A besta de Montienie

Capítulo 4 - Oficial Moui

Montienie 15/05/2006 16:30

Eu tinha acabado de sair da escola quando meu pai me ligou, pediu para que ao invés de ir para casa fosse a delegacia e o esperasse, pois minha mãe saiu e voltava tarde.

Sigo o caminho em direção a delegacia, demoraria cerca de 10 minutos já que era perto da escola onde eu estudava, eu me sentia constantemente observado depois de tudo aquilo, os acontecimentos me deixaram meio transtornado principalmente porque eu estava em busca da besta, a besta que salvou minha vida e que talvez tenhamos criado laços.

Meus pensamentos voam por diversos assuntos, mas recorrentemente apenas o lobo o contém. Eu talvez estivesse ficando louco, ou talvez seja algum trauma, independente do que for, não é algo bom.

Logo chego a delegacia, olho para o portão e vejo um grupo de policiais conversando, provavelmente acabaram de sair de uma reunião, vou até a recepção e logo encontro Maicon, quem recebia todos da delegacia e fazia a papelada, ele sempre estava trabalhando muito para alguém de sua idade.

- Eai Maicon! Como vai? - Digo chamando a atenção do rapaz que logo me olha com um sorriso.

- Hey Criança! Veio esperar seu velho?

- Sim, ele me mandou esperá-lo depois da saída - Digo com um leve sorriso.

- Faz sentido, as notícias da besta vem sendo recorrentes e depois daquele acontecido então. - Diz rindo, Maicon era como um segundo pai para mim, quando criança minha mãe trabalhava no antigo hospital que fechou, então eu sempre passava as tardes e noites na delegacia. Foi Maicon quem me salvou nas provas de matemática.

- Com licença Sr. Maicon, já terminou a papelada de hoje? O Delegado Rick está pedindo. - Interrompe um homem alto, não parecia tão velho, seus cabelos eram longo e presos em um coque. O olho meio confuso, afinal não o conhecia.

- Ah sim sim, já terminei! Aqui está - Maicon o dá uma pasta. - Oh! Moui, este é Dave filho de Rick.

O vejo direcionar pela primeira vez o olhar para mim, sinto um leve arrepio, seus olhos não me transmitiam uma boa energia. Ele logo alcança a mão para mim.

- É um prazer Dave, meu nome é Moui. - Ele tinha um sorriso no rosto, eu não estava gostando muito daquilo.

- Ham, prazer Moui. - Dou um sorriso forçado apertando sua mão, seu toque era frio, fazendo uma onda de calafrios se espalhar pelo meu corpo, ele se vira e vai até a sala de meu pai. Eu realmente não gostei de Moui.

Montienie 15/06/2006 19:46

Eu estava no carro ao lado do meu pai, havíamos acabado de sair da delegacia, no carro tocava baixo Here We Are de Gloria Estefan.

O silêncio no carro era grande, só se ouvia o rádio e sua melodia calma, isso até meu pai me olhar pelo espelho do carro.

- Conheceu o Oficial Moui?

- Ah sim... Não gostei muito dele. - Digo e meu pai parece pressionar o olhar, voltava a olhar a estrada.

- Ele é um bom garoto. - Não digo nada, o silêncio de novo se espalhava. E assim foi até chegarmos em casa, acho que meu pai não compartilhava a mesma ideia que a minha...

Chegando em casa subo direto para meu quarto, arrumo minhas coisas e vou ao banho, antes de entrar percebo pela janela um corvo, olho intrigado, afinal não era comum corvos na região, mas logo ele voa para longe.

Estranhei, mas não questionei, apenas entrei no banho.

Montienie 16/06/2006 08:00

Havia acabado de descer, meu pai estava limpando a piscina do lado de fora, minha mãe estava fazendo café. Ela me olha descendo as escadas e logo esboça um sorriso.

- Bom Dia Querido! Você pode ir comprar pão para comermos? - Dizia sorridente, eu aceno em um sim enquanto bocejava. - O dinheiro está em cima do balcão!

Eu pego o dinheiro, antes de sair dou um beijo na bochecha de minha mãe.

[...]

J

á estava voltando com os pães para casa, até eu me encontrar com alguém que não queria, Moui, o vejo sorrindo e acenando para mim enquanto se aproxima.

- Eai Dave, como vai?

- Vou bem... - Digo continuando a andar, tentando não puxar assunto. Ele me seguia.

- Oque veio fazer por aqui? É sábado, deveria estar curtindo. - dizia amigável.

- Vim comprar pão. - Dou um sorriso fajuto, me perguntava se ele nunca ia sair do meu pé.

- Entendo, nada melhor que um pão quentinho pela manhã! Seu pai está bem? - Ele pergunta, ainda me acompanhando e ignorando completamente a rota que estava fazendo anteriormente.

- Sim, ele está em casa.

- E os estudos? Como vão? - E parecia que o questionário nunca ia acabar, ele nem me conhecia direito, porque estava tentando agir tão próximo?

- Vão bem, eu que não vou. - Digo a última parte baixo, mas parece que ele ouviu.

- Entendo, com as coisas que vêem acontecendo você deve estar preocupado... - Ele dizia enquanto desviava o olhar.

Acenei, e parece que ele entendeu o recado, ele coca a nuca enquanto dá um longo respiro.

- Bom, tenho que ir, foi bom te ver! - Ele dizia enquanto se distanciava.

Dou graças a Deus que ele havia ido embora e logo termino meu trajeto para casa.

Montienie 16/06/2006 16:00

Estava caminhando na floresta, tentando achar resquícios da fera, mas não achava nada, de novo.

Já estava cansado, já fazia um tempo que eu o procurava, apenas estava esperando ver aqueles olhos novamente.

Eu achava sempre uma pegada aqui e ali, mas não era nada que me ajudasse, foi inclusive nessas buscas que encontrei um lago na floresta, ele era bonito, tinha uma ponte e parecia que era bem frequentado antigamente visto que do outro lado havia um banco.

Haviam algumas rosas no lago, e por ele ser pequeno não haviam peixes ou qualquer vida animal nele.

Como estava por perto, fui até o lago, me sentei próximo a uma pedra enquanto olhava para o lago, me perguntando se valia a pena tudo aquilo, se iria vê-lo novamente.

Logo minha atenção é tomada, o mesmo corvo de antes me olhava enquanto estava sentado no banco, arqueio as sobrancelhas enquanto deito minha cabeça, o corvo me olhava, como se esperasse alguma ação minha.

Eu não entendia. Mas depois daquele dia, por onde eu andava via o corvo e aquilo estava começando a me assustar.

Um lobo sempre observa sua presa antes de come-la, mas eu não o observo na intenção de lhe comer...