Prólogo - Síndrome

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22 de setembro de 2021. 17:30 p.m.

"Filha, como você está?", chamou uma voz feminina enquanto bate diversas vezes na porta. "Já tomou seu remédio?"

Não há resposta de dentro do quarto e após chamar mais algumas vezes, a mulher desiste minutos depois e se retira após deixar alguma mensagem de que está preocupada.

Dentro do quarto mal iluminado de móveis brancos e bagunçados, uma pilha de exames médicos, diversos comprimidos e frascos de remédios abarrotavam o restante do espaço.

Os papéis balançava repetidamente com o vento fraco emitido por seu ventilador barulhento. Não estava calor afinal, mas seu som é muitas vezes reconfortante apenas por estar ligado. Uma folha teimosa por fim se desprende das demais a cai em cima da cama de lençóis rosa. Sua face virada para cima ganha a atenção da garota de 11 anos, que fica repentinamente irritada e joga seu travesseiro sobre o papel.

Estranhamente ela começa a refletir algo. Frustração e confusão. Monotonia e cotidiano repetidos incessantemente. As pessoas carregam um mundo de histórias todas guardadas em sua memória. Experiências formadas por momentos, vivências, lembranças e convivências. Pessoas e pessoas, vidas e vidas.

Refletindo de forma apalermada, recostada contra a janela de seu quarto, a jovem garota sente a leve frieza arrepiar sua pele provocada pelo som confortável e sequencial de uma chuva incessante. O clima cinzento e a neblina distante lhe trazem nostalgia e reflexão ao mesmo tempo em que também traz a solidão.

Seus olhos castanhos pareciam cansados, sonolentos. Seu cabelo liso de mesma cor cobria seus ombros desnudos lhe fornecendo uma fina camada de proteção ao frio.

De certa forma apreensiva, ela segurava seu celular com firmeza, enquanto esperava por algo, uma mensagem.

"Ei Soph, como você está? 👀👀", surge a notificação em seu celular.

Imediatamente um sorriso se abre no rosto da garota e ela responde:
"Sentindo umas dores estranhas no peito, mas vou ficar de boa."

"Mesmo? 🤔🧐", questiona ele, e completa, "posso comprar o melhor remédio do mundo pra você se precisar... você sabe ?"

Sophia ri consigo por alguns instantes e responde, "Sei... 🤣🤣. John', só de conversar com você já me ajuda muito 😊"

"Oh? Então vamos conversar até que você esteja curada👍. Hahaha..."

Sophia ajeita seu corpo até se deitar na cama completamente enquanto um sorriso lhe preenche o rosto. Ela demora algum tempo escolhendo as palavras a seguir e por fim consegue digitar:
"Você é um amor mesmo 🥰"

Uma pequena pausa acontece, como se o garoto também estivesse escolhendo minuciosamente suas palavras.

"Saudades de você. Quando iremos explorar de novo?" Disse ele, mudando o rumo da conversa sem perder os eixos do flerte.

"Com essa chuva que não acaba nunca? 😑 Fica difícil...", diz ela rapidamente, e completa, "mas foi muito legal mesmo, não sabia que tinham casas abandonadas por lá, como descobriu isso?"

"Ouvi falar de alguns amigos, mas nunca acreditei, sinceramente." Respondeu ele. "Depois me manda os vídeos que a gente fez? Ficaram ótimos, acho que dá até pra fazer um filme kkk."

"Sim 🤣🤣 Vou te mandar agora", respondeu ela, abrindo a galeria do seu celular e se deparando com diversos vídeos sobre a expedição nas casas abandonadas que fizeram em uma floresta na semana passada.

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