CAPÍTULO VI

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ALERTA DE GATILHO: Esse capítulo contém referências à mutilação, se for sensível a esse tópico, por favor, pule de capítulo. Priorize sua saúde mental. Em casos de pensamentos ruins contra a vida ou desabafar, ligue 188 e peça ajuda, você é importante.

"Com um fio de cabelo de uma mulher se prende um elefante." 

(Tio Ali - O Clone)

Quando se dependente de algo ou de alguém é como sempre ter uma adaga perfurando seu coração a cada segundo mais e mais. Quando as frestas de luz invadiram as frestas da cortina, Victoria sutilmente abriu os olhos e apalpou o lado vazio de sua cama, seus dedos encontraram apenas o espaço vazio que deveria ser ocupado por Harry. A Chalmers se sentou devagar e olhou em volta, não havia sinais do então namorado. Seus dedos tremeram sutilmente e a mulher tentou respirar. O telefone de Harry chamava, entretanto, nunca havia uma resposta até cair à caixa postal.

A morena ergueu-se devagar, como se batalhasse contra seu corpo, sentia a sensação corriqueira da ansiedade lhe esbofetear a face sutilmente. Victoria levantou-se enfim, com a pele queimando enquanto continha as lágrimas em seus olhos.

Não havia mais nada a ser dito ou feito, a prima ballerina apenas se ergueu e caminhou com calma até o banheiro no quarto, fixou seus olhos ao seu reflexo, seus dedos deslizaram sutilmente por sua própria face, como se tentasse memorizar quem ela era. Seus lábios carnudos e bem delineados também estavam trêmulos.

— Você precisa viver apenas mais 24 horas e tudo isso irá acabar! Apenas 24 horas.

Disse enfim para si mesma, como se a dor sutilmente a consumisse. Seu peito ia se consumindo em uma espécie peculiar de corte profundo e pouco sutil, mas que ia sendo dilacerado e triturado lentamente. A sensação fora aplacada de uma forma singular enquanto água fervente caia pelo dorso nu. Victoria era Victoria, mas uma minúscula parte de si, parecia inerte a uma areia movediça, e a cada instante mais, era sugada para dentro de um lar escuro e obscuro, e a Chalmers temeu, ainda que pouco, que fosse sua alma que perdeu mais um tom.

A camiseta branca caia-lhe perfeitamente bem, deixando sutilmente um pequeno pedaço do abdome a mostra, nada em demasia, mas suficiente para que mostrasse os tons de pele dela. Aos poucos, Victoria parecia se tornar a mulher empoderada e elegante que era, no instante em que seu casaco fora por cima da camiseta. Em sua bolsa, sapatilhas de balé eram carregadas e seu próprio reflexo a fez sorrir, ainda que forçado. Ninguém tinha culpa pelos problemas dela ou pelos erros que ela outrora havia cometido, então, sendo assim, não poderia, ou melhor dizendo, a garota acreditava que não deveria nunca demonstrar que estava machucada ou se sentindo mal. Quem a entenderia afinal?

— Está se sentindo bem, Vic? - Fora Andy quem falara primeiramente, seus olhos castanhos fitaram a morena longamente, apesar de Victoria demonstrar estar bem, na visão da Santini, havia algo de tristonho em seu olhar. — Dormiu mal?

— Estou apenas cansada. Dormi tarde e o fuso horário ainda é um pouco confuso para meu organismo. - Victoria suspirou e se sentou devagar enquanto servia para si mesma chá. — Viu Harry hoje pela manhã?

— Não... Vic, eu sei que Harry não é lá o amor da minha vida, e tudo bem que se foda ele, mas por que você parece tão triste? E, por favor, se for contar a história do patinho feio, prefiro que fique calada.

— Ele apenas saiu, não me avisou nada. Estou preocupada e como sabe, ainda estou ansiosa para esse trabalho, pensei em algumas coreografias que acredito que ficarão legais e...

— Eu sei, você será uma excelente coreógrafa, não sofra com tanta antecedência, Vic. - Andy interrompeu. Sabia que ela estava a falar disparadamente para poder esquivar da pergunta base e Andy também percebeu: Harry havia feito novamente. — Vai para o prédio comigo?

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⏰ Última atualização: Oct 18, 2023 ⏰

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