CAPÍTULO 02

166 26 7
                                    

   Até pensei que ele era algum louco que não tinha visto o ocorrido apenas como um acontecimento qualquer, até perceber o número 20 estampado em seu peito, junto com o mesmo sorriso cafajeste que eu já tinha visto antes.

Ele se sentou e aquilo fez com que eu endireitasse a minha postura, encarando ele.

— Elas foram legais, só pensei em participar de outros eventos — Falei e ele oscilou, esticando para ver o meu bloquinho. Ele também tinha um bloquinho em mãos.

— As coisas estão ruins por aqui também, né…pelo visto — Levantou ligeiramente a testa.

— Não me surpreendi, não estava com tantas expectativas — Ele sentou bem relaxado na cadeira, deixando os braços sobre a cadeira, vindo para frente e me olhando de perto. Esse homem estava me deixando estranhamente nervosa.

—  Você é muito boa mentindo, já falaram isso? —  Seus olhos me analisavam como uma folha prestes a ser desenhada. —  Não sei se aceito que você quer que eu acredite nisso ou se acho graça de ver você mentindo.

—  Não menti —  Fiz careta. —  E eu não sei o que está fazendo aqui, gosta de perseguir garotas que esbarrou no elevador?

— O mesmo que você, com isso, me chamo San e o seu nome? — Sua objetividade me deixou por um segundo sem saber como reagir. Tudo bem, isso não é uma fanfic e eu posso apenas ignorar o acaso do elevador e seguir com o encontro.

—  Me chamo Sarah.

—  Sarah… —  Ele sussurrou. —  Tudo bem sarah, temos menos de cinco minutos e estou muito curioso para saber sobre você, então, o que acha de uma brincadeira?

—  Brincadeira? agora? —  Ele concordou, Respirei e soltei. — Que brincadeira?

—  Eu falo o que eu acho de você e você me diz se estou louco ou se estou certo. —  Rir com o absurdo das suas palavras, já sabendo o resultado disso. —  Eu começo… — Piscou. — É sua primeira vez aqui e eu arrisco a dizer que é sua primeira vez participando de algo assim —  Franzi o cenho, não curtindo como começou. —  Você tem uma postura bem firme, dificilmente se abate, fala bonito e tem um jeito de olhar totalmente ameaçador, o que é ótimo para mim. — Pisquei algumas vezes, ele só estava de palhaçada com a minha cara. —  E isso tudo vem da sua profissão, não é? ela reflete muito em outras áreas da sua vida. Eu diria que você é policial, ou delegada, mas você parece muito persistente pra isso, eu diria que é advogada.

— Você só pode tá de sacanagem comigo —  Balancei firmemente a cabeça, sem acreditar nisso. —  Tudo isso só observando?

—  Sou fotografo, o que mais faço é observar Sarah, mas me diga, sou louco ou acertei? —  Olhei para ele mais uma vez. San. Seu nome e seu rosto agora eram alimentados pela minha imaginação. Não iria fingir que ele não era bonito, interessante, ainda que eu continuasse achando ele louco.

—  Você é louco, mas acertou — Ele abriu um sorriso.

—  Tá vendo, foi legal participar da brincadeira, agora… —  Antes que pudesse continuar o sino acabou. — Estou começando achar que eles aceleram esse relógio nas melhores partes. —  Observei quando o próximo estava vindo em direção a minha mesa. —  Teríamos que ter mais algumas horas para sanar todas as nossas dúvidas.  —  Se levantou. —  Quem sabe algum outro momento, não é?

—  Podemos saber isso depois San —  Pisquei para ele, vendo umedecer os lábios, concordando comigo e seguindo para a próxima mesa. Dei uma risada quando ouvi reclamar que os cincos minutos eram roubados, me dando conta que eu indiretamente estava flertando com aquele desconhecido e agora, meio desconhecido do elevador.

Foi bem difícil sair dos cinco minutos com San, enquanto o número 29 falava sobre si mesmo eu ria, revoltada por estar achando graça das palavras de San. Nos trinta minutos restantes do evento, eu já sentia que entendia um pouco do ambiente, mesmo que os quarenta cinco homens que passaram em minha mesa, só um tinha despertado alguma curiosidade maior e justo esse, era o mesmo que eu havia esbarrado no elevador. No fim todos estavam vendo seu bloquinho com anotações e eu fazia o mesmo, vendo se algo sairia dali.

—  Sabia que temos muitas coisas em comum? — Tomei um susto quando San apareceu bem atrás de mim, se achegando para o meu lado.

—  E o que seria essas coisas? — observei ele.

—  Só posso falar uma agora, as outras só caso entender a que vou falar. — Dei mais atenção a ele, curiosa.

—  Uh, tudo bem, o que seria essa uma?

—  Bem, nós dois só temos uma pessoa com pontos positivos no bloquinho e pra ser mais em comum ainda, no seu sou eu e no meu é você.

—  E como sabe que no meu é você? — ele fez uma careta.

—  Eu sem querer vi quando estava me aproximando — frisei a testa. —  Até vi você desenhando uma carinha com língua, achei fofo.

—  Sabia que isso é algo pessoal?

—  Sei sim, mas já que eu vi o seu, achei justo falar que você estava no meu.

— Ah, claro — Suspirei e deixei um sorriso discreto sair. —  E como vou saber das outras coisas em comum? — Ele guardou as mãos no bolso da calça.

—  Saindo comigo, desta vez prometo que serão mais de cinco minutos.

Olhei para ele, para seus fios pretos que pareciam estar úmidos desde a primeira vez e que caiam sobre sua face, dando uma aparência sexy e atraente para ele. Mordi a parte de dentro da boca, pensando sobre sua proposta indireta.

—  Hoje?

—  Pode ser agora, conheço um restaurante aqui do lado com lugares pra conversarmos. — Olhei para as outras pessoas e em seguida para você, oscilando em confirmação.

Saímos dali, pegando o elevador.

SPEED DATING Onde histórias criam vida. Descubra agora