II

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"A opulência disfarça a podridão. O sorriso esconde a avareza do monstro, mas os olhos tudo revelam"

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...5 anos depois...

Era um trabalho árduo não tropeçar nas próprias vestes. Depois que uma serva o vestiu com as roupas que La Signora escolheu, ele escapou por debaixo das pernas dela e correu para tentar encontrar os
Mensageiros.

    Kaeya Alberich ajeitava seu tapa singelo olho enquanto corria, havia ganhado alguns de Pierro e um bem extravagante de Signora. Virando no corredor, se viu no topo da longa escadaria e focou sua atenção nos quatro Mensageiros Fatui, em particular no menor deles com um chapéu de guarda-chuva. Ele subiu no corrimão, tomando fôlego para gritar e chamar atenção. Cair era mais rápido que descer, e eles teriam que dar a vida para pega-lo de todo jeito, então, porque não?

Com um sorriso maroto e língua para fora, ele calculou seu pulo.

"KUN-AAAH...!" Surpreendeu-se ao ser agarrado no ar. Ele ficou pendurado nas mãos firmes de seja lá quem por alguns segundos. Piscando uma, duas, três vezes, e balançou os pezinhos procurando o chão.

    Foi quando uma risada inconfundível que o fez gelar a espinha e se encolher quando o homem o puxou para perto.

    O cabelo mentolado estava penteado para trás, a máscara polida, e o caimento das vestes lembravam as roupas tradicionais de Sumero. O pequeno príncipe sentia um perfume cítrico peculiar que falhava em esconder o cheiro de sangue impregnado no médico.

    "Que arteiro, estava tentando colocar a culpa em nós?"

    Kaeya fazia uma carranca feia para ele, como um cachorrinho rosnando, mas para sua sorte, um grito estridente rompeu o ar:

    "QUE MERDA ESTÁ FAZENDO DOTTORE?!" Scaramouche subia a escada bufando e batendo os pés.

"Está sendo rude, ele ia pular de propósito. Estão mimando demais ele, daqui a pouco ficará insuportável"

"Desde que não fique como você" ironizou, mas encarou Kaeya com reprovação.

   "Eu não fiz nada demais"

   "Ah claro" o tom arrogante e o sarcasmo envolviam cada sílaba. Não era que ele não acreditava, era que não queria concordar com Dottore mesmo.

"Pergunte a ele então" o médico deu de ombros.

Encurralado, Kaeya fez a melhor careta que pôde, enrugou o rosto, se inclinando para a marionete esticando os braços:

"Kuni..." choramingou, os olhinhos marejados.

A marionete revirou os olhos, tomou-o dos braços de Dottore e com um nariz empinado, desceu as escadarias novamente. O pequeno príncipe apoiou-se em seu ombro e, afundando um dos dedos em uma bochecha, deu a língua para o médico.

O mesmo deixou espaçar um riso pela hipocrisia e o seguiu pela escadaria.

    Kaeya abraçava o pescoço da marionete enquanto ele trocava animosidades com o Segundo dos Fatui. Era confortável estar ali, aconchegado. Scaramouche também estava bem vestido, seguindo uma mistura entre os tecidos quentes e volumosas de Snezhnaya e os cortes tradicionais de Inazuma. O pequeno não sabia muito sobre o passado de seus cuidadores, ele gostaria de crescer rápido, talvez quando fosse mais velho eles contariam mais coisas.

Innamorati, O 12ºOnde histórias criam vida. Descubra agora