Jake dá a volta pelo balcão, o mais silenciosamente possível, dando passos tão leves, e eu estou tremendo, nervosa, tudo pode acontecer nos próximos minutos.
Quando aceitei vir para cá, tudo o que eu queria era brigar com este grupo, brigar porque eu ainda me importo com eles, com o fato deles ignorarem totalmente a minha existência.
Me importo com eles, queria que resolvêssemos as coisas, que voltássemos a sermos amigos, que pudéssemos sairmos juntos, de verdade, assim como foi hoje.
Por um momento, hoje, parecia que nunca tinha me afastado, que tudo estava normal, agora todos estão mortos, não tem como acertarmos as coisas, não tem como saímos juntos, bebermos, nos divertirmos.
Eu faço um barulho, fazendo Hannah se virar, eu preciso tentar salvar o Jake, ele é o único que sobrou, então, saio de trás da mobília Hannah aponta a arma para mim, e logo depois Jake aparece atrás dela, e com o reflexo Hannah dispara a arma o atingindo na lateral do abdômen.
Ele grita e se ajoelha de dor, coloca as mãos no ferimento tentando estancar o sangue. Enquanto, Hannah está de costas olhando o que fez, ou admirando mais uma vítima, eu voo para cima dela e nós duas caímos no chão.
A arma voa para longe, eu estou com uma faca na mão, mas Hannah não para de se debater, ela consegue fazer com que a faca voe para longe, então, monto encima dela e agarro seu pescoço com toda a força que eu tenho.
Vejo Hannah tentando alcançar a faca, então aperto seu pescoço com mais força, de repente sou atingida na costela por uma queimação e dor que jamais senti na vida. Ainda estou encima dela, quando um disparo é feito e sangue jorra em todo o meu rosto, inclusive dentro os meus olhos e boca.
O corpo de Hannah desaba no chão, seus olhos abertos vermelhos e arregalados, sangue em todo seu rosto, as marcas das minhas mãos em seu pescoço.
Saio de cima do seu corpo e deito ao lado dela no chão, a faca ainda na lateral do meu corpo, olho para o outro lado e vejo Jake deitado tentando tapar o tiro com as mãos.
Me arrasto até Jake para sentir que ele está realmente vivo, graças a Deus ele está, levanto com dificuldade, e por mais que me doa, literalmente, eu preciso tirar essa faca.
Agarro o cabo da faca tentando criar coragem para arrancá-la, respiro fundo, 3, 2, 1, puxo a faca e grito, berro de dor, pego um pano de prato e amarro ao meu redor.
Ajudo o Jake a levantar, com a força que me resta, nós dois estamos fracos, exaustos, feridos, mas preciso tirar a gente daqui, então, demorando talvez o triplo do tempo normal, mas conseguimos chegar próximo a um carro.
Deixo Jake sentado, então, de novo, levando mais tempo que o que normalmente levaria, consigo trocar o pneu do meu carro, eu estou suando muito, e acho que logo entro em estado de alucinação, a adrenalina ainda está no meu corpo.
Com dificuldade, Jake se senta no banco do passageiro, dou a volta, entro no carro o ligo, e o tranco. Respiro aliviada, está quase acabando.
Olho para o horizonte, e vejo que o sol está nascendo, lágrimas estão borrando minha visão, encosto a cabeça nas mãos sujas de sangue que estão no volante, respiro e engulo o choro. Ainda não me sinto segura. Sinto a mão de Jake passando nas minhas costas, olho para o lado e o vejo sorrindo.
— Obrigado. — diz ele com um sorriso.
— Obrigado pelo o quê, Jake? — por mais que me doa, retribuo o sorriso.
— Por me salvar, você me salvou, Maria. — ele fala com dificuldade e passa a mão levemente em meu rosto.
— Você me salvou, Jake.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reencontro marcado - Duskwood
FanfictionTERROR - Duskwood Está mais para suspense com terror. Se quiser saber, vai ter que ler.