O Que Vem Depois da Morte?

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A partida de Marcio deixou todos tristes. Assim que os médicos cobriram seu corpo com aquele pano, o levaram para dentro de um furgão. Logo em seguida deixaram o local.
Conforme os minutos passavam, aquele grande aglomerado de alunos e professores foi se dispersando, até que só restou o grupo que enfrentou os demônios.
Estavam todos na calçada, Carlos estava sentado no meio fio, olhando tristemente aquela enorme mancha de sangue no chão que escorria por alguns metros.

- Como a gente vai contar pra família dele? - questionou Nicolas sem jeito.

- Podem deixar isso comigo, acho que sou o mais próximo da família dele. - respondeu Pedro.

De fato Pedro era o mais próximo da família de Marcio e conseguiria passar essa triste informação de uma maneira mais aceitável. Embora dizer para alguém que um familiar morreu nunca seja uma coisa fácil de se dizer.
Logo, uma multidão começou a passar pelo portão. Os alunos agora iam embora, por motivos óbvios as aulas do dia haviam sido dispensadas. E talvez não só as do dia, pelo estrago que foi feito na estrutura do colégio, certamente reparos que levariam alguma semanas seriam nescessários, o que faria com que mais tempo de aula fosse deixado de lado.
Não demorou para que o grupo também fosse embora. Assim que Pedro chegou em casa, mais cedo do que o normal, contou tudo para sua mãe. Denise ficou horrorizada com tudo que o filho contou.

- Acha que consegue contar para a mãe do Marcio isso? - perguntou ela pesarosa.

- Eu preciso, se ela ficar sabendo por outros nunca vai saber o que exatamente aconteceu.

Sem pensar muito no que ia dizer, Pedro agora estava batendo palma na frente do portão da casa de Marcio. Eva, mãe de Marcio, apareceu confusa na varanda, dizendo para que esperassem um pouco.
Assim que ela abriu o portão, Pedro e Denise foram recepcionados alegremente por Eva. Assim que se sentaram na mesa, Pedro começou a contar tudo desde o começo. Já havia passado cerca de 6 minutos até que ele chegou a parte mais difícil de ser dita.

- Bom, e assim que o demônio começou a fugir, Marcio tentou segurar ele, e foi aí que ele se virou e... E... Acertou um soco no peito do Marcio e...

Lágrimas escorriam no rosto de Pedro como pequenas cachoeiras. Eva ficou estatística, parecia em choque, ela sentia um enorme vazio no peito, até que começou a chorar incontrolavelmente.
Levou cerca de 4 dias até que os papeis informando que Eva deveria ir resolver todas as formalidades no IML até o dia 5 de novembro. Obviamente ela ignorou o praso limite e foi assim que recebeu os documentos.
É engraçado como ambiente a nossa volta parece se moldar conforme eventos nos acontecem. O dia estava nublado, era realmente um dia que fazia jus a tristeza de muitos.
Eva chegou por volta das 13:25 da tarde ao IML. Estava acompanhada da irmã mais velha de Marcio, Larissa, que estava tão triste quanto a mãe, as duas esperavam angustiadamente na recepção até serem chamadas.
Uma moça de cabelos longos e pretos veio até elas e disse que já iria atendê-las. Eva sentia seu coração disparado. Levantou-se e junto de Larissa seguiram a moça.
Elas foram até um escritório e conversaram sobre planos funerários e datas para retirada do corpo do garoto.
Após muita conversa, Eva perguntou se poderia ver o menino, a moça informou que sim e que já iria leva-la até a sala.
Andaram por corredores longos onde inúmeras pessoas choravam por entes queridos que foram perdidos.

- Aguardem aqui - indicou a moça, se afastando.

Eva e Larissa ficaram diante de uma janela que mostrava uma sala cinzenta e até o momento vazia. 3 minutos depois a porta de dentro da sala se abriu revelando uma maca com um pano branco cobrindo um corpo.
Um homem usando luvas e máscara branca posicionou a maca a alguns metros da janela e lentamente removeu o pano.
O rosto de Marcio foi se tornando visível e as duas que assistiam do outro lado da janela sentiam as lágrimas tomarem conta de seus rostos...
Numa grande sala circular com inúmeros acentos dourados, Marcio estava de joelhos exatamente no centro. A sua frente uma grande mesa branca e dourado tinha um ar um tanto imponente para um objeto inanimado.
Ele abriu lentamente os olhos e, confuso, olhou a toda volta.

Heirs of Heaven: Across the Multiverse Onde histórias criam vida. Descubra agora