06. full moon.

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Hope Mikaelson

Era um perfeito clichê. A luz prateada da imponente lua cheia iluminava o breu dos bosques – a única fonte de luminosidade. Aos olhos desavisados, era o cenário ideal para uma perfeita armadilha, qualquer maníaco homicida poderia se esconder atrás de uma árvore, à espreita de sua nova vítima, sem que ninguém o percebesse. Mas não para Hope. A garota conhecia aquela mata como a palma de sua mão, sabia exatamente onde era um esconderijo em potencial, e ela não era nenhuma vítima indefesa, bêbada de uma festa de Halloween. Muito pelo contrário. Ela era a predadora.

Não tinha nada a temer, não tinha nada a perder. Os desavisados que não soubessem sua real identidade achariam que ela estaria perdida, muito embora, talvez estivesse mesmo perdida. Perdida dentro da imensidão de pensamentos emaranhados em sua mente. Hope estava fantasiada, ela não gostava do Halloween, contraditório, visto que seria único dia do ano que as pessoas poderia fingir ser uma criatura, como se ela não passasse os outros 364 dias do ano sendo três ao mesmo tempo. Hope odiava ver pessoas fingindo serem bruxas, vampiros e lobisomens, todas desesperadas para encontrar a fantasia perfeita para a encenação da noite sobrenatural perfeita, se ele soubessem a realidade talvez ficassem menos empolgados. Lizzie dizia que ela devia abstrair, tentar ser uma pessoa comum, aproveitar a vida. Hope deu uma risada amarga com o pensamento, enquanto corria sob sua forma de loba branca, a velocidade fazia o vento bater contra seu focinho. Como ela poderia fingir, afinal de contas, ou melhor, ela fingia muito bem. Todavia, o fato de ver pessoas fantasiadas de vampiros com aquelas presas falsas e sangue feito de xarope de milho lhe enojavam, todos aqueles corações batendo lenta e rapidamente, dependendo da quantidade e do tipo de substância que tinham ingerido, era difícil para Hope. Muitas veias pulsando, prontas para serem sugadas.

Foco, Hope, concentre-se, pensou ela. Ela parou de correr quando chegou no topo da pedreira, onde ficava a cachoeira de Mystic Falls. Ali, o silêncio pairava, sendo quebrado apenas pelo som das águas que caíam sobre as pedras de calcário. Hope se sentia em paz, na pedreira ela tinha possibilidade de ficar sozinha, sem o barulho de tantas pessoas falando ao mesmo tempo e de veias pulsantes. A pedreira tornou-se sua válvula de escape, apesar de não ser um lugar escondido, os resquícios da Guerra de Secessão fizeram com que os moradores de Mystic Falls evitassem o lugar, deixando com que a natureza tomasse conta. Hope saiu da forma de lobo, agradecia mentalmente por não ser refém da lua cheia, assim podendo se transformar quando quiser, sem todas as complicações que lobisomens comuns tinham todo mês, e sem roupas rasgadas também.

Hope sentou-se numa pedra, observando a lua cheia surgir por de trás de algumas nuvens, em algum lugar da Escola Salvatore, os lobos estavam presos, sofrendo, desesperados para libertarem a besta que ficava enjaulada dentro de si. Ela esperava, pacientemente, pelo Halloween durante o ano todo. Ela ansiava pelo momento em que todos estariam ocupados demais com fantasias e ponches baratos para se preocuparem com os verdadeiros monstros. Sangue fresco era tudo que ela desejava, porra, fazia tanto tempo desde que as presas de Hope estavam apertando uma jugular enquanto sugava o sangue quente de um humano. Somente a lembrança fez a garota salivar.

— Porra. — ela praquejou, jogando uma pedra na cascata.

Ela estava entediada, e muito irritada. Não conseguia descobrir quem era o maldito vampiro que estava atrapalhando sua vida, tinha Robert que estava apertando o cerco contra ela, em pouco tempo seria chanteagada pelo rapaz, ela tinha certeza disso. E pior ainda, ela estava fraquejando. Estava prestes a ter seu segredo exposto e ao invés de arrancar o coração daquele verme, estava sentada numa pedreira, retraída e reservada. "Você precisa ser cuidadosa, Hope. Não é mais uma aluna da Escola, mas mesmo assim chama atenção.", disse Alaric. Como se fosse simples viver nas sombras, não quando tinham três espécies brigando em seu interior por dominância.

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