Capítulo Três - Limbo

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Chequei a minha aparência no espelho. Razoável.

Fui até o meu armário e peguei uma mochila, onde enfiei uma muda de roupas — que eu guardava com carinho para um certo alguém e um par de sapatos.

— Vamos comer um Big Mac! Vou querer fritas grandes, torta de maçã e um sundae de chocolate depois — eu fui até Jisung e apontei para ele. — E você vai pagar tudo.

— Isso significa que você vai me perdoar?

— Eu vou te dar uma oportunidade de conquistar o meu perdão.

Jisung abriu um largo sorriso e agarrou a minha cintura, juntando os nossos lábios em um selinho terno.

— Vamos — eu me dirigi à janela e averiguei bem os vizinhos e aqueles que poderiam noticiar a saída do Homem Aranha de dentro do quarto do humilde Lee Minho, um nerd aspirante a engenheiro da tecnologia da informação.

Não que eu fosse medíocre no assunto, tenho habilidades notáveis e bem melhores até do que as de um certo super-herói metido.

Ele pulou sobre o parapeito e me estendeu a mão. Enlacei o seu pescoço com força e senti a firmeza de seu aperto em minha cintura. No início eu me sentia estranho por estar nos braços dele, mas nada podia ser feito, ele de fato era bem mais forte do que eu, além de todo aquele lance de super-herói que escala paredes e faz acrobacias no ar. 

Thwip*!

Mirando do prédio a frente, lançou uma teia e nos puxou naquela direção. A sensação de estar praticamente voando era assustadora.

A brisa revigorante que não tive naquela manhã sacudiu os meus cabelos, o ar puro que faltava na cidade adentrava bruscamente os meus pulmões, e a trilha sonora do assobio do vento acelerado invadiu minhas orelhas.

Minhas mãos se agarravam mais e mais em Jisung. O medo que me tomava aos poucos foi desabrochando e meus olhos que estavam apertados, começaram a se abrir. Quando eles finalmente estavam abertos, me arrependi amargamente de os ter deixado fechados antes.

A visão era de tirar o fôlego.

Os prédios tão altos agora pareciam pequenos, o céu límpido e constelado era fascinante. Nas primeiras vezes em que Han me transportou por aí, me tremi por inteiro, fiquei enjoado e quase desmaiei, mas aos poucos se tornou tolerável, agradável e até divertido.

Naquele momento, enquanto pulávamos de prédio em prédio na escuridão do luar, eu me sentia livre. Balançar em suas teias era como voar como um pássaro, libertador e utopista.

A lua parecia mais próxima, quase palpável. As luzes da cidade brilhavam como nunca, era hipnotizante o modo como a paisagem urbana era deslumbrante daquele ângulo.

Nos braços daquele homem, eu me sentia como um super-herói, o único capaz de ter o Homem Aranha de joelhos.

Pousamos em um beco próximo da lanchonete. Abri minha mochila e a estendi para que Jisung pegasse as roupas e se trocasse. Por baixo do collant justo, ele vestia apenas uma cueca e meias — segundo ele, os seus pés ficavam muito frios. Ele se vestiu e guardou o uniforme.

Fizemos o nosso pedido, e quando ficou pronto, ele me impediu de comer ali mesmo.

— Me dê o meu traje.

— O quê? Vamos comer. Vai esfriar.

— Não aqui — insistiu, me estendendo a mão e exigindo a mochila.

Quase que em um passo de mágica estava novamente vestido e mascarado, e a minha muda de roupas junto dos nossos lanches estava dentro da mochila, nas minhas costas.

Spider-Han | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora