Dark Paradise || Sam Winchester

07. escola salvatore

Sam Winchester

A teoria do caos diz que não podemos prever individualmente como uma situação caótica vai evoluir a partir de uma condição inicial, que pequenas causas podem gerar grandes consequências. O bater de asas de uma borboleta no Brasil, pode ocasionar um tornado no Texas. O fato é, nunca estamos preparados para termos nossas vidas mudadas drasticamente. Você acorda, toma seu café da manhã e vai trabalhar, você não espera que um simples pneu de carro furado, seria capaz de mudar o rumo de sua vida. Nem tampouco, Sam Winchester esperaria que tivesse visto sua vida meticulosamente planejada, torna-se um filme de ação, muito embora, sempre sentiu que em algum momento o legado de sua família bateria à porta, lhe trazendo de novo para o mundo de caçadas. E tudo bem, ele tinha se acostumado com isso também. A adrenalina e a imprevisão de não saber o que iriam encontrar durante uma caçada, já havia se tornado parte de sua rotina, visitar cidades do país inteiro, viajando dentro do Impala 67 com Dean, ele gostava daquilo, ou talvez, tivesse aprendido a gostar.

Sam não considerava aquele seu efeito borboleta, por mais que sua vida passou por uma guinada de 360 graus nos últimos meses, ele não considerava o fato de Dean aparecer em seu dormitório numa madrugada de Halloween pedindo ajuda para encontrar o pai desaparecido, até porque Sam sempre soube que não importasse o quão se afastasse, ele sempre voltaria a ser um caçador, estava em seu DNA, era questão de tempo.

O verdadeiro efeito borboleta de Sam foi o maldito SMS com coordenadas que seu pai lhe enviara, a maldita cidade de Mystic Falls com seus costumes esquisitos, histórias e lendas foram seu efeito borboleta. O maldito momento em que seus olhos pousaram na misteriosa Hope numa festa ridícula de um cometa, ele soube, inconscientemente no âmago de seu ser, que estava fadado a ter a vida mudada para sempre. Hope, a menina baixinha, que estava sempre no lugar errado e na hora errada, que dava respostas vagas e nem ao menos revelava seu sobrenome. E agora, ele sabia. Tinha descoberto da pior maneira. Na noite de Halloween, quando a luz da lua cheia iluminava o céu nebuloso de Mystic Falls, Sam tinha se distanciado de Dean, a festa de dia das bruxas estava entediante e ele não aguentava mais tomar ponche horroroso.

Dizem que é nos momentos mais inoportunos que descobrimos os mais sórdidos segredos. E foi naquele cenário pitoresco, no bosque de uma pedreira, que Sam foi atacado por um lobo. Não um lobo qualquer, claramente, um lobisomem. Os uivos não eram de um lobo que tinha se perdido da matilha, aliás, nem sabia se existia lobos na Virgínia. Quando seus olhos encontraram os olhos amarelos da besta de pelos brancos, ele soube, era um lobisomem, era lua cheia, afinal de contas. Estava pronto para atirar, não tinha balas de prata em sua ponto 40, mas ao menos poderia ferir a fera, até que conscientemente, a besta se afasta, voltando à sua forma humana original. Era Hope.

Como se não bastasse, ele ainda tinha sido enfeitiçado por ela, não havia outra resposta coerente para se entregar à mulher loba, – ou talvez ele só não conseguisse assumir para si próprio, que descobrir que Hope era uma loba, foi o estopim para que a faísca de atração que sentia pela garota explodisse. Os olhos mais azuis que ele já tinha visto na vida, se tornando amarelos sem que ela sofresse nenhum tipo de mutação, bastava uma piscadela, para que o azul oceânico se tornasse em amarelo ouro. O que ele via naqueles olhos amarelos? Sua própria destruição.

Amarelo era a cor dos olhos do demônio que matou sua mãe, dizem que a vingança é vermelha, mas para Sam, a vingança era amarela. Ele sentia-se afundando, afogado novamente, preso pela maldita cor amarela. Seria coincidência o demônio que destruiu sua família ter os mesmos olhos amarelos que Hope? Quando ele estava com seus lábios grudados nos lábios sabor cereja da menina, ele não pensou nisso. Era como se a vida inteira, tivesse esperado por aquele momento. Ele se odiava por ter se entregado à ela, sem ao menos saber nada sobre sua história, exceto, é claro, que era uma loba. Uma maldita loba que não é refém da luz da lua cheia. Uma loba de olhos amarelos.