Quatro

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Fernando

As coisas no hospital estavam muito corridas. A cada minuto era uma nova emergência, eu precisava tirar umas férias urgentemente, porém não podia.

Pouco eu via meu filho e eu estava fazendo de tudo para conseguir ligar para ele em um horário que ele estivesse em casa, pois Maiara me passou o número de Maraisa caso eu precisasse e fez o mesmo com a irmã, para se caso acontecesse algo, ela teria como entrar em contato comigo. Eu havia esquecido de trocar nossos números e Maiara nos fez esse favor.

— Doutor, a Melina está tendo uma parada cardíaca! - Maiara falou apressada correndo até mim

Melina era uma paciente de 8 anos que tratava de arritmia cardíaca. Os apertos que eu e Maiara já passamos com a pequena garotinha não nem tem como descrever.

— Vamos tentar reanimá-la. Agora! - exclamei nervoso e fomos em direção ao quarto del e no meio do caminho chamei algumas pessoas para ajudar

Ângela e Carlos, que eram os pais de Melina, estavam confiando a vida dela nas minhas mãos. Eu não queria e nem podia desapontá-los.

— Vai Maiara, carrega mais forte! - ordenei ofegante, eu já estava suando de tanta força que eu fazia naquele aparelho contra o peito de Melina

Maiara fez o que pedi e pressionei o aparelho no pequeno corpo três vezes seguidas, vendo o aparelho que media seus batimentos voltar a funcionar. Eu e Maiara respiramos fundo e aliviados, mas logo fui checar para ver se estava tudo bem mesmo.

Após terminar, eu e Maiara saímos do quarto e fomos até a recepção informar à Ângela que estava tudo bem, pois pedimos que os enfermeiros levassem ela para fora na hora do desespero, pois ela podia acabar passando mal.

— Dona Ângela - comecei a falar me aproximando dela

— Como ela está doutor? - perguntou se levantando num pulo com lágrimas nos olhos e intercalando eles entre eu e Maiara

— Agora ela está bem. - sorri fraco - Chequei tudo para ter certeza e até então, tudo em ordem. - afirmei lhe tranquilizando

— E eu posso vê-la? Continuar sendo acompanhante dela. - pediu

— Claro! Te tiramos de lá só para não correr o risco da senhora passar mal. - Maiara respondeu educada

— Ok, então. Muito obrigada! - agradeceu emocionada - Se me derem licença, eu vou indo. - disse pegando sua bolsa

— Tem toda. De hora em hora alguém irá passar por lá para checá-la. - Maiara falou por fim e Ângela apenas assentiu sorrindo fraco

O que essa mulher passa com a filha, eu não desejo para nenhuma mãe.

Eu e Maiara suspiramos cansados e aproveitamos o pouco tempo livre para irmos para a sala de descanso, nem que fosse por no mínimo 30 minutos.

Aproveitei para ligar para o meu filhote. Eu estava morrendo de saudades dele.

Maraisa

Eu estava jogando bola com Antônio, até que o pai dele ligou.

— Adivinha quem é? - perguntei quando a atenção dele foi para o som que meu celular fazia

— Não sei. - falou pensativo

— O papai! - respondi sorrindo e atendi a chamada, logo lhe entregando o celular

— Ebaaa! - exclamou animado enquanto pegava o celular da minha mão - Oi papai! - acenou para o celular

Fernando

Ligação On

— Oi filhão! - sorri largo ao ver sua felicidade por eu ter ligado - Como estão as coisas por aí? - perguntei

— Legal! A tia Isa jogou futebol comigo! - falou empolgado e virou o celular em direção a morena, que sorriu tímida e acenou

Adorável.

Dei um sorriso e acenei de volta.

— Pai, você já sabe quando vem para casa? - perguntou e eu suspirei

— Ainda não, meu amor. Mas espero que em breve. - falei desanimado

— Também espero. - falou triste - Pai, você não vai acreditar, a tia Isa joga muito bem! - falou voltando a animação de antes

— Ah, não é para tanto. - ouço a voz de Maraisa no fundo

— É para tanto sim! Ela fez três gols, pai, você demora muito para conseguir fazer um! - falou e dei risada

— O pai está enferrujado, mas prometo que vou treinar bastante para jogar com você quando eu puder. - falei sorrindo

— E com a tia Isa também, você tem que ver ela jogando! - falou ainda admirado - Vou pedir para ela me dar uns treinos aqui em casa para eu jogar bem na escola. - falou

— Faz isso filho. - falei ainda sorrindo - Agora o papai precisa ir, mas prometo que se eu conseguir, te ligo antes da sua hora de dormir. - falei, hoje finalmente o hospital havia dado uma trégua

— Tá bom! - exclamou animado - Te amo pai, bom trabalho! - falou acenando

— Tchau meu amor, obrigado! Boa diversão. - acenei sorrindo também - O papai te ama muito! Beijo. - me despedi por fim e desliguei

Ligação Off

Olhei para Maiara e ela me encarava com um sorriso no rosto.

— Que sorriso é esse? - perguntei confuso

— Você com seu filho. - falou - Você fica todo bobo rindo pro celular - ela ainda sorria

— O Antônio é o bem mais precioso que eu tenho. - falei sorrindo ao lembrar dele

— Eu sei. - sorriu novamente

Graças a Deus tivemos mais tempo de descanso do que o esperado. Conseguimos ficar praticamente duas horas sem fazer nada.

Continua...

A Babá do meu Filho - MacóOnde histórias criam vida. Descubra agora