DESESPERO

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Bastou aquela frase para o caos se instaraur.

O desespero tomou conta e iniguem entendia o que estava acontecendo, até olharem as fotos no celular sobre a mesa. Irene estava apavorada, Petra correu para amparar a mãe enquanto uma pequena poça se formava em volta seus pés.

Irene respirava descompassadamente, sentiu a primeira contração e seu desespero aumentou ainda não era a hora.

- Mãe  olha pra mim - Petra tentava acalmá-la - olha pra mim mãe - Irene olhou- Eu vou subir e pegar seus documentos, o Caio vai te levar por carro e nós vamos pro hospital, mas você precisa respirar, tenta manter a calma.

- Ela ainda não pode nascer não tá na hora! Ainda faltam três meses, a Mabel não pode nascer, não pode. Eu não vou aguentar perder outro filho, não vou!

- Mãe faz o que eu te falei tá? Vai com o Caio. Angelina eu preciso que você suba comigo e prepare uma mala pra minha mãe eu vou com ela e o Caio pro hospital, depois  você vai e leva essas coisas pra mim.

Petra pegou a bolsa da mãe e desceu o mais rápido que pode, assim que ela entrou no carro, Caio dei partida e começou a dirigir feito louco pela estrada de terra chegaram ao hospital na metade do tempo e irene foi socorrida de imediato.

- A gente tem que ir pra uma cesaria de emergência, agora! - gritou o médico- só um de vocês pode acompanhar.

- Eu vou!

Petra seguiu o médico, até a sala de preparação onde uma enfermeira ajudou-a a se preparar pra entrar na sala. Em menos de 40 minutos, já estavam no centro cirúrgico, Irene chorava copiosamente, e petra segurava firme a mão da mãe, tentando passar  alguma segurança.

O cirurgião obstetra fez a incisão, em pouco depois tinha em mãos a recém nascida. Mabel foi levada imediatamente para uma incubadora, Irene se desesperou ao ver a filha sendo levada. Esperava sair da sala de cirurgia o mais rápido possível, queria se recuperar para ver a filha, a agonia em seu peito era desesperadora, lancinante. 

[...]

Pelo vidro da UTI neonatal Petra observava Mabel, a bebê era tinha o tamanho de uma berinjela, parecia extremamente frágil, Petra olhava todos aqueles aparelhos ligados a sua irmã e sentia medo. Sabia que se perdessem Mabel  Irene definharia, Antônio sairia do eixo, Caio cometeria loucuras e ela jamais se recuperaria.

Os pilares que sustentavam aquela família ruíram um à um, mas com a notícia da chegada da bebê, começaram a ser recontruidos e agora tudo poderia desabar novamente. 

Caio estava ao lado de Petra, e não sabia decifrar o que sentia. Tinha medo de perder a irmã, tinha pena de Irene  porém o sentimento dominante era o ódio. Tinha ódio dos pais. Assim que pegou o celular da madrasta em mãos reconheceu o número. Ágata foi quem enviou as fotos.

Ouviram passos apressados no corredor e reconheceram a voz de Antônio exigindo ver a filha. A imagem de Antônio surgiu ao lado deles. O homem olhou para os filhos e encarou o vidro, um soluço escapou de sua garganta e o homem desatou a chorar.

Petra sentiu o sangue ferver em suas veias, cerrou os punhos e sentiu a vista obscurecer.

- Isso tudo é culpa sua!

Ela disse isso com tanto odio que Antônio se assustou, ele olhou pata a filha e não a reconheceu. Os olhos negros pareciam ainda mais escuros era como se ela estivesse possuída pelo ódio, a raiva que sentia ocupava casa célula.

- A minha irmã pode morrer por sua causa esse sofrimento é culpa sua!

Caio que estava calado se aproximou do pai com fúria  tomou-o pelo colarinho e cuspiu palavras de ódio.

- Eu achei que o dessa vez o senhor fosse fazer diferente, que fosse dar valor a família que tem mas o senhor  é um fraco! Um homem sem palvra. Incapaz de amar alguém de verdade. O senhor escuta bem se acontecer alguma coisa com a menina eu esqueço que sou seu filho.

Os irmãos saíram antes que Antônio tivesse tempo de reagir. Ele estava confuso não entendia o que estava acontecendo no dia anterior estavam todos bem e felizes. Ele apenas saiu para assinar o divórcio com a Ágata e sua vida virou um caos de uma hora para outra. Seus filhos aparentemente o odiavam, não tinha notícias da esposa e ali diante de seus olhos via a filha ainda tão pequena lutando pela sobrevivência. 

Em um dos quartos daquele hospital, uma mãe sofria sozinha, sofria a dor da traição,  sofria por um casamento acabado depois de quase 30 anos, e principalmente sofria pelos pela filhos. Sofria por não ter mais Daniel, por não ter sido a mãe que Petra merecia e sofria por Mabel. Tinha medo de perder a filha que ainda nem conhecia e já amava mais que a si mesma.

Aquela mãe, sentiu as dores da cesarianas ao se levantar de seu leito, sentiu dor ao esticar o corpo pra alcançar o soro no suporte, sentiu dor ao dar os primeiros passos enquanto saia do quarto atrás de sua filha, sua cabeça doía pós anestesia, seu corpo trêmulo, frágil perambulava pelo hospital buscando encontrar a UTI neonatal.

Foi abordada em um dos corredores a enfermeira pedia que ela voltasse pro quarto, mas ela implorou, insistiu. A mulher olhou aqueles olhos sofregos, preocupados, não poderia dizer não. Pegou uma cadeira de rodas e ajudou-a a se sentar e levou-a até a filha.

Ao ver aquela bebê tão pequena e tão vulneráve naquela encubadora Irene sentiu o coração despedaçar, seus olhos se encheram de lágrimas dezenas de fios estavam ligados a sua filha, leu o prontuário "extremamente prematura" se desesperou. Estava tão focada em Mabel que não percebeu  os olhos atentos que a absorveram do outro lado do vidro.

Estava a cerca de dez minutos observando a filha, quando a enfermeira disse que ela teria que voltar pro quarto. Ela registrou na mente casa detalhe daquela criaturinha, as mãos minúsculas, pezinhos tão pequenos que pareciam menores que seu dedo mindinho, a pele rosada com toadas a ls veias aparentes, os olhos fechados, a boca e o nariz tão pequenos.  Estava desolada.

A mãe era fervorosamente católica, mas ela nunca se importou com religião. Mas naquele momento ela rezou, pediu a Deus que não levasse embora mais um filho seu, pediu luz, direcionamento. Estava no auge do desespero.

Entrou no quarto com os olhos cheios de lágrimas, a dor que sentiu ao se deitar já não importava. Era a mãe daquela menininha, e se precisasse daria sua vida por ela. Implorava a Deus para preservar aquela vida, Mabel não merecia morrer pelos erros de seus pais.

Encarava o teto chorando quando a porta se abriu  esperava que fosse Petra, talvez Caio, ou uma enfermeira. Mas para sua surpresa quem parou diante dela foi Antônio.

- Irene o que aconteceu? Eu saí e quando voltei a Angelina me disse que vocês tinham vindo pra cá, que a Mabel tava nascendo. Petra e Caio pareciam dois cães raivosos falando comigo lá fora, o que diacho tá acontecendo.

- Você ainda tem a cara de pau de perguntar?

- Irene eu não tô entendendo

- Deixa de ser cínico! Você tá tendo um caso com aquela mulher Antônio eu já sei de tudo!

- Que caso? Com quem? Você tá louco Irene!

- Olha e me diz se eu estou louca.

Ela pegou seu celular e o entregou, Antônio viu as fotos e se desesperou.

- Irene isso aqui é armação, eu não tenho nada com a Ágata, eu juro. Na primeira foto você tava aqui no hospital eu fui em casa buscar umas coisas ora você e pedir pra Ágata não ir mais lá, quando eu fui tomar banho ela apareceu no nosso quarto, assim nua ela me beijou mas eu mandei ela embora e só Noé te contei nada pra não te estressar, e nessa outra eu fui avisar que tinha dado entrada no divórcio, ela tentou Irene fez de tudo pra me seduzir mas eu juro que não aconteceu nada, hoje eu sai pra assinar os papéis e me livrar dela oficialmente.

- Eu não acredito em você Antônio. Eu cansei de ser feita de trouxa sempre perdoando as suas traições. Dessa vez vai ser diferente, assim que eu sair daqui eu vou embora daquela casa, e a Mabel vai comigo.

- Irene você não pode fazer isso.

- Eu posso e vou! Agora sai daqui eu não quero nunca mais ter que olhar pra sua cara.

Ele fez o que a mulher mandou, mas estava decidido a provar que tudo foi uma armação. Ele teria Irene de volta ou não se chamaria ANTÔNIO LA SELVA.

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