Dark

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Já era fim de tarde quando decidi caminhar um pouco, confesso que sou meio preguiçosa e apesar das belas paisagens, caminho pouco pelos arredores do sítio, mas sempre que faço me perco em pensamentos, como agora, me pego olhando para o pequeno castelo ainda em construção e seu pássaro de metal que me despertou, seja lá quem for que veio nele, continua aqui, provavelmente ajeitando as coisas, afinal uma boa obra precisa de supervisão e essa era uma grande obra. Caminhando não se tem uma visão tão ampla quanto a que tenho da minha varanda, estou do outro lado da avenida, percebo agora o quão grande é o terreno, pois já estou andando faz algum tempo e ainda não cheguei ao fim do muro de pedras recém construído e inacabado da obra.

Encontro com a Ruby e me pego sorrindo pra ela.

-Então Emma está espionando o novo vizinho? Diz ela.

-Só estou caminhando Ruby, mas é meio inevitável não notar a monstruosidade que é esse muro, e nem terminado está.

-Verdade, aqui estamos mais acostumadas a cercas baixas, um muro alto de pedra chama a atenção,  acho que é esse o propósito, pois tudo nessa construção parece ser grande.

-Já conseguiu descobrir a quem pertence?

Ruby fala com Deus e todo mundo, se alguém pode ter essa informação é ela.

-Ninguém sabe de nada e isso me agonia muito, estou mega curiosa com tudo isso.

Ruby fala e gesticula apontando para o local.

-Talvez nunca saibamos. (eu comento). Afinal com um muro desses não creio que as pessoas serão receptivas.

Ela bufa e concorda comigo.

-Preciso ir Emma, nos vemos amanhã.

Nos despedimos e continuo a caminhar.

Eu já havia passado o fim do muro, não que ele tenha terminado, pois como mencionei ainda está em obras, quando ouvi uma freada brusca e um xingamento qualquer. Me virei assustada procurando o que havia ocasionado isso e me deparei com um cavalo negro atravessando a rodovia, como quem passeia em seu próprio espaço. Decido ignorar, mas não consigo.

-Merda Emma, por que você simplesmente não deixa pra lá?

Falei comigo mesma, enquanto ia na direção do animal.

Ele era enorme e majestoso, não precisei nem me perguntar de onde ele saiu, pois um cavalo assim, só poderia ter fugido do terreno que parece tão pomposo, quanto o cavalo na minha frente.

Um belo animal, pensei, mas está sem rédea, como vou fazer com que me siga?

Me aproximei de vagar, não conheço o animal, pelo seu tamanho ele seria capaz de fazer um belo estrago em mim. Tentei olhar em volta, mas não havia ninguém, não que aqui seja comum ter pessoas, mas poxa, eu havia a pouco encontrado com Ruby, não custava haver viva alma para me auxiliar.

Éramos só eu e aquela imensidão negra, com pelos brilhantes e uma crina divina, dessas de dar inveja.

-Oi amigão, você não devia estar cavalgando solto aqui, é uma decida de estrada perigosa, você pode se machucar e machucar alguém.

Sim, eu estava falando com um cavalo. E ele não parecia muito amigável, porém ao chegar mais perto, vi que ele teve uma postura de cavaleiro, irônico sim, mentira, não.

Passei a mão pela sua lateral.

-Vamos lá campeão, vamos atravessar enquanto, por um milagre, não vem nenhum tipo de automóvel na rodovia.

E não é que deu certo? Ele começou a me seguir, eu seguia com a mão encostada nele a cada passo. Estava tremendo por dentro, mas tentei não demonstrar, sei que animais sentem essas coisas, vai ver ele também sentiu que eu só estava querendo ajudar. Atravessamos a rodovia e andamos em direção a entrada do portão, se o muro era grande as grades do portão nem se fala.

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