Capítulo 2

65 17 129
                                    

Fico imóvel, ainda no mesmo lugar, após o acontecido. Até que sinto uma mão no meu ombro. "Esse filho da puta voltou mesmo?", penso, virando-me e abrindo a boca para falar.

— Você não vai me come... — tomo um susto ao perceber que é o Nate e não o homem que dançou comigo.

— Você tá doida? — ele responde frio. Puta que pariu, me ferrei legal.

— Era só uma piada, rs — respondo.

— Hm, preciso falar com você. Vem comigo. — ele diz, me puxando. A gente segue por um corredor e ele começa a falar.

— Não quero que você se aproxime do Edward nunca mais, entendeu?

— Ah, então o nome dele é esse.

— Não importa. Presta atenção no que estou dizendo. Não chega mais perto dele. Ele não é uma boa companhia para você.

— Se é pelo fato dele ser mais velho, eu sei me cuidar. Além disso, você não pode me dizer o que fazer. Você não é ninguém além de irmão da Alice.

— Summer, dane-se o que você está falando. Só estou te avisando. Não é sobre idade. O buraco é mais embaixo. Tome cuidado.

Antes que eu pudesse responder, alguém interrompe nossa conversa.

— O que aconteceu? — Alice responde.

— Seu irmão ficou doido — falo e Nate nem espera ninguém falar mais nada e apensas sai dali.

— Ele nasceu doido, relaxa —Ela brinca e dou risada junto com ela.

— Aliás você não vai cantar parabéns? to doida para comer o bolo.

— Você sempre com fome né.

— E você sempre sem.

— Pode ir lá comer, tá todo mundo bebendo acho que ninguém vai parar para cantar parabéns e também não estou com vontade de doce agora.

— Sério mesmo? Queria ser igual você, se eu não como doce eu morro.

— Come la, eu escolhi seu sabor favorito de ninho com morango. — Alice fala rindo.

— Te amo — falo dando um beijo no rosto dela e indo atrás do bolo.

———————

Passaram semanas desde o que aconteceu. Nate tem tentado me ignorar ao máximo, mesmo estando sempre perto por causa de Alice. Até hoje, não consegui contar a ela sobre minha dança com o homem misterioso, e não consigo deixar de pensar nele todos os dias.

— Summer, o pessoal vai sair hoje depois da escola. Vamos também? Depois você termina de ler — ela fala enquanto puxa o livro da minha mão.

- Pode ser.

Saí do carro e vi todos os amigos de Alice, que pareciam precisar de um pouco mais de sol, parecia todo mundo anêmico.

— Oi, oi. —cumprimentei o namorado de Alice. Para mim, ele sempre foi o mais estranho de todos ali.

— Oi, Summer. — ele respondeu, antes de abraçar Alice.

— Não acredito que você trouxe ela, é perigoso. — ouvi a voz de Nate de longe, reconhecendo-a imediatamente.

— Estou bem aqui. — falo vendo Nate me ignorar.

— Me responde, Alice. — disse Nate.

— Calma, você está se precipitando. —respondeu Alice.

—- Por favor, dá para pararem de me ignorar? Se quiserem, eu volto para casa. — desabafei.

— Tá bom, pode ir. — retrucou Nate.

— O quê? Falei só por falar. — Respondo com raiva.

— Parem de brigar, por favor. Viemos aqui para nos divertir. — Alice fala.

Fico quieta e começo a reparar ao meu redor, vários carros de luxo, e agora entendo o porque deles falarem sobre perigo.

Eles vão fazer um racha.

- Cheiro de humana. - Uma loira para do nosso lado.

- O que seria cheiro de humana? - Pergunto.

- Nada não, meu amor. Enfim, está todo mundo em dupla, a competição vai começar - disse a moça.

- Summer, você pode ir com o Nate? — Alice perguntou.

— Não. — respondemos eu e ele simultaneamente.

— Por favor, você sabe que tem que protegê-la.— insistiu Alice.

— Não era nem pra ela ter vindo. — resmungou Nate. O cara é atraente, mas tão chato às vezes.

— Mas tudo bem, meu carro é aquele — apontou ele para uma McLaren 720S preta.

Ele entrou e gesticulou para que eu entrasse e me sentasse ao lado dele. Fiz isso, e não pude deixar de sentir uma certa empolgação ao entrar naquele carro.

— Você ainda pode desistir, consigo ouvir seu coração daqui. — ele respondeu.

— Nunca. — respondi firmemente.

O motor ronronava com uma suavidade ameaçadora enquanto Nate manobrava a McLaren preta até a linha de largada. Ao meu lado, eu me sentia nervosa e excitada ao mesmo tempo, sem saber exatamente o que esperar desse racha clandestino. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons de laranja e rosa, contrastando com a atmosfera tensa que pairava entre nós.

Alice e Jasper estavam no carro ao lado, prontos para competir. A adrenalina era palpável, mesmo para alguém como eu, que até poucos momentos atrás não fazia ideia do que estava prestes a acontecer.

— Summer, segura firme. —Nate disse com seriedade, seus olhos fixos na pista à frente. — Isso vai ser rápido.

Engoli em seco e assenti, preparando-me para o que viria a seguir. Minha mente girava com perguntas não respondidas sobre o que diabos estava acontecendo. Por que eles estavam participando de um racha? E por que parecia tão natural para eles?

O sinal foi dado, e os motores rugiram em uníssono, lançando-nos à frente com uma aceleração que me fez afundar no banco esportivo. O vento chicoteava meu cabelo enquanto atravessávamos a cidade em uma velocidade vertiginosa.

Alice e Jasper estavam à frente, seus carros deslizando pela rua iluminada pelos postes, cada um determinado a vencer. Nate estava focado, os músculos tensos enquanto ele guiava a McLaren com destreza impressionante, cada curva e reta passando rapidamente sob nós.

Eu me segurava no assento, tentando processar tudo o que estava acontecendo. A adrenalina me dominava, mas ao mesmo tempo, um medo que quase me caguei estava crescente e se misturava à excitação. Não entendia como Nate e os outros podiam lidar com essa velocidade e perigo com tanta calma.

Conforme nos aproximávamos da linha de chegada, o coração batendo descompassado no peito, Nate pressionou um pouco mais o acelerador. A McLaren ganhou terreno rapidamente, mas Alice e Jasper mantinham uma vantagem mínima.

Então, num piscar de olhos, cruzamos a linha final. O som dos motores diminuiu gradualmente até se transformar em um zumbido suave enquanto nos afastávamos do local do racha.

Nate soltou um suspiro de alívio misturado com triunfo. Ele olhou para mim com um sorriso que, mesmo na escuridão, era perceptível. -Você se saiu bem- ele disse, sua voz suave contrastando com a intensidade do momento, isso foi a coisa mais gentil que ele disse a semanas.

Eu estava sem palavras. A adrenalina ainda pulsava em minhas veias, a realidade do que acabáramos de fazer começava a se infiltrar em minha mente atordoada.

— O que exatamente acabamos de fazer? —perguntei finalmente, com minha voz soando fraca aos meus próprios ouvidos.

Além do comumOnde histórias criam vida. Descubra agora