_Será que ele comeu o que eu mandei? Perguntei escorada na frente do balcão de costas para as pessoas que ali comiam a refeição que tinha acabado de fazer
_Sim, e quer mais! Falou uma moça me surpreendendo, afinal não era nós hóspedes que estava pensando
_Ah, sim, já irei levar mais! Falei voltando ao trabalho
Foram dois dias cheios, todos estão voltando e saindo da aldeia. Os negócios aqui são fracos, então muitos tentam se aventurar fora, ou vendem produtos artesanais feitos pela família para conseguir uma renda considerável.
Então as viagens, por mais que sejam poucas, sempre tem, afinal todos precisamos ganhar o pão de cada dia.
O hotel possui vários andares e corredores longos, com sacadas. As sacadas não têm nenhum acabamento, o que permite que algum ninja escale com visível facilidade, pelo menos boa parte são assim. E os alojamentos são consideravelmente grandes e contam com vistas paranômicas. Mas, quanto a minha pousada não é grande assim, ou possui uma vista maravilhosa, mas tem seu valor, é aconchegante.
_Obrigada pela refeição, vinha os dois casais que chegaram ainda ontem a noite devolvendo no balcão seus utensílios usados para que eu possa lavar
_Eu que agradeço a preferência, falava e me curvava para os agradecer devidamente
Durante a manhã, quando o sol já tinha saído para um outro dia, quatro homens encapuzados e com máscaras apontaram a uns cem metros à frente, em direção a minha pousada, me preparei para receber mais freguesia.
_Obrigada, voltem sempre me despedi dos outros casais que saíram e fui receber os que estavam para chegar _Bem-vindos! Falei me curvando
_Vocês dois, atrás daqueles dois! Falou um homem revelando sua real intenção
_O que ? Me surpreendi
_Cala a boca, e coopere! Onde está o dinheiro por aqui? Falou entrando e revirando cada canto da minha estalagem
_Por favor, não! Não tenho muito, tentei impedi-los mas fui jogada para o lado como se não fosse nada
No fim, o grupo conseguiu achar minhas economias e fugiu deixando como aviso que minha boca teria que ficar fechada, ou seria morta.
'Meu dinheiro, toda minha economia' chorei juntando minhas pernas ao meu corpo enquanto ainda estava no chão .
Um pouco melhor, levantei do chão desanimada por tudo e um pouco chateada por não ter sobrado nada. Levantei e voltei arrumar tudo que quebraram e bagunçaram, afinal não poderia deixar assim caso aparecesse hóspedes.
Estava concentrada, arrumando as cadeiras que foram arremessadas como se fosse papel, minhas mesas empurradas como se fossem insignificantes e meus produtos revirados como se fossem lixo. Depois de tantos anos, fazia tempo que não acontecia um assalto, acho que a última vez foi quando meu pai ainda comandava aqui. Lembro do rosto triste da minha mãe consertando tudo e do meu pai machucado porque havia reagido ao assalto, colocando sua vida em perigo.
Não esqueci, depois de tanto tempo, e os bandidos, mesmo passado um mês, lembraram do seu rosto e o mataram na primeira oportunidade, deixando eu e minha mãe sozinhas. O trabalho desgastou ela, deixando ela cansada, doente e sem recursos bons para um tratamento decente, o que levou a morte dela quando ganhei maioridade.
_Ufa, disse soltando como alívio depois de ter arrumado tudo e passado pano também _Caramba, acho que eu mereço uma limpeza também! Falei ao notar minhas roupas amarrotadas e sujas pelo pó
Quando menos esperava, ouvi um vento tão forte bater sobre o telhado que podia jurar que era som de asas batendo.
Mas quem teria um pássaro tão grande assim?
