Assim que meus olhos se abriram a imagem da minha mãe surgiu, desesperada ela chorava sem parar e repentinamente me abraçou, fiquei desorientado com tal atitude não compreendia nada daquela situação. Depois de um longo abraço, ela se afastou um pouco e enquanto limpava os olhos começou a falar:
— Sinto muito, eu nem sei como te falar isso!
Quando ela começou a contar uma sensação estranha começou a percorrer todo o meu corpo era como se uma intensa friagem começasse se espalhar dentro de mim e me deixasse totalmente paralisado, com isso minha mente já começava a imaginar as mais terríveis possibilidades principalmente relacionadas com a assombrosa voz que eu ouvi no dia anterior, minha mãe estava conversando pausadamente, mas eu simplesmente não conseguia escutar nada do que ela dizia como se meus ouvidos estivessem abafados por algodão e num instante todo o barulho do mundo voltou a invadir meus tímpanos quando ela soltou a frase:
— "O Lucão faleceu." — A frase ecoava sem parar nos meus ouvidos.
Por um breve momento o tempo parou e tudo o que conseguia sentir era o palpitar do meu coração cada vez mais alto numa crescente sem fim com isso instantaneamente as lagrimas começaram a rolar pelo meu rosto exalando uma dor que eu jamais havia sentido antes era uma dor tão forte que meu corpo nem conseguia senti-la, pois ultrapassava todos os limites que eu conseguia suportar. Por alguns minutos apaguei, meu corpo e minha consciência estavam presentes, porém não conseguia reagir estava preso num paralelo com a realidade, sentia minha mãe me sacudir para tentar me acordar e depois de algumas tentativas o ar voltou a circular em meus pulmões e soltei o grande suspiro voltando ao meu corpo.
— Você está bem? Me responde alguma coisa! — Minha mãe suplicava para que falasse algo e confirmasse que estava bem e então a questionei:
— É verdade? Ele realmente morreu?
— Infelizmente é verdade. — Minha mãe me abraçou e com uma voz chorosa falou próximo do meu ouvido. — Eu sinto muito, sei o quanto ele era importante para você.
Mesmo sem querer as lagrimas rolavam sem parar pelo meu rosto, sentia culpa por não ter tentado fazer mais pela vida do meu melhor amigo, simplesmente me deixei levar pela raiva da nossa briga e não fiz nada para impedir que a voz o levasse. Minha mãe se levantou enquanto segurava a minha mão e com um tom mais sério disse:
— Vamos nós vestir para o velório, depois da perícia a mãe dele me disse que vão velar o corpo na casa deles com os parentes e amigos da família.
Ouvia aquelas palavras ainda incrédulo, queria que nada daquilo fosse verdade implorava para que surgisse uma luz e me acordasse daquele pesadelo, mas parecia que ela não iria aparecer.
Acatando ao pedido da minha mãe, tomei um banho demorado, pois meu corpo trabalhava lentamente com a minha mente perdida em pensamentos e teorizado coisas do passado e outras que jamais aconteceriam. Procurando entre minhas roupas eu encontrei a camisa que Lucão havia me dado de aniversario, ela tinha uma estampa grande do time 7 do nosso anime favorito Naruto, eu a vesti lembrando do exato momento no qual havia sido entregue a mim, era uma roupa tão especial que a usava pouco para não estragar, mas esse era um momento mais que digno para usá-la a despedida do meu melhor amigo.
Sai do quarto no automático, encontrei minha mãe sentada no sofá e fiquei simplesmente a encarando, pois a minha mente estava ocupada por tantos pensamentos que não sobrava espaço para pensar em palavras para dizer, depois de alguns minutos ela levantou-se e pegou Miguel no colo e seguimos rumo ao velório.
Aquelas ruas eram tão familiares era como se fosse um caminho que construiu toda a minha amizade com Lucão, a primeira vez que nos falamos foi ali enquanto voltávamos da escola para casa, como morávamos teoricamente perto sempre fazíamos o mesmo percurso e nessas ruas criamos os laços da nossa amizade. De pensar que não o veria mais por ali, sentia vultos de sua presença caminhando ao meu lado como se fosse a nossa última caminhada a nossa despedida.
O grande portão preto se abriu e estávamos na casa de Lucão, não estava pronto para vê-lo sem vida enquanto minha mãe adentrava a residência eu me segurei em um dos pilares da casa e respirei fundo, minhas pernas estavam bambas e meu corpo sabia que sofreria um grande choque assim que visse o caixão. Minha mãe olhou para trás e eu caminhei junto com seus olhos e a acompanhei e então a visão do lustroso caixão repleto de rosas e abaixo de uma grade coroa Lucão pálido repousava da vida, sua feição serena em nada lembrava a sua agitada personalidade e então desviei o olhar repentinamente não conseguia encarar a morte dele, em segundos meu nariz umedeceu e meus olhos molharam meu rosto.
Recebi um grande abraço pelas costas que me aqueceu e naquele confronto me coloquei a chorar como se não pudesse mais parar. A dor me corroía a culpa me sucumbia e coberto pela incapacidade de mudar a situação eu sofria sem parar até que a voz atras de mim soou:
— Ele faz tanta falta é como se a própria alegria tivesse morrido.
Era a mãe de Lucão a quem sempre respeitei como se fosse a minha própria mãe, pois éramos como irmãos. Ela me abraçou por um longo tempo em que nossas tristezas se uniram e nossas lagrimas nos banharam madrugada adiante.
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Os gritos silenciosamente te chamam
ParanormalUma voz me chamou, e eu respondi. Ela ecoava em cores sombrias que traziam o medo, nos ouvidos ela mostrava-se transparente revelando as dores das perdas. Os que caíram, me derrubaram junto trincando o meu coração e elevando a voz sobre a minha cab...