Talking to the moon

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Verônica Torres
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Na calada da noite, sob o manto estrelado, eu, Verônica, me encontro sozinha, olhando para a lua. A brisa fria sussurra segredos que apenas o céu noturno conhece, e eu me pergunto se Anita pode me ouvir, se ela está em algum lugar lá em cima, conversando com a lua como eu.

"Anita," eu murmuro, "você se foi tão repentinamente, levada pelas mãos daqueles que jurou combater. A delegada corajosa, a mulher que eu amava, agora nada mais é do que uma lembrança que brilha fraca como a luz da lua."

"Eu sei que você está em algum lugar lá fora, em algum lugar longe." Cada palavra é um lamento, cada nota é um pedaço do luto que carrego.

A lua, com sua face pálida e cheia, parece me observar, e eu sinto como se Anita estivesse ali, ouvindo cada palavra não dita, cada lágrima não chorada. "Você era a delegada que desafiava a máfia, a líder que nunca recuava. Mas em um momento de traição, eles tiraram você de mim, e agora tudo o que me resta é essa conversa silenciosa com a lua."

Eu fecho os olhos e imagino Anita dançando entre as estrelas, livre das correntes terrenas, livre do perigo que a cercava. "Eu sinto sua falta," eu confesso à lua, "mas sei que você encontrou paz entre as constelações, longe do alcance da máfia que você uma vez chamou de família." Volto para o mesmo lugar, olhando para a lua, falando com Anita. Pois mesmo que ela não possa responder, eu sei que de alguma forma, ela está me ouvindo, e nossa conexão transcende a vida e a morte. "Até que nos encontremos novamente," eu sussurro, "continuarei conversando com a lua."

Lágrimas caem como chuva no papel onde escrevo, cada gota uma palavra de dor e arrependimento. "Por que eu não cheguei a tempo?" Eu me pergunto, minha voz embargada pela tristeza. Anita, a delegada destemida, tinha me feito uma promessa, e eu a ela. Eu jurara protegê-la, ajudá-la a escapar das garras da máfia que a envolvia, mas o destino foi cruel e impiedoso.

"Eu deveria ter estado lá," eu choro, as palavras mal conseguindo escapar entre soluços. "Anita, eu prometi que te tiraria ilesa dessa vida de sombras e perigos. Prometi que estaríamos juntas, longe de tudo isso." Mas as promessas foram quebradas, não por vontade, mas por circunstâncias além do meu controle.

A lua, agora minha única companheira, observa silenciosamente enquanto eu me perco em memórias de um passado que nunca mais voltará. "Eu falhei com você," eu sussurro para o céu noturno, "e agora você se foi, levada por aqueles que prometemos derrotar juntas."

Eu me lembro de cada plano que fizemos, cada estratégia traçada para garantir sua segurança. Mas no fim, tudo foi em vão. A máfia, sempre um passo à frente, roubou a vida da mulher que eu amava, deixando-me com nada além de perguntas sem respostas e um coração partido.

"Anita, minha querida Anita," eu digo, olhando para a lua, "você sempre será a luz que guiou meu caminho. E eu sempre me perguntarei se poderia ter feito algo diferente, se poderia ter mudado nosso destino trágico."

Mas enquanto as lágrimas continuam a cair, eu sei que devo encontrar forças para seguir em frente. Por Anita, pela justiça, eu continuarei nossa luta. E talvez, em algum lugar entre as estrelas, ela esteja olhando por mim, sussurrando que é hora de secar as lágrimas e honrar sua memória com coragem e determinação.

"Na minha casa em meia hora, escrivã," disse Anita, sua voz um misto de urgência e medo. Eu deveria ter percebido, deveria ter entendido que algo estava terrivelmente errado. Mas estávamos brigadas, e a raiva que sentia naquele momento turvou meu julgamento.

Eu me lembro de olhar para o relógio, pensando que tinha tempo, que meia hora era apenas isso - trinta minutos. Mas cada segundo contava, e eu não sabia. Eu demorei, me perdi em pensamentos mesquinhos e ressentimentos tolos, e quando finalmente cheguei à casa de Anita, era tarde demais.

Agora, aqui estou, remoendo a culpa que me consome. "Por que eu não corri para o seu lado?" Eu me pergunto, minha mente atormentada pela imagem de Anita caída, sua vida escapando como areia entre os dedos. "Por que deixei nossa briga interferir no que realmente importava?"

Eu deveria ter estado lá, deveria ter sido a escrivã que Anita precisava, a parceira que prometi ser. Mas o tempo, cruel e implacável, não espera por ninguém, e agora tudo o que me resta são as memórias de uma ligação não atendida e a promessa quebrada de protegê-la.

"Anita, minha amada delegada," eu sussurro para a lua, "perdoe-me por não ter chegado a tempo. Perdoe-me por ter deixado nossas diferenças nos separar quando você mais precisava de mim." E enquanto as lágrimas continuam a cair, eu faço uma nova promessa - a de buscar justiça por Anita, de enfrentar a máfia que a tirou de mim e de honrar sua memória, não com culpa, mas com ação.

Pois mesmo que eu não possa voltar no tempo, posso fazer com que cada momento a partir de agora seja dedicado a você, Anita. E talvez, de alguma forma, isso possa aliviar o peso que carrego em meu coração.

Espero que gostem!!!

One Shots VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora