! Avisos de Gatilho !
Este capítulo contém gatilhos dos seguintes assuntos: suicídio, alcoolismo.
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No fundo da minha mente
Eu te matei
E eu nem me arrependo
Não acredito que disse isso
Mas é verdadeEu te odeio
— Romantic Homicide, d4vd
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— O número discado encontra-se indisponível; tente novamente mais tarde, ou deixe o seu recado. — Ouvi a voz robótica, expressando afundando sufocando minhas palavras em uma areia movediça de ira, deixando as adagas presas e entaladas na garganta. Já era a vigésima vez. A vigésima ligação. A vigésima m̶a̶l̶d̶i̶t̶a̶ vez que eu escutava aquela voz assustadora tentando me d̶i̶z̶e̶r̶ q̶u̶e̶ e̶l̶e̶ j̶a̶m̶a̶i̶s̶ m̶e̶ a̶t̶e̶n̶d̶e̶r̶i̶a̶ e̶ q̶u̶e̶ j̶o̶g̶a̶r̶-̶m̶e̶-̶i̶a̶ d̶e̶s̶s̶e̶ l̶u̶g̶a̶r̶ e̶c̶o̶n̶o̶m̶i̶z̶a̶r̶i̶a̶ m̶a̶i̶s̶ t̶e̶m̶p̶o̶ confortar. Não precisava de tanto esforço para entender que não era de tamanha importância a quantidade de ligações; a quantidade de vezes em que eu m̶e̶ a̶j̶o̶e̶l̶h̶a̶s̶s̶e̶ d̶i̶a̶n̶t̶e̶ a̶o̶s̶ s̶e̶u̶s̶ p̶é̶s̶ e̶ o̶s̶ l̶a̶v̶a̶s̶s̶e̶m̶ implorasse e̶l̶e̶ n̶ã̶o̶ m̶e̶ c̶h̶a̶m̶a̶r̶i̶a̶ d̶e̶ v̶o̶l̶t̶a̶, a sua vontade e o seu ego aumentava aumentava e aumentava; com cada voz d̶e̶m̶o̶n̶i̶a̶c̶a̶ q̶u̶e̶ f̶a̶z̶i̶a̶ m̶e̶u̶ o̶r̶g̶ã̶o̶ c̶a̶r̶d̶i̶a̶c̶o̶ m̶o̶r̶r̶e̶r̶ r̶e̶p̶e̶t̶i̶d̶a̶m̶e̶n̶t̶e̶ atrás das linhas telefônicas.
N̶a̶o̶ Atenda atenda atenda. N̶ã̶o̶ Atenda a porra do celular.
Discar o número novamente era previsível, mas por que fazia o meu coração praticamente implorar para saltar da minha boca? Por que eu sempre sentia pulsações irregulares em todas as vinte vezes, quando essa ação deveria ser considerada simples? Por que algo simples, como atender às ligações, o deixava tão bravo? Pessoas são tão estranhas, e aquelas que preferem continuar agindo dessa forma me davam frio na espinha.
As batidas dentro de mim irropiam, me deixando tonto e surdo. Eram 1 4 3 2 batidas cardíacas. E eu morria em cada uma delas.
Os pulmões recusavam qualquer tentativa de receber oxigênio. Meus neurônios embaralhados eram para-choques que traziam o barulho do trovão diretamente aos tímpanos.
Eu tremia e tremia e tremia. Eu era a personificação de um cachorro sem o seu dono.
Meu dedo anelar — trêmulo —, como se estivesse empregado, apertou o botão de ligar novamente. Olhei para cima no mesmo milésimo de segundos. Fechei os olhos e os apertei com força suficiente para senti-los escapar da córnea que os prendia. Enxerguei incontáveis pontos naquele túnel escuro.
Vigésima primeira, e última.
20 andares. 100 metros de altura.
Na cobertura desse mesmo prédio eu implorava ao homem — que destruiu e arruinou a minha vida — aceitar os meus perdões e mililitros de inocência que me restava. M̶e̶ p̶e̶r̶d̶o̶a̶r̶ p̶o̶r̶ q̶u̶a̶l̶ m̶o̶t̶i̶v̶o̶?̶
— Por favor, n̶a̶o atenda — murmurei, na rouquidão da vasta solitude obscura daquele local. Que, embora existissem as luzes da cidade abaixo dos meus pés, nada traria luz suficiente para clarear um coração desolado e em pedaço dos quais eu sentia aprofundar em meus órgãos. A minha voz imitava a névoa cinzenta que cercava o corpo importuno; estava distante, tanto que eu sequer a ouvia. E eu a via desvanecer ao ar e ser esquecida por aqueles arredores.
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Relembre-me no Outono (Livro 1 da Duologia)
Misterio / Suspenso"Q̶u̶e̶r̶i̶a̶ r̶e̶e̶n̶c̶o̶n̶t̶r̶á̶-̶l̶o̶. Eu a̶d̶o̶r̶a̶r̶i̶a̶ odiaria revê-lo." Aiden Allen Romanov é o dono das características frias, que podera ser confundido até mesmo com um "sociopata" o̶u̶ a̶b̶e̶r̶r̶a̶ç̶ã̶o̶. Ter o vocabulário de sentimentos...