Stay With Me | Minsung

𝅄 ׁ ˳Foreword 𝅄 ׁ ˳

Na Coreia, o inverno costuma ser uma estação que passa quase despercebida para muitos. As ruas, antes movimentadas e cheias de vida, se esvaziam lentamente à medida que o frio se instala. As pessoas preferem o aconchego do lar, com as janelas embaçadas pelo calor de dentro contrastando com a paisagem gelada do lado de fora. Famílias se reúnem ao redor de uma refeição quente, e o som da televisão se mistura ao estalo suave da lenha queimando nas lareiras. Do lado de fora, tudo se silencia, exceto o ocasional farfalhar dos ventos frios que correm pelas ruas desertas.

Para muitos, o inverno é apenas isso - uma estação de refúgio, uma pausa antes que o verde da primavera tome conta de tudo novamente. Mas para mim, o inverno sempre teve um significado mais profundo. Cada floco de neve, cada brisa gélida traz de volta memórias que aquecem o coração de uma forma que o frio nunca poderia congelar. É nessa estação que as lembranças de um tempo distante, de um amor inocente e de uma amizade inquebrável, se tornam mais vivas.

Lembro-me com clareza de um inverno específico, quando o mundo ao meu redor parecia girar em torno de uma única pessoa: Han Jisung, ou como eu o chamava carinhosamente, Hana. Seus olhos brilhantes e seu sorriso travesso iluminavam até os dias mais cinzentos. Naquele inverno, estávamos imersos em uma guerra de bolas de neve, rindo como se o frio não pudesse nos tocar.

── Anda, Minho! Você vai ter que se esforçar mais se quiser ganhar de mim! ── Ele gritava, suas bochechas coradas pelo frio, enquanto se movia com agilidade entre os montes de neve, seu corpo pequeno envolto em tantas camadas de roupa que ele parecia mais um pinguim desajeitado do que uma criança de verdade.

Eu ria sem parar, jogando mais uma bola de neve em sua direção. Mas no fundo, não era a brincadeira que me fazia rir; era a presença de Hana. Ele sempre tinha esse efeito em mim, me fazendo esquecer de tudo, exceto o quanto eu amava estar ao seu lado. O frio, que fazia os outros buscarem refúgio em suas casas, parecia não existir quando estávamos juntos. A neve, que para muitos era apenas uma camada branca e gélida, para nós era o palco de nossas aventuras.

Em meio à nossa brincadeira, uma percepção começou a se formar em mim, uma compreensão que, na época, eu ainda não conseguia nomear corretamente. O sentimento que eu tinha por Hana era diferente, especial. Não era apenas a amizade inocente de duas crianças que cresciam juntas. Era algo mais profundo, algo que eu ainda não sabia como entender. Mas, aos poucos, comecei a perceber que o que eu sentia por ele era diferente de tudo o que eu conhecia. Era um amor que ia além da simples amizade.

Quando finalmente caímos na neve, exaustos e ofegantes, o céu começava a se tingir de laranja com o pôr do sol. Ríamos sem motivo, apenas aproveitando o momento, até que Hana, em um impulso típico dele, pulou sobre mim e começou a me fazer cócegas. Eu ria tanto que quase não conseguia respirar, e em meio a todo aquele riso, uma verdade silenciosa crescia em meu peito.

Nós éramos apenas crianças, mas eu já sabia que meu amor por Hana era diferente. Naquela época, eu não entendia as complexidades do que significava gostar de alguém do mesmo sexo. Para mim, o amor não tinha barreiras ou definições; era apenas amor. E o que eu sentia por Hana era tão puro e natural que, por mais que eu não soubesse nomeá-lo, sabia que era algo bonito.

Lembro-me claramente de um momento específico. Deitados lado a lado na neve, nossas respirações criando nuvens de vapor no ar frio, Hana virou-se para mim e disse com um sorriso suave:

── Promete que, mesmo que enfrentemos dias difíceis, sempre seremos melhores amigos? ── Ele perguntou com a doçura e a sinceridade que só uma criança poderia ter. ── Amigos para sempre, Minho. Você promete?

Hesitei por um momento. Não por não querer fazer a promessa, mas porque algo dentro de mim sabia que meus sentimentos por ele iam além da simples amizade que ele imaginava. Mesmo assim, incapaz de expressar o que realmente sentia, eu sorri de volta e, com um nó na garganta, prometi.

── Eu prometo, Hana. Para sempre.

Mas, à medida que os anos passaram, percebi que essa promessa era uma que eu não poderia cumprir. Porque o que eu sentia por Hana não era algo que pudesse ser contido na moldura de uma amizade. O amor que crescia em mim era tão grande e intenso que, eventualmente, tornou-se insuportável mantê-lo escondido. E com isso veio o medo - o medo de arruinar o que tínhamos, de perder Hana por causa de meus sentimentos.

A culpa por não poder ser para Hana o que ele era para mim me corroía por dentro. Ele sempre esteve lá para mim, sempre foi o meu porto seguro, aquele que cuidava de mim quando ninguém mais o fazia. Eu sabia que ele enfrentava seus próprios demônios, que sua vida em casa não era fácil, e me odiava por não conseguir ajudá-lo da maneira que ele sempre me ajudava. Mesmo assim, Hana nunca parecia se importar. Ele sorria, e aquele sorriso tinha o poder de afastar qualquer escuridão que tentasse se aproximar de nós.

E naquele inverno, enquanto nossos dedos se entrelaçavam na neve e o sol se punha, eu soube que, não importa o quanto tentasse, nunca seria capaz de ver Hana apenas como um amigo. Meu amor por ele transcendeu a amizade, e o simples ato de estar ao seu lado, mesmo na inocência da infância, me fez perceber que o inverno, para mim, sempre seria a estação em que os sentimentos mais profundos floresciam.

E embora eu tenha feito a promessa, sabia, no fundo do meu coração, que meu amor por Hana jamais poderia ser confinado a meras palavras.

O que acharam?

Esta é a minha primeira fanfic sobre Minsung, e eu estou muito animada por finalmente compartilhá-la com vocês. Eu espero que vocês possam mostrar todo o carinho e amor que vocês têm por esta história. A cada capítulo, a cada linha, eu coloquei muito de mim mesma, e seria incrível ver o apoio de todos vocês.

Não me abandonem. Desta vez, estou determinada a seguir em frente e não desistir da escrita. Recentemente, passei por um momento difícil e estive em tratamento com psicólogos. Foi um período desafiador, mas estou começando a ver sinais de melhora e voltando gradualmente às atividades que amo. A escrita sempre foi uma paixão para mim, e estou feliz por estar retornando a ela com renovada energia e dedicação.

Agradeço imensamente a cada um de vocês por fazerem parte deste processo. Seus comentários, palavras de encorajamento e apoio significam o mundo para mim.

Beijos da Rose e até a próxima!

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