Era de manhã, fui acordado pela minha mãe com um sorriso no rosto.
"Acorde dorminhoco"
Eu ouço as cortinas se abrindo, a luz entra no meu quarto como intruso, machucou o olho...
"Ah, mãe"
Fiz alguns barulhos no qual eu poderia dizer que eram grunhidos
"Vamos se arrumando...a algumas lojas estão com promoção e não quero perder elas, além disso é seu dia especial"
Me levantei, espreguicei e fiz minha rotina diária e desci as escadas agora um pouco mais animado, minha mãe estava sentada com o café da manhã preparado e o cheiro estava muito bom
"Que cheiro bom mãe, o que fez para comer?"
"Preparei café e algumas torradas doces"
"Nossa, está lindo"
Pego uma torrada e coloco na boca, lambuzando minha boca com açúcar e mel. Minha mãe comia silenciosamente, ouvindo na sala apenas o som de nossa mastigação.
"Querido, o que ouve com os seus olhos?"
"O que?"
Toco no meu rosto por um instante, me lembro de quando estava lavando o rosto acabei não percebendo nada de estranho...
"O que há de diferente em meus olhos mãe?"
"Estão mais azuis do que o comum, quase como o mar das ilhas de Moorea...mas talvez só seja a luz"
Ela parou de olhar para mim e foi para o quarto provavelmente se arrumar
"Estou te esperando aqui em baixo"
Minha mãe fez um aceno
"Vai se limpar"
Limpo minha boca na pia da cozinha, é eu sei sem higiene, mas eu estava muito ansioso para sair com minha mãe era uma ocasião rara e eu claramente não conseguia acalmar minha criança interna.
Bem para um pouco de contexto, minha mãe me criou sozinha nós mudamos muito cedo para esta cidade por causa do trabalho dela (ainda acho que era por causa do antigo chefe que desapareceu misteriosamente, fazendo com que muitos dos médicos e outros trabalhadores sumirem do nada) com a solitude, aprendi a ficar sozinho dentro do meu quarto criando hobbs como encadernamento de livros velhos, criação de bijuteria, culinária e leitura...Mas é claro que aquilo nunca foi o suficiente então, eu comecei a sair de casa foi assim que fiz amigos.
Agora a minha mãe, em momentos raros ela me chama para sair, graças a seu trabalho, não temos momentos como esse o que me deixa um pouco animado...
Saímos, o shopping estava cheio mas nada que não pudéssemos lidar. Vimos um filme, almoçamos em meu restaurante preferido e depois fomos comprar meu presente.
Optei por comprar um livro, entrei na livraria e passando pelos inúmeros livros de fantasia, ficção e séries da Netflix...achei o livro que queria, era grande e tinha um certo ar de mistério
O balconista era um velhinho, com o rosto muito enrugado e pequeno, seu sorriso era simpático.
"Boa tarde"
O velhinho pega o livro e eu ouço o bip no caixa.
"Ah, Como vai"
Ele pegou seu óculos e pressiona os olhos, ele está lendo o título.
"Mistérios através do Globo...Esse é um livro muito bom"
"Sério?"
Ele acena com a cabeça de maneira muito lenta e sorri
"Leia com muita calma...é um livro grande mas parece muito pequeno aos leitores"
Dou uma pequena risada, meu telefone vibra, pego sem pressa. Era Ikaros...segunda vez que ele ligava para mim, não atendi mais uma vez deixei ele tocar até parar mais uma vez.
"Por que não atende meu jovem?"
"Estou brigado com meu amigo senhor"
"Ah brigar é normal...mas se lembre o perdão, não é para ele é para se sentir melhor com você mesmo"
Aceno com a cabeça, foram belas palavras mas eu prefiro ficar confortavelmente com raiva dele por um tempo.
Saio da livraria e vejo minha mãe sentada, em uma banco na frente da loja. Dou um aceno de mão
"Mãe"
Ela me olhou com aquela cara de que foi pego no ato em flagrante.
"Então...como foi?"
Ela pegou meu livro e levantou a sobrancelha
"Era melhor ter comprado uma Enciclopédia"
Dou uma risada, foi uma tarde incrível, não mudaria nada nem um pouco. Entramos no carro e vamos para casa
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Entre dois mundos
Подростковая литератураOlá...me chamo Cord Farrud e sou um adolescente e me meti em uma aventura que mudou minha vida por completo, eu me juntei à natureza e me juntei à humanidade. Estranho né? Confuso até unico...estar preso em dois mundos é algo completamente natural e...