Capítulo 4

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E eu posso ir aonde eu quiser

A qualquer lugar que eu quiser, menos para casa

Você pode ir atrás de mim, buscar por vingança, mas você ainda assim sentiria minha falta profundamente

Você teve que me matar, mas isso te matou da mesma forma

Xingando meu nome, desejando que eu tivesse ficado

Você se transformou em seus piores medos

my tears ricochet - Taylor Swift

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Sentimentos eram tão estranhos, eu não conseguia entendê-los e nomeá-los. Eles se juntavam e se acomodavam e ficavam quietos ao meu peito, como se não soubessem o local onde estavam. Como se agissem de forma mecânica. Quando eu era mais novo, eles eram mais agitados, mais libertos, porém não era todo mundo que tolerava isso, visto que se tornaram inúteis; não tinha condições de fazer o meu serviço com eles me atrapalhando. E, com o passar do tempo, foram se acostumando, uma vez que não podiam ir embora totalmente. Desde então, nunca consegui saber qual emoção eu estava sentindo em determinado momento e o porquê dela estar me consumindo. Eu podia senti-los, mas não os tocar e aperfeiçoá-los. Eram somente um amontoado de algo que geralmente eu não sabia explicar. Eram prenúncios que me arrastavam do perigo, que abria um nó na garganta, que extrapolava meu órgão cardíaco. Mas nunca me ensinaram o que era isso. São coisas que não valem a pena você perder tempo, era o que diziam, só atrapalhará sua vida. Então por que eu estava ansiando entender? 

  Dia 2 de Novembro seria homenagem ao quê? Por que pessoas mortas continuavam sendo atormentadas pelas vivas mesmo depois de finalmente se esvanecerem dessa terra miserável? Se finalmente sumiram, sem remorsos do que podera acontecer, não mereciam uma data especialmente para eles. Se meu pai sabia o risco que ele corria, por que se permitiu a morte? Por que não lutou para sobreviver e desafiou as próprias batidas do seu coração?

  Por que as pessoas se tornavam tão fracas diante a morte se estamos destinados a isso desde que nascemos? Passamos a vida toda sendo corajosos, sendo orgulhosos ao bater no próprio peito para dizer que, porventura, ocorresse da possível exaustão eterna, nós a desafiaríamos e não deixaríamos que ela nos pegasse. Correríamos mais do que seus passos. Mas a verdade era que, se fossemos eternos, o ser humano ainda seria egoísta e desejaria que seus últimos suspiros fossem escutados. Não conseguia enxergar um mundo feliz com pessoas vivendo mais de 100 anos. Também não conseguia imaginá-los felizes quando faleciam. Só a ansiamos quando a queremos. Quando ela nos pega desprevenidos, passa a ser vil. Até mesmo a própria morte merecia fazer nossas vontades e lidar com o egoísmo.

  A minha vida inteira era composta por mortes. 

  Minha vida era rodeada por pesadelos. Caveiras me observando, dedos minuciosos que insistiam em querer me arrastar. Detalhes que me faziam lembrar que não estava sozinho, que seus olhos me observavam em cada passo da minha vida. Pesadelos eram enchentes de coisas escondidas e reprimidas, trazia a água até o nariz para lembrar da sensação de afogamento que você não falecera, deixava seu pulmão queimando novamente; trazia o arrependimento de não ter entregado a vida ao mar quando ele implorara. Pesadelos eram reflexos do âmago.

  Meus pensamentos se oscilavam em questionamentos desde 3h da manhã. Eu esperava uma ligação nunca atendida, nunca vista, nunca notada. Quebrei a promessa que fiz, quebrei correntes pesadas para receber a tão esperada falsa importância que poderia existir naquela mulher. Ela não lembra de mim, era o que eu pensava. Eu te odeio e desejo que você morra todos os dias, eram seus supostos pensamentos. Eu sabia de muitas coisas após minha deixa, e uma delas era que mamãe agradeceu eternamente pelo monstro sociopata que ela teve havia 19 anos ter ido embora, para longe dela. Segundo ela, era deprimente olhar para mim e não encontrar emoção alguma presente em meu semblante.

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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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