Capitulo 4 - Matheus

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- Cara não precisava ter falado assim com ela – Fala Lucca quando sua prima se retira
- Foi mal, eu não pensei direito, e você sabe que eu não gosto de falar sobre meus pais
- Eu sei, mas a Aria não tinha obrigação de saber – Recrimina meu amigo
- Pois é, quer que eu me desculpe com ela? – Pergunto para não ficarmos de mal
- Não, prefiro que ela te odeie
- Idiota – Respondo com humor
- Só não seja mais grosso com ela, ou eu vou te bater
- Compreendido chefe!
Quando acabamos o preparo do almoço nos encaminhamos à sala de jantar, onde encontramos uma mesa posta digna de um restaurante
- Uau, você sabe que era só um almoço de domingo né? Agora tô achando nosso almoço simples demais – diz Lucca fingindo tristeza
- Claro que não, tenho certeza que o almoço que prepararam vai estar uma delícia
Nos sentamos e depois de alguns minutos de silêncio Lucca inicia uma conversa
- Então, ansiosa para a faculdade?
- Muito, apesar de não saber muito bem como vai ser tô ansiosa por fazer algo que goste muito
- O tio e a tia reagiram bem à você não escolher o direito? – Nesse momento vejo Aria retesar, bem, parece que a família perfeita não é tão perfeita assim
- No início eles ficaram tristes por eu ser a única filha a não seguir seus passos. Mas depois eles me ajudaram com tudo e ficaram felizes por eu estar feliz – Duvido muito
- A faculdade é uma experiência incrível, apesar dos trabalhos e carga horária puxada é a melhor época da sua vida – diz Lucca com sua vasta experiência em noitadas e apresentar trabalhos de ressaca
- Definitivamente foi a melhor fase da vida do Lucca – digo rindo e a menina entende o porque e começa a rir também
- Estou ansiosa pelas festas também – Diz Aria, e eu pagaria para ver a cara do meu amigo mais uma vez
- Aria querida, esse tipo de festa não é pra você. Acredite em mim é melhor ficar em casa
- Então quer dizer que você pode inclusive ter uma casa noturna, mas eu não posso ir em uma festa universitária – Fala Aria, mais para incomodar o primo
- Já que é do seu interesse, próximo sábado vai ter a recepção dos calouros na Queen, se quiser ir, te consigo um camarote – Falo apenas para sentir o olhar mortal de Lucca sobre mim ao me ouvir falar sobre nossa boate
- Seu idiota, ela não vai nesse tipo de festa – Meu amigo fala já estourado
- Com todo o respeito primo, mas eu vou sim. Todos vão nesse tipo de festa – A garota fala espantando à nós dois. Definitivamente ela não é uma nerd
- Cadê a adolescente que ia dormir cedo e não gostava de festas? – Diz Lucca fazendo drama para ela
- Ficou na adolescência – Responde ela com humor
- Você é um filho da puta Matheus, tinha que falar sobre festas não tinha? Deveria ter te deixado na rua antes de buscar a Aria – Ele brada com raiva
- Isso também é uma curiosidade, não que não goste da sua companhia mas porque está almoçando com a gente?
Antes que eu possa responder o questionamento Lucca me interrompe
- Porque ele bebeu até cair ontem e não se lembra se transou ou não com a sua funcionária e não era homem o suficiente para ficar no apartamento e conversar com ela – Fala tudo de uma vez me deixando de certa maneira envergonhado
- Humm – é tudo que sai pela sua boca
Eu prefiro me manter calado, conheço Lucca, ele algumas vezes fala mais do que o necessário e não vou causar uma briga por causa disso
Depois do almoço me despeço e vou embora desejando um bom começo de aulas para Aria e desejando que o universo seja bondoso e Deborah não esteja mais no meu apartamento
Porém quando chego lá quase me arrependo e peço que ela volte para cá. Encontro minha mãe do lado de fora esperando nada paciente com seus saltos da Dior e vestido perfeitamente alinhados. É estranho pensar que nunca vi ela com roupas casuais ou com um calçado que não sejam seus saltos altíssimos e finos, como se ela pudesse furar a jugular das pessoas que a contrariarem com eles
Para minha infelicidade ela me vê antes que eu tenha a oportunidade de correr para dentro do elevador e ir para qualquer outro lugar. Não me julguem, não sou um fracote que não consegue encarar a própria mãe, mas já tive inconvenientes demais para lidar pelo dia de hoje, talvez até para a semana
- Matheus meu querido, onde estava e porque está vestido desse jeito? – Ela pergunta casualmente como se nos víssemos toda a semana e ela fosse uma mãe exemplar
- Estava almoçando com Lucca e sua prima – omito a parte de que estava fugindo de Deborah por motivos óbvios
- Hum – Ela diz com insignificância – Não vai abrir a porta para que sua mãe entre? – Pergunta com uma sutileza forçada
- Claro, se me der licença para acessar a porta – Claro que ela nota o tom de deboche mas não comenta
Entramos e ela rapidamente começa a reparar na sala, que para um infortuno do destino tem um bilhete de Deborah em cima do aparador próximo ao sofá. E obviamente não respeitando minha privacidade ela começa a lê-lo em voz alta
"Não entendi porque me tratou daquele jeito de manhã, espero que possa dar uma chance para nós. Beijos, sua Deborah"
- Oh, isso é no mínimo interessante, essa Deborah, por acaso é aquela sua funcionária que vive de olho em você?
Mas que porra será que só eu não percebi as investidas dela?
- Sim mãe, mas nós não estamos juntos, não é nada do que você está pensando
- Não mesmo? Porque eu estou pensando que você transou com alguém inferior a você e agora vai ter de lidar com uma qualquer tentando dar o golpe da barriga na nossa fortuna
Me seguro para não responder que ela sabe e muito bem disso porque foi o que fez com meu pai mas apenas respondo
- Nós passamos a noite juntos, mas já deixei claro que não planejo um relacionamento
- É bom que deixe bem claro, fofocas podem fazer os clientes irem embora
- Você veio até aqui por algum outro motivo além de investigar minha vida particular? – Pergunto logo pois já estou cansado desses questionamentos
- Vim, vai acontecer o leilão de caridade da família Moreira e vim me certificar que você irá comparecer, dar uma pequena fortuna por algo inútil e fazer bons contatos lá dentro
Sinceramente já tinha até esquecido desse baile, queria muito recusar, odeio esse tipo de formalidade mas os Moreiras são bons clientes que nos dão muito dinheiro por ano, vou precisar ir nessa janta
- Eu vou Ângela, mas não pense que foi porque me pediu, eu sou amigo dos Moreira e é por isso que estou indo
- Ah claro, só falta falar que vai pela causa das crianças pobres que serão beneficiadas – Ela fala rindo com o todo o ódio que tem no coração
- Bom, se era só isso, até mais. Preciso descançar para a semana
- Claro, adeus – Fala se despedindo mas antes chega em meu ouvido e fala - Resolva logo esse problema com Déborah antes que eu mesma tenha que resolver do meu jeito

O melhor amigo do meu primo Onde histórias criam vida. Descubra agora