capítulo 04

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  Acaba o intervalo, a sirene estridente ordena que os jovens se dirijam às salas de aula, e é isso que Alex está fazendo. Caminha até sua sala ainda pensando no diálogo com a loira, na realidade pensa a respeito do tema desde que conversaram. Os pensamentos e devaneios a rodeavam.

  Ao entrar na sala, enquanto fazia o percurso para sua carteira, vê a sua frente Victória, a olha nervosa, sendo retribuída por um olhar depreciativo e um sorriso vanglorioso. Novamente um sorriso vitorioso. Novamente aquele maldito sorriso vitorioso. Perfeito.

"Deveria ter quebrado aqueles dentes quando tive a oportunidade, duvido que estaria sorrindo desse jeito". Alex esfria seu olhar para a loira. Senta-se então em seu acento, olhando ainda com desgosto para a garota a sua frente, percebendo o momento em que se movimenta.

— Por que não prende o cabelo? — pergunta Victória após se virar e ficar frente a frente com a morena — Combinou muito com você... — completa se movimentando para assistir ao professor que entrara a pouco.

  O quanto aquela garota sabe da vida de Alex a assusta. Como poderia ter noção de eventos que ocorreram no período de férias. Victória se mostra não só uma estudante promissora, mas uma jovem inteligente e perigosa. Agora a jovem de cabelos pretos queria saber o motivo da obsessão da loira por si, era realmente tão irritante à ponto de investigar sua vida para obtenção de segredos. A loira despertara algo estranho e perigoso.

  O tempo corre. As aulas passam. Alexia não conseguiu manter a atenção em praticamente nada das aulas. Toda sua capacidade de pensamento se centralizava em como explicaria a situação para a tia Momo.

  Por fim as aulas acabaram, para a infelicidade da jovem Miller que provavelmente teria uma visita odiosa. Enquanto os colegas guardavam o material, que ela não tinha seguer tirado da bolsa, o professor Roberts apagava o quadro e repassava alguma informação.

— Bem, pessoal, é isso. Todos liberados. — repentinamente, os estudantes se levantam e saem em conjunto. Quando finalmente se movimenta para sair de sala, a jovem é chamada.

— Menos você, senhorita Miller, venha aqui. — de modo rápido obedece e mudando seus passos se posiciona frente ao professor.

— Sim, senhor Roberts?

— Foi apenas minha impressão ou a senhorita não estava atenta em minha aula? — cruzando os braços, repousou seu quadril na mesa.

— Desculpas, professor. Só estou cansada, dormi mal ontem e não estou tendo um dia legal. — as afirmações são sim verídicas, mas não são o motivo do comportamento da jovem.

— Ok, então descanse, a senhorita é uma ótima aluna no quesito notas. Não deixe que nada lhe atrapalhe.

— Sim, Senhor. — se retira. Deixando apenas o professor na sala.

  Chega em casa. O percurso pareceu rápido, talvez porquê não conseguiu passar um minuto sequer sem pensar em Victoria, o que havia falado e o que poderia fazer. Tirando isso seus únicos pensamentos eram tomar um banho e esquecer tudo que acontecera.

  Entra no quarto arremessa a bolsa sobre a cama bagunçada, como sempre. Em direção a banheiro, com a intenção de tomar banho. Talvez morresse lá. Sempre pensara na possibilidade de morrer no banho, mas hoje, especialmente hoje, não parecia algo tão ruim. Pelo contrário soava como uma salvação estranha.

  Sentir a água morna escorrer pelo rosto, pelo corpo. Reconfortante. Queria ficar ali para sempre. Mas por muitos motivos, não fez sua vontade. Além do mais, não era apenas o nervosismo que a cercava e sua necessidade não era apenas de um banho, precisava comer. Sua última refeição tinha sido o almoço onde comera o suficiente para se manter em pé.

  Já na cozinha procura por sua tia, não a encontrando supõe "já deve ter ido ao trabalho". Para ter algo para comer faz um omelete, o que é suficientemente rápido e prático. Come rápido. Segue a procura pela tia.

— Olá, querida. — cumprimenta com um sorriso. — como foi seu dia?

— Olá tia. Precisamos conversar. — maior que o medo da situação atual é o medo da reação de sua tia. Ter colocado importante informações de suas vidas em jogo por caprichos e intrigas com uma garota que sabia e julgava como alguém de poder, parecia ridículo. Se culpa integralmente.

— Essa carinha não é nada boa. — se aproxima — O que houve? Aquela moça novamente? — seu olhar altera entre seriedade e preocupação. — Não me diga que foi novamente para a diretoria, no primeiro dia de aula. — fechando os olhos e pousando suas mãos sobre eles, em desaprovação.

— Bem, aquela menina aparece na história, mas não foi isso... — se enrola nas palavras.

— Então diga logo, minha Lobinha. — sua expressão de compreensão deu coragem e conforto necessário à Alex.

— Ela, Victória Davis, descobriu que trabalho aqui e ameaçou vir hoje. — despejou tudo de uma vez, já nervosa.

— Como? — questiona descrente do que ouve.

— Não sei. — fez uma pequena pausa, reunindo pensamentos — Penso que seu pai possa ser um cliente.

— Davis... — fez expressão de concentração, buscando na mente figuras com o referido sobrenome — Tem um cliente com esse sobrenome. O empresário John Davis. — parece pensar algo a mais, porem não compartilha com a adolescente próxima.

— Talvez seja. — o desânimo e a sensação de culpa atordoam a morena receosa.

— Mas o que faremos?

— O que nos resta é implorar e aceitar consequências. Talvez um acordo. — " Mas o que alguém tão rica iria querer de mim? ".

— Temos que trabalhar. Enquanto isso pensamos no que fazer.

  — Terminamos aqui. — comemora fraco Momo. Logo dando ordens à Alex — Agora vá tomar um banho e se preparar, Alexia.

  Ao tomar banho e se arrumar, por fim volta a cozinha. Tia Momo mais uma vez se vestia de vermelho, Alex sempre admirava sua tia, mulher forte, batalhadora e sempre deslumbrante.

— Aqui está o jantar, Lobinha. — sorri, buscando encobrir o nervosismo. Ao lado do prato com massas, é colocada uma máscara com a figura de um lobo. Alex observa a máscara pelo curto tempo em que come. Cansada de observar os detalhes pretos, rubros e dourados, prende a máscara junto a lateral da calça.

Findada a alimentação e a higiene, a jovem volta a acompanhar a tia.

— Os clientes chegaram, Lobinha. — tia Momo caminha a frente, Alex anda em sua direção, logo colocando a máscara em seu rosto. Definitivamente pronta.

— Ao trabalho...

POR TRÁS DA MÁSCARA - romance lésbico (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora