capítulo 17

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Depois de todo o treino, finalmente começou o intervalo. Antes de liberar as meninas totalmente, a professora fez questão de discursar sobre sua empolgação a respeito do time e tudo o que viria pela frente. Um discurso demorado para Alex que parou de escutar na parte do "bom trabalho". Enquanto Bailey falava, Miller recolhia as bolas espalhadas pelos cantos, já não bastasse estar cansada estava entediada.

Quando finalmente acaba o discurso, a professora agradece a atenção e sorri ao ver as últimas bolas sendo guardadas no cesto.

Em meio a barulheira as garotas vão ao vestiário, tomar um banho e trocar de roupa. A morena permanecia na quadra, esperando todas passarem, para finalmente me sentar na arquibancada e esperar. Quando todas saíram e o campo de visão ficou livre, foi possível ver Sarah sentada na arquibancada mais próxima, Alexia caminhou preguiçosamente até o seu lado e se sentou.

– O que achou das meninas? – Sarah quebra o silêncio enquanto pega uma garrafa de água.

– Boas... – responde enquanto bebe um gole de água, percebe seu olhar – Melhores do que o pessoal que entrou no ano passado. – toma outro gole.

Através da visão periférica, a morena vê o mínimo movimento seguido de uma fraca, mas aparentemente verdadeira, risada.

Já haviam se falado nos tempos em que jogaram, ano passado. Mas nada além de ordens e instruções nas partidas. Realmente surpreendente esta mínima interação.

– Sei o que deve estar pensando. – permanece com o olhar direcionado ao chão vazio à sua frente. Não se olham. Ambas fixam a visão a frente, Alexia observava as mãos. – Não pense que seremos melhores amigas pelo vôlei ou por algum outro motivo, só imagino que seria difícil convivermos todo o ano, estando tão próximas e nos dando tão mal.

Em resposta a morena move as sobrancelhas, não queria falar nada e nem pensou em nada, sua atenção estava na sensação de que alguém se aproximava. Comprova hipótese no momento em que ouve vozes femininas próximas.

– Mas não pense que isso é uma trégua, sapata. – falou sorrindo. A "sapata" sorriu junto, não dava a mínima mesmo.

– E então? Como foi o treino, mana? – a voz de Sophia introduziu sua presença no ambiente.

– Normal.

– Ainda não foi tomar um banho. – Vitória comenta analisando a amiga.

– Banheiro tá lotado. – explica.

Sentia os olhares em si, ao erguer o rosto Miller vê seus olhos em sua direção.

– Treinou de casaco? – indaga, Vitória – É mais estranha do que eu pensava. Deve ter sentido muito calor.

– Não sou de sentir tanto calor. – responde.

– Ela treina de casaco desde o ano passado, sempre foi assim. – Sarah explica enquanto fica de pé.

– Tem algum motivo em especial? – Sophia pergunta e todas fitam em conjunto, esperando a resposta.

– Tatuagem. – olhava nos olhos de Sophia. – São proibidas na escola, mas como não podem fazer nada a respeito, apenas escondo. – troca a direção do olhar para Vitória, ela parece confusa.

O silêncio se instala e ninguém parece querer reanimar a conversa. A loira ergue o caderno que carrega consigo aos seus olhos e parece pensar a respeito de algo nele.

– Ei, loirinha, – ela ergue rapidamente o olhar, ou melhor, todas olham. – ainda tá naquele exemplo de física? Da aula em que eu sai...

– ...Sim. – demora pra responder provavelmente estressada.

– Tava pensando nele na hora do treino, deixa eu ver. – movimenta os dedos, indicador e do meio, reforçando o pedido.

Ela entrega o caderno, e parece comentar algo com as meninas que assistiam a cena. Rapidamente se inicia um diálogo enquanto Miller analisa aquela maldita equação.

– Saquei! – voltam a atenção à morena, novamente. Inclina a cabeça para que ela prestasse atenção. As outras se aproximam por pura curiosidade. – Você vai usar as duas fórmulas essa maior e essa menor, tentar igualar as duas. – ela se moveu e pareceu que iria resmungar algo. – Mas, como você tem duas incógnitas usa essa outra fórmula pra substituir uma das incógnitas.

Ela encara o caderno por uns momentos analisando se realmente funcionaria, Sophia responde de prontidão com uma exclamação de surpresa, e talvez admiração.

Enquanto a senhorita Davis recebe o caderno em mãos e o analisa, percebe-se uma agitação na porta do vestiário, as garotas saem animadas e falando alto.
Agora há oportunidade de ir ao vestiário, sai deixando as garotas sentadas nas arquibancadas.

Um bom banho e uma boa refeição depois de fazer esforço físico é mais que reconfortante, é sagrado.

"Vou até a sala, tentar relaxar um pouco."

Após alguns minutos de paz e sossego. Se percebia as vozes das meninas. Elas se sentam em seus lugares, as gêmeas viram-se para trás para olhar a loira enquanto ela falava.

Parando a música que estava ouvindo Alexia procura na lista de música algum rock bem alto para não ter que escutar o diálogo entediante das garotas.

– Ei, tá ouvindo? – Sarah chama e ela responde olhando para seu rosto. – Ok, tá ouvindo. Desde que você e Vitória viraram uma dupla criaram bastante intimidade, não é mesmo?

Miller a fita por alguns segundos e busca a reação das outras meninas, pareciam tão alheias a pergunta quanto ela, de certa forma até desconfortáveis.

– Como você falou hoje mais cedo, seria difícil conviver com alguém que fica tão próximo de você, com uma péssima relação. – argumenta e observa o lento e rasteiro movimento de concordância que fez com a cabeça. – Além do mais, não precisa ficar com ciúmes, não vou roubá-la de você. – corrige – ...De vocês.

– Não estou com ciúmes... – sorri certa.

– Ok, ok. – levanta minimamente as mãos em "rendição" – É normal ter ciúmes de amizades às vezes ok. Não se estressa, você que começou o assunto.

Continuam se olhando esperando que cesse o contato visual, até que Sophia chama a atenção das meninas sobre alguma fofoca.

Alex finalmente volta a ouvir suas músicas, se deitando sobre a carteira.

POR TRÁS DA MÁSCARA - romance lésbico (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora