Capítulo 6 - A noite

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Montienie 09/05/2006  19:00

Eu corria pelo horizonte, meu pelo balança por entre as árvores, eu havia visto finalmente o causador de todo o caos, porém estava parecendo impossível segui-ló. Por isso odeio licantropicos.

A cada vez que eu chegava perto dele, ele se tranformava, de lobo para leopardo, de leopardo para macaco, de macaco para um corvo.

O resplandecer do sol estava se esvaindo, e derrepente, com a chegada da árdua e escura noite eu o perco, novamente eu o perco...

Ele saia voando, contando vantagem de mim, provavelmente rindo de minha feição frustada, de meu rugido injaulavel.

A está medida já estava frustado, afinal, correr atrás de algo que você nunca alcança é chato, te faz sentir incapacitado e insuficiente.

Novamente estava eu, no mesmo lugar, ou melhor, sem ir a um lugar. Eu era de fato um merda.

O frio batia contra meu peito, já era hora de voltar, a fera, após atacar uma vez, não atacava outra no mesmo dia.

Ao perambular pela fria floresta, estranho a forte luz vindo de uma cabana abandonada, afinal, ninguém nunca ia lá. Me aproximo, haviam duas pessoas paradas na porta, vou até a janela e vejo um garoto com uma faca, apontando para um rapaz de cabelos castanhos que parecia abalado e estava amarrado.

Eu não poderia deixar aquilo acontecer, a fera já estava matando o suficiente e agora adolescentes matando também?

Eu odiava atacar humanos, atacava quando necessário, e bem, agora era necessário, na verdade nem pretendia matá-los, apenas lhes dar um susto.

Fui entre os arbustos até a porta da frente, rosnando para as pessoas ali presentes, achando que com isso já bastava para eles correrem, mas eles não se mexeram, não vi escolha. Os ataquei.

Na verdade, foi pura defesa. Após eu parar em frente a eles, os garotos se aproximaram com facões, eles iriam me machucar, então avancei e apenas os deixei inconscientes, mas com machucados um tanto graves.

O sangue escorria pela minha boca, era sufocante em parte, odiava sangue humano, a porta que estava entre-aberta tinha agora uma brecha para passar.

Ouço o grito de um dos garotos, provavelmente pelo sangue escorrendo nas vidraças.

Entro no local, rugindo, como se fosse uma fera indomável. O garoto da faca a larga na hora, era indescritível oque acontecia.

Pelo visto, o valentão não era tão fodão assim. Conseguiu desistir mais rápido que seus colegas.

Vou me aproximando dele, o fazendo ir para o lado de fora, ele corre até trombar de frente com uma árvore e cair duro no chão. Provavelmente estava inconsciente agora. Acho a cena engraçada, com minhas patas já sujas de lama me aproximo e apenas sujo sua cara com a lama, para parecer que algo aconteceu.

Derrepente, começa a chover, as gotas espessas adentravam por entre minha pelagem branca, volto devagar para a casa, pocas se formavam no chão, as goteiras eram evidentes.

O garoto de cabelos castanhos parecia um pouco assustado, provavelmente pensará que era o próximo.

Apenas vou para trás da madeira onde ele estava amarrado, aos poucos desarmo a corda com os dentes, com o máximo de cuidado para não machucá-lo.

O garoto cai no chão quase que instantaneamente, provavelmente estava fraco, me aproximo do garoto e vejo o sangue escorrer embaixo dos seus olhos, me aproximo e os lambo.

Por alguma razão, eu sentia uma conexão com o garoto, era quase como se tudo aquilo fosse destinado a acontecer.

Meu pelo logo é acariciado as mãos gélidas e trêmulas acariciam meu pelo, eu apenas me aconchego e me deito próximo ao garoto.

Rapidamente ele parece perder os sentidos e então adormece, fico mais um tempo por ali antes de me levantar e ir embora.

Voltava a caminhar na floresta gelada, os barulhos das folhas mostravam a movimentação do vento, era de fato uma noite gélida no local nevoado.

Ao chegar em uma cabana afastada da cidade e de qualquer civilização, me destranformo.

Logo o vento bate em meu peito desnudo, fecho as janelas do local e vou ao meu quarto, me assustando ao ver uma figura feminina em minha cama.

— Camila? Oque está fazendo aqui? — Pergunto um tanto assustado, afinal nunca mais havia visto a garota.

— Jonhy... Precisamos conversar. — Ela me olha séria.

Afirmo com a cabeça, para a garota estar ali é porque era algo sério, me sento ao seu lado.

Lucas, está vindo para cá, e ele pretende te machucar.

Em outro lugar...

Um garoto alto, cabelos pretos acabava de chegar a Montienie, seus olhos carmim brilhavam de longe, por um instante o tempo parou enquanto o jovem parava em frente a Delegacia de Montienie. O local, estava tão escuro quanto a noite, apenas a luz do poste iluminava o local.

— Achei que nunca viria. — Da sombra de uma figueira saia uma figura alta.

— Você me chamou, e eu vim. Do que precisa?

— Preciso que pegue esse garoto para mim, vivo. — O homem mostra a foto de um garoto heterocromatico. Dave.

A sangria se aproximava
Ele se aproximava
Algo inesperado se aproximava
Um romance inesperado
Uma amizade inesperada

A incógnita era cada vez maior

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2023 ⏰

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