobre os Volturi e a aconselhou a ficar longe, porém ela fez o contrário, não somente para contrariar seu pais mas também queria conhecer a Itália, percorreu por diversas cidades, mas ficou um bom tempo em Milão, já que a moda se centralizava alí e ela amava moda, então após séculos, ela finalmente se mudou para Volterra, tomaria cuidado é claro, mas se encontrava curiosa e foi assim que passou seus últimos anos, se aventurando por lá.

___Estou realmente surpreso, pensei que jamais me contaria sua história ___Alec me responde após alguns minutos e eu finalmente o encaro.
___Não sei porquê mas... confio em você, eu acho.
___Você acha ?
___Sim, eu acho ___eu disse sorrindo.
___Isso já é o bastante, não sou ganancioso ___nós rimos e por fim me levantei esperando que fizesse o mesmo para que fossemos embora
___Posso lhe pedir uma coisa ? ___ele me pergunta com receio em sua voz, algo que era inédito pra mim vindo de Alec Volturi.
___Depende, continue ___estou curiosa, o que ele pediria ?
___Poderia me conceder uma dança ma chérie ?
___Não temos música ___ele estava falando sério ?, dançar ?
___Quem disse que precisa de música para dançar ?, E então ?
___Ok então, é claro que lhe concedo esta dançar querido
Ele sorriu docemente e me estendeu a mão, então nós dançamos ao anoitecer, e em seus braços, com seu olhar doce mas intenso sobre mim que me senti pela primeira vez em muito tempo, em casa.


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⏰ Última atualização: Oct 15, 2023 ⏰

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