Morte, acordos e sustos

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POV: Celeste

Após sair da minha intensa aula de composição, o momento tão esperado chegou: a apresentação do meu último projeto. A professora McRae, conhecida por sua exigência implacável, especialmente comigo, despertou uma onda de nervosismo interno. As notas na guitarra quase escapavam diante da intensidade do seu olhar penetrante. A incerteza sobre a qualidade do meu trabalho sempre pairava no ar. No entanto, decidi não permitir que essa insegurança transparecesse em meu rosto. Mostrar fragilidade nunca foi parte da minha personalidade. Assim, mentalmente, excluí a presença dela da sala e me entreguei ao palco, executando o melhor solo que eu poderia oferecer. Que poderia oferecer diante do que aconteceu ontem.

Quando as apresentações finalmente acabaram, checo as novas mensagens no celular e me deparo com um convite de Scar no nosso grupo, para almoçarmos juntas. Imagino que elas estejam pensando que hoje não irei comer, já que os últimos acontecimentos me fizeram evitar a comida ao máximo e isso não deixa de ser verdade. Decido inventar uma desculpa e me dirijo às arquibancadas, onde está acontecendo um treino para o jogo, que irá acontecer no final de semana. Normalmente, eu iria para a biblioteca, mas se encontrasse com Lily durante seu turno, ela iria insistir para que eu comesse algo. Então, pego o livro de romance, emprestado por Scarlet, para me distrair dos meus problemas e da minha fome. Coloco meus óculos de sol para evitar uma possível interrupção de Dante, que estava treinando no campo.

Enquanto leio metade do livro, não consigo deixar de pensar por que a personagem principal sempre precisa ser frágil e ser salva pelo badboy, é um clichê enorme! Um clichê que minha amiga ama. Minha paciência se esgota e decido abandonar a leitura, guardando o livro na bolsa com cuidado para não amassar nenhuma página, já que Scarlet é neurótica com isso. Decidi então observar ao meu redor e notei um grupo de líderes de torcida na fileira de cadeiras próximas a mim. Elas estavam fofocando e decido escutar discretamente a conversa.

- Vocês viram as notícias hoje? O cornerback da liga de futebol foi encontrado morto.

- É realmente trágico. Agora a pergunta é por que o corpo dele estava perto da casa da Scarlet.

- Será que ela participou do homicídio? Será que aquela dali também? - Elas riem e apontaram discretamente para mim.

Percebo que meu disfarce não funcionou e, além disso, noto que a loira que acusou minha melhor amiga de envolvimento em um assassinato é a mesma vadia que estava beijando Dante na corrida. Meu sangue ferve e, nesse momento, estou pronta para brigar. Decido tirar os óculos de sol e encará-la de volta, respondendo com deboche enquanto finjo não estar desmoronando por dentro.

- Perderam alguma coisa? - Pergunto, interrompendo a troca de olhares silenciosos. Elas dão de ombros e vão embora logo em seguida, elas sabem que em uma discussão comigo, todas já entram perdendo.

De repente, o megafone do estádio anuncia o fim do treino e diz para que todos os alunos compareçam ao prédio principal. Minha mão treme porque imagino qual seja o motivo disso, peguei minha bolsa e saí apressada. Vejo uma comoção de universitários na fachada do prédio principal, alguns deles me encaram, outros choravam. Meu celular começa a vibrar sem parar e vejo o número de Dante na tela.

- Onde você está? Eu pensei que você viria me procurar, já que estava assistindo ao treino. A pergunta foi feita de forma brusca e impaciente, como sempre.

- Disseram para vir no prédio principal, então eu vim.

- Porra, sai daí e vem pra fraternidade. Agora! - Como sempre, ele age como se eu fosse sua subordinada, sem considerar o que realmente sou ou penso.

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