Moth to a flame

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Era uma noite cinzenta e fria de Novembro e Verônica estava deitada na cama com insônia. Ela virou a cabeça para o lado de Paulo, que dormia pacificamente ao lado dela. Seus olhos percorreram o rosto do homem, depois descendo até seus braços e Verônica suspirou suavemente, virando a cabeça para o outro lado novamente. Ela sabia no fundo de seu coração que a pessoa errada estava deitada ao lado dela, mas não era para ser assim. Foi Anita que quis terminar com ela. Elas não faziam bem uma para o outra e Verônica estava tentando ficar bem e aprendendo a lidar com isso, mesmo que seu coração se partisse em pedaços. Verônica sabia que já deveria ter superado ela, mas Anita era especial, apesar de seus defeitos e tudo mais... Verônica a amava, ela ainda a ama.

Ela também sabia muito bem que essa situação era injusta com Paulo, mas sempre foi honesta com ele em relação ao que sentia, e tentou de tudo para esquecer a delegada, estava sendo difícil, muito difícil. Verônica passou a mão no rosto quando de repente seu celular vibrou na mesinha de cabeceira. Ela logo se pergunta, quem estaria a ligando naquela hora, balançou as pernas para fora da cama e pegou o seu telefone, atendendo a ligação sem olhar quem era.

— Sim? — Ela perguntou confusa, enquanto saía de seu quarto. 

Não obteve nenhuma resposta.

Verônica revirou os olhos, já estava ficando irritava com o silêncio da chamada.

— Oi, Verônica. — Disse Anita apreensiva.

Assim que Verônica ouviu a voz da mulher, a mesma em que estava pensando a minutos atrás, fechou os olhos.

— Anita? por que você está me ligando? — Ela perguntou com um suspiro.

Verônica foi até uma janela e olhou para fora, estava escuro e a chuva batia nas janelas. Ela podia ouvir Anita respirando.

— Eu disse para você parar, Anita, você tem que parar de me ligar. Você quem terminou comigo Anita, e eu estou tentando ficar bem com isso, nosso relacionamento era tóxico pra caramba e as vezes o amor não é o suficiente. — Ela disse mais alto do que queria, como se tentasse acreditar que aquilo era verdade ,ou que era o que ela realmente queria.


— Sim eu sei. — Anita respondeu, o nó se formando em sua garganta.

— E você tem uma nova namorada, Anita, então do que se trata?---Verônica perguntou desesperadamente.-- Sempre que eu achar que superei você, você vai  me ligar? disse ela a Anita. — Isso não é justo.

— Mas eu ainda amo você, e eu sei que você também me ama. Eu me arrependo a cada segundo, de ter terminado assim com você, fui tão estúpida, talvez nós duas tenhamos sido, mas não sei mais o que fazer, você também já está com alguém novo, então isso não mudaria nada mesmo. Porque... Eu ainda não seria capaz de ter você novamente. — Disse Anita tristemente.

O lábio inferior de Verônica tremeu e lágrimas surgiram em seus olhos.


— Éramos jovens e estúpidas, Anita. E além do mais eu aposto que você está bêbada, Por favor, não me ligue de novo ou mudarei meu número. — Ela disse com a voz trêmula, lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Verônica ouviu Anita inspirar profundamente.

— Não, Verônica, por favor, não mude isso, eu prometo, não vou ligar para você de novo, também não estou bêbada, só bebi um pouquinho de whisky. — Anita disse com a voz quebrada, uma vontade imensa de chorar.

— Por que não? Você acabou de me prometer que não vai mais me ligar, por que ainda precisa do meu número?— Perguntou verônica.

— Eu não sei... é uma loucura, mas não ter o seu número me quebraria. É a minha única conexão com você fora do ambiente de trabalho, apenas em caso de emergência, por favor. — Anita respondeu com lágrimas caindo de seus olhos azuis, que agora estavam em uma coloração escura, diferente de sua cor normal.

Verônica suspirou.

— É mesmo uma loucura, mas tudo bem.

— Ela sabe que você me liga quando ela dorme? Não é injusto o que você está fazendo com ela? Mentir na cara dela, não ama-la... Por que você está com ela, afinal? — Perguntou Verônica, indignada.

— Isso é engraçado vindo de você, Não é a mesma coisa que você faz com seu novo namorado? Aliás, ele sabe que você ainda guarda fotos nossas? — Anita zombou.

Verônica apertou os lábios.

— Pelo menos ele sabe disso,e não é da sua conta o que eu faço ou não. Adeus, Anita. — Ela falou de volta e encerrou a ligação com os dedos trêmulos. Foi sempre assim, elas conversaram e logo acabavam brigando, ou ferindo o sentimento uma da outra.

Elas são tóxicas um para a outra.

A chuva se intensificou e trovões puderam ser ouvidos mais longe. Com as pernas trêmulas, Verônica foi até o sofá e sentou-se. Ela sabia que suas pernas tremiam de raiva por Anita e logo todo o seu corpo estaria tremendo. A tempestade estava se aproximando, o que não incomodava Verônica, enquanto ela tentava se acalmar com técnicas de respiração controlada. Mas não funcionou, então se levantou e foi até a garrafa de Vinho e serviu-se de uma taça, tomando um grande gole. O líquido ardente desceu por sua garganta. Queimou, mas a dor foi boa.

Ela largou o taça e sentou-se em frente a um armário, abriu a porta e tirou uma caixinha.

Verônica abriu a tampa e colocou-a de lado e tirou uma pilha de fotos.

Fotos dela e de Anita.

Do passado.

Na primeira foto, as duas estavam com os braços em volta dos ombros e sorrindo para a câmera. Anita com delineador borrado e Verônica com mechas de cabelos na cor azul.

A boca de Verônica se contraiu e ela pegou a foto colocando de volta na caixa.

A próxima foto era apenas Anita. Anita não sabia que estava sendo fotografada e olhou para o céu, perdida em pensamentos. Isso foi quando elas foram acampar. Verônica se lembra disso claramente. Foi lindo, uma época em que as coisas estavam indo muito bem entre elas. Ela Continuou a olhar as fotos, a maioria eram fotos dela com Anita ou apenas Anita.

Anita. Anita. Anita...

As lágrimas turvaram sua visão e verônica jogou as fotos de volta na caixa.

Ela fechou os olhos e lágrimas quentes escorreram por seu rosto enquanto um soluço escapou de sua garganta. Ela pressionou a mão rapidamente sobre a boca, não queria acordar Paulo.

Com a outra mão pegou o celular, enxugou os olhos rapidamente e escreveu uma mensagem para Anita.

        "Você é uma idiota Anita!" 

Então ela enviou outra:

           "Mas eu ainda te amo"

Verônica ficou ali sentada por um tempo e olhou para frente, depois colocou a caixa de volta no armário. Ela se permitiu tomar outro gole de Vinho e voltou para o quarto, deitando ao lado da  pessoa errada em sua cama.

Espero que gostem!!!

One Shots VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora