POV: Celeste
O sol estava quase me derretendo enquanto eu atravessava o sexto quarteirão, determinada a chegar à garagem do baterista da minha banda, uma banda que surgiu a partir de um projeto de composição da senhorita Mcrae. A manhã havia sido exaustiva, com aulas teóricas e pouca ação. O fato de trombar com mais garotos da Liberty do que com minhas amigas, fez com que fosse pior.
O problema era que já fazia duas horas que eu olhava para todos os lados a cada segundo, desejando secretamente que alguém estivesse por perto caso algo acontecesse. Se ao menos eu tivesse aceitado a carona que Dante ofereceu, talvez não estivesse nessa situação, mas agora era tarde demais para pensar nisso. Parei de andar quando vi o nome "Scarlet" brilhar na tela do meu celular e antes mesmo de atender, consegui ler o pedido de ajuda implícito em um "SOS". Um arrepio percorreu todo o meu corpo.
– Scar, o que aconteceu? Você está bem? – Perguntei com o coração acelerado, olhando ao redor pela última vez. A rua estava deserta.
— Onde você está? – Ela respondeu em vez de me dar uma explicação, sua voz trêmula era perceptível mesmo através da ligação.
— Estou indo para o ensaio, por quê? – Respondi enquanto voltava a caminhar em direção a um ponto de ônibus onde havia um lugar para sentar.
— Você consegue cancelar? – Ela perguntou meio sem jeito.
—Por qual motivo? Scar, está tudo bem? Me responda! – Implorei desesperada por respostas.
— Não está! – Ela disse, sem dar mais detalhes, o que me surpreenderia vindo de Ophelia. Me sentei e inevitavelmente comecei a roer as unhas.
— Amiga, eu não entendo. Posso cancelar o ensaio, mas preciso que você me explique melhor o que está acontecendo – Pensei se era o momento certo para contar sobre o incidente mais cedo, mas decidi guardar para mim. – Além disso, estou de carona com Dante. Ele insistiu em me buscar após o ensaio, já que não aceitei vir com ele – Acrescentei, exausta.
— Então deixa pra lá, amiga. Conversamos à noite – Percebi que ela estava prestes a desligar, e isso sempre me incomodava nela, essa sensação de estar atrapalhando ao querer desabafar ou pedir ajuda.
— Não, não, não. Vou inventar uma desculpa para ele. Nos encontramos lá, tudo bem? – Perguntei com a respiração quase ofegante. Jamais colocaria meus compromissos acima do bem-estar delas duas, especialmente agora que tudo parecia uma possível ameaça.
— Me fala onde você está que eu vou te buscar. Será mais fácil – Ela sugeriu.
– Ok.
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Liberty: Vengeance
RomancePessoas andam pelas ruas e seguem seus caminhos, algumas delas não ligam para o que acontece às escondidas ou em como o perigo sempre está por perto, outras ligam até demais e temem pelo pior. New Haven. New Liberty. A sociedade volta para seu ponto...