Capítulo 01 - OHM

146 27 21
                                    


"So, before you go; Was there something I could've said;
To make your heartbeat better? If only I'd have known you had a storm to weather.
So, before you go; Was there something I could've said; To make it all stop hurting?
It kills me how your mind can make you feel so worthless. So, before you go" 

Lewis Capldi - Before You Go

************************************

É o mesmo velho pesadelo, estou preso dentro de um labirinto escuro, tentando chegar a até ele que chora e grita meu nome, mas cada vez que entro em um corredor diferente, parece que me distancio mais e mais de sua voz. O desespero me toma e eu tento correr mais rápido e de repente já não consigo sair do lugar, estou preso no centro do labirinto, posso vê-lo, mas não consigo alcançá-lo.

Acordo assustado com o barulho do celular que está tocando em cima da minha mesa, olho a tela, ainda não são 08:00h e é meu chefe que está ligando. Dormi mais uma vez no trabalho, é a velha rotina. O que será que chefão quer para me ligar a esta hora da manhã? Definitivamente não é uma coisa boa. Atendo e ele nem espera que eu diga alô:

- Venha até a minha sala. Temos um caso urgente e muito grave!

Pela entonação da voz dele, eu sei que definitivamente não vou gostar disso. Meu coração dispara, sinto um arrepio na coluna. É algo grave e sei que é com alguém que amo. Quero levantar e correr, mas não consigo fazer minhas pernas se mexerem. Meus pensamentos se direcionam para ele, mas não pode ser verdade, não houve notificações de suas redes sociais e nem notícias ligadas a ele, eu saberia se algo tivesse acontecido. Eu sei cada passo que ele dá em cada um dos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos do ano. Ele não conseguiria fazer nada que eu não soubesse, a não ser que tenha tido ajuda de alguém.

Finalmente consigo levantar da cadeira, o coração ainda disparado e cheio de medo, mesmo que não queira acreditar, sei que algo está acontecendo com ele. E se todos tiverem combinado de me deixar no escuro? Não, eles não fariam isso, não iriam gostar do resultado, eles sabem que ele é a pessoa mais importante da minha vida. Amo meus irmãos, mas sem ele nada tem sentido. Saber que ele está bem é o que me mantém são.

Caminho até o elevador, espero e espero, onde essa porcaria está? Que merda, não vou esperar, corro até as escadas, são só 6 andares. Quando chego na frente da sala do chefe estou ofegante da corrida nas escadas, a secretária dele me olha assustada. Minha cara deve estar horrível. Eu paro e olho para a porta, ouço ao longe ela avisando que eu já estou aqui e me pedindo para entrar. Meu coração ruge no meu peito e parece ressoar nos meus ouvidos. Eu caminho até a porta, dou um suspiro, abro e entro na sala, o primeiro rosto que eu vejo é o da minha irmã. Verdadeiro pavor invade minha alma. Se ela está aqui, então as coisas são piores do que imaginei.

Navarit está aqui também. Que porra ele está fazendo aqui? Kwang, Chimon, Perth, Mix e Earth também vieram. Agora não só de pavor é que minha alma está cheia, é de ódio também. Eles estão me escondendo algo, e é uma merda muito grave, eles tem agido estranho nos últimos dias, me evitando ou usando palavras curtas em conversas mais curtas.

- Ohm, eu preciso que você fique calmo. - Essa é minha irmã falando. Eu rio, não um riso feliz, mas de escárnio.

- Calma, Lilah! Você me pede calma? Que porra foi que aconteceu? Onde ele está? Ele está bem? Está ferido? De quem foi a brilhante ideia de esconder de mim o que está acontecendo?

- Ohm, você fica totalmente irracional quando ele está envolvido. Você nem sabe o que aconteceu e já está procurando um culpado.

- Então quer dizer que vocês, deliberadamente, não esconderam nada de mim, mesmo sabendo o que isso poderia me causar? Diga pra mim que não aconteceu nada grave, que todos vocês vieram aqui pra bater papo e tomar um chá?

Todos ficam em silêncio, ninguém diz uma palavra, até que a minha irmã vem até mim, ela é mais baixa, então tenho que abaixar a cabeça para conseguir olhar em seus olhos. Ela me olha séria, segura minhas mãos e fala:

- Ele está bem Ohm, eu preciso que você se acalme, sente e escute o que temos a dizer.

Ela sabe como me dobrar, sempre soube, talvez seja a experiência que vem com a diferença de idade, talvez seja a maldita mistura de dureza e doçura que ela tem, ou talvez seja a lembrança de tudo que ela enfrentou por mim, mas eu sempre acabo cedendo pra ela.

- Nós vamos falar tudo pra você, mas você precisa ao menos sentar.

- Certo, vou fazer o que você quer, mas exijo respostas. – Tenho que sentar, não sei quanto tempo minhas pernas podem sustentar meu corpo.

P'Aof Noppharnach Chaiwimol, meu chefe, me olha com uma mistura de pena e dureza, ele sabe que a coisa pode ficar feia se eu perder o controle, e ninguém aqui quer isso, ainda mais dentro do prédio da Policia Federal da Tailândia, no Departamento de Crimes Violentos, mas no final das contas eu não estou nem aí, eu sou o melhor investigador que esse departamento já teve, ele não me colocará pra fora nem que eu queira. Eu sento ao lado da minha irmã, ela imediatamente segura minha mão.

- Pawat, nós temos um caso de 6 assassinatos e 2 desaparecimentos até agora, todos são funcionários do Sr. Nanon Korapat Kirdpan outem ligação com ele.

Eu gelo ao escutar o nome dele, Lilah segura minha mão com mais força, ela percebeu minhas mãos frias.

- Trêsdeles são professores da Escola Achariya, eles desapareceram misteriosamente e sete dias depois foram encontrados mortos. Todos estão envolvidos de algum jeito com o Sr. Kirdpan. Por isso, quero que você, que foi aluno da escola, volte até lá disfarçado de professor e descubra o que está acontecendo. - P'Aof quer que eu volte ao lugar onde vivi meus piores e melhores momentos, isso eu entendi, porém o que ele tem a ver com isso?

- P'Aof, o senhor acha que ele está correndo perigo?

- Se não está correndo perigo, então pode estar envolvido, todos os mortos e desaparecidos eram amigos do Sr. Kirdpan.

Solto a mão da minha irmã e bato violentamente na mesa enquanto me levanto bruscamente derrubando a cadeira.

- Isso só pode ser brincadeira, ele jamais estaria envolvido em algo assim, isso acabaria com o sonho dele de estar nos palcos. – Digo quase gritando e indignado que P'Aof possa pensar algo assim.

- É por isso que o senhor Kirdpan se ofereceu pra trabalhar com você, disfarçado de professor de música e assim, ajudar a desvendar o caso.

- Mas nem fodendo, nem que o céu pegue fogo e o inferno congele, eu vou trabalhar com ele. – Eu grito enquanto uma irá insana e indignação pura tomam conta de mim. Ele nunca fará algo tão perigoso quanto se expor a irá de um assassino. Não enquanto eu viver, e eu pretendo partir um dia depois dele.


_____________________________________________________________________

Este é o primeiro capítulo da estória, espero que vocês gostem.

Se tiver algum erro, por favor de avise!

The Labyrinth of ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora