🎭 Monster 🎭

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“Há Uma Razão Para Que As Coisas Sejam Como São

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Há Uma Razão Para Que As Coisas Sejam Como São.

🎭 Monster 🎭

Eu jamais poderei esquecer a primeira vez que eu o vi.

Minha vó me puxou pelo braço com brusquidão. Ignorei o fato de que meu pulso ainda estava machucado, mas a segui sem fazer uma única pergunta.

Com onze anos eu já estava tão acostumado com as durezas dos toques de minha avó, que nem ligava mais para os hematomas multicoloridos que pintavam o meu corpo.

Lembro dela me dizendo que eu deveria obedecer suas ordens e não cometer erros, ela olhou para os meus dedos como se quisesse me lembrar do que acontecia quando eu falhava, eu apertei minhas mãos e sacudi a cabeça freneticamente.

A dor poderia ter sumido mas eu ainda lembrava bem de como foi excruciante receber aquela punição, mas eu nunca poderei dizer em voz alta que eu não me arrependia. Aqueles pobres coelhinhos não deveriam ser machucados, não mereciam sofrer assim como eu.

Eu não conseguia entender na época porque ela sentia tanto prazer em abusar de coisas indefesas, suas palavras venenosas e sempre cheias de mágoas e rancor eram minhas companhias diárias. Não era minha culpa se mamãe havia partido daquela maneira, eu era inocente demais para entender o que elas tanto gritavam uma com a outra.

Eu apenas corria para baixo da cama, tampando meus ouvidos até que elas parassem de discutir uma com a outra.
Eu odiava barulhos altos e os xingamentos que minha avó pronunciava contra minha mãe.

Elas pareciam se odiar na maioria das vezes, mas havia momentos em que elas sentavam e cochichavam com grandes sorrisos nos lábios, elas eram estranhas e pareciam se completar dentro daquele relacionamento doentio de mãe e filha.

Eu ficava ao redor das duas tentando sobreviver de migalhas, minha mãe quase nunca tinha tempo para mim. Ela dizia que eu era um erro. Vovó repetia a mesma coisa, dizia que ninguém deveria saber que mamãe tinha um filho.

Ela estava saindo com um homem rico.

Às vezes ela voltava para casa pulando de alegria. Roupas novas e jóias, de vez em quando ela me trazia um brinquedo. Eu olhava para os carros de plásticos que ela jogava para mim, eu ignorava o brinquedo e voltava para o meu canto. Passei a viver mais tempo no barracão do que dentro de casa, a princípio eu tinha medo dos bichos que viviam lá. Mas então, descobri que deveria ter medo dos humanos.

A cabeça de alce e as corujas ouviam minhas confissões. Os coelhos e coiotes também eram bons ouvintes, acabei me apegando a eles. Mesmo que a aparência deles no começo tivessem me dado medo. Vovó me trancava lá quando era menor, era o meu castigo caso eu pedisse algo que não deveria.

No começo ela dizia que eles estavam amaldiçoados e a qualquer momento eles poderiam ganhar vida outra vez e me machucar. Mas depois eu entendi que eles estavam mortos e que suas entranhas estavam cheias de serragem. Meu avô era um caçador e gostava de trazer troféus para casa. Eu pouco me lembrava dele, mas sabia que ele deveria ser tão cruel quanto minha avó era.

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