_Eu sei quem! Falei saindo para rua só para conferir se era o vento mesmo ou podia ser outra coisa _O que é isso? Perguntei me ajoelhando no chão para ver o saco cheio que estava ali _Meu dinheiro! Respondi ao me surpreender com o conteúdo do saco e ao lado dele havia meu lenço, o que usei para cobrir os bolinhos e um pequeno boneco de argila _Uma águia, não é? Falei sorrindo ao notar semelhança com a que presenciei de porte maior
Olhei em volta, saí para fora e não avistei onde poderia estar. Até que lembrei de onde o encontrei, e fui conferir minha teoria de que o acharia lá.
_Ah, ah ah, resmunguei cansada recuperando o fôlego por ter corrido _Onde você está ? Perguntei olhando em volta _Sei que deve estar aí! Falei cuidando de cada canto na minha volta _Eu só posso estar louca, comentei me dirigindo para voltar para dentro
_Eu também acho, respondeu uma voz
_Sabia que era você, falei ao vê-lo em um galho um tanto alto coberto por galhos repletos de folhas que o camuflaram bem.
_Não devia fazer esse tipo de coisa, é perigoso!
_Mais que os bandidos!
_É, eles são pouca coisa! Respondeu sentando sobre o galho
_Como sabia que fui assaltada ? Você viu ? Estava aqui? Dormiu na rua?
_Quanta pergunta, eu só estava passando e vi, respondeu virando o rosto
_Obrigada por trazer meu dinheiro de volta. Nossa! As pessoas, ele mandou dois atrás dos meus hóspedes! Falei lembrando que antes de chegarem saiu dois casais
_Eles não chegaram a tempo, comentou atirando para cima uma de suas argilas só que essa parecia um tipo de aranha
_Você comeu meus bolinhos ? Perguntei ao lembrar do lenço
_Estava faminto, é claro! Respondeu sendo o mesmo tipo
_Estavam bons? Perguntei tentando ver sua expressão
_Estavam comestíveis, resmungou _Por que fez em forma de águia? Perguntou me encarando
_Ah, apesar de eu ganhar um tremendo susto, achei também muito bonita, respondi desviando o olhar, pois estava sentindo meu rosto esquentar e piorou quando ele desceu e veio me encarar diretamente
_Bonita? Significa que gostou ?
_Sim, achei no começo que era uma estátua, mas me assustei ao ver que ela se mexia.
_Minha águia, uma estátua, só pode ser uma afronta! Reclamou
_Eu nunca havia visto algo semelhante, o que esperava?
_Estátua!? Humpff, resmungou
_Eu entendi que não é, como surgiu? Você fez ?
_Claro, sou um artista! Falou todo convencido
_E como você consegue voar naquilo! Não é argila? Perguntei tentando imaginar
_Quer ver ? Perguntou me segurando próxima a ele e nos levando com um salto para cima onde a águia se fez como tapete para nossos pés, aparando nossa queda assim
_Ahh! Falei ao sentir o ar tocar meu rosto com uma certa pressão
_Tudo bem, não faça fiasco! Olhe! Falou ficando atrás de mim me mantendo firme sobre o pássaro
_Caramba, é lindo ! Falei ao conseguir ver tudo dali de cima _Mas como sei que não vai me atirar para baixo ? Perguntei ganhando um certo medo
_Eu já teria feito isso no primeiro dia, ou te explodido com a argila que mandei. Falou calmamente o que me fez ficar preocupada com o presente
_Ah... murmurei
_Não tem nada naquela argila além de argila, e não vou te jogar daqui. Seria fácil demais.
_Caramba, sorte a minha ter uma morte mais elaborada, comentei tentando manter a calma
_Não seja Tobi, que não te matarei.
_Quem?
_Ninguém, só alguém que eu explodiria se eu pudesse. Você tem sorte!
_Me diria com sorte? Perguntei a mim mesma, mas soou alto o que fez o encarar
_Talvez, falou olhando diretamente de maneira penetrante com seus lindos olhos azuis e dando um sorriso o que me fez sorrir também

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Artista
FanfictionDeidara estava em uma missão e cai ficando desacordado perto de uma residência. Sn dona de uma estalagem vê um tipo de pássaro gigante e um homem loiro caído e o leva para ser cuidado. Ela sabe quem ele é?