Prólogo

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Peguei meu material  e joguei meus cabelos para trás, saí do meu quarto e tranquei a porta.

A casa estava silenciosa desde que acordei, não achei estranho porque cada dia era uma manhã diferente. O clima da minha casa era exato, ou era muito barulhento ou era totalmente silencioso. Não havia meio termo, conversas paralelas, risadas, cochichos... Era o terror ou a calmaria.

O corredor estava vazio, fui até a cozinha na ponta dos pés e peguei uma maçã, olhei ao redor e nada de alguém aparecer, o que era bom para mim. Ninguém quer ouvir os gritos da mãe e do padrasto drogado logo pela manhã.

Suspirei e saí de casa, se é que posso chamar aquilo de casa. Já não era o meu lar a anos e nunca me senti tão infeliz dentro dela como nos últimos tempos. A pintura estava desgastada, os móveis decadentes, os sofás fediam a álcool e resíduos sexuais, as paredes estavam mofadas. Parecia que aquilo ia cair a qualquer momento.

Fechei a porta com o nariz torcido, havia sinais nela e eu desconfiava que a qualquer momento ela caíria.

Se o meu pai estivesse aqui ela estaria novinha em folha. - pensei.

Estiquei minha mão afim de chamar um táxi e o primeiro que me viu parou. Quando desci estranhei a falta de movimento e o silêncio do campus universitário.

Chequei meu relógio de pulso.

Puta merda, eu estava atrasada. Acelerei meus passos e adentrei a instituição correndo. Estava um silencioso que já começava a me irritar e só se ouvia o barulho do meu salto no chão.

Eu sabia que minha sala estaria vazia pois fazia alguns dias que o professor Jacob não aparecia para dar aula, boatos dizem que ele se mudou, mas aquela faculdade tinha sérios problemas com faltas e eu não queria mais um para resolver.

Subi as escadas quase tropeçando e fazendo uma anotação mental de nunca subir escadas correndo enquanto uso saltos, pois quase desmontei minha boca no chão.

Caminhei até à minha sala e abri a porta com tudo, o que fez a atenção de todos se virar pra mim e então percebi que a diretora estava ali com mais um homem, minhas bochechas coraram de vergonha e eu queria muito que o chão se abrisse abaixo dos meus pés.
Lançando um olhar mortal na minha direção a diretora disse:

- Está atrasada Sta. Brooks – jura ? nem percebi - vá se sentar – disse autoritária, revirei os olhos mentalmente e me sentei no único lugar vago que tinha ali, que era na segunda carteira da frente. – Como eu dizia, Jacob não dará mais aulas aqui, então o Sr. Bieber será o substituto até o restante do ano, ou anos – ela sorriu de um jeito.. safado ? para o homem de terno que estava do lado dela, então meu olhar se direcionou para ele.

Era alto e jovem não aparentava ter mais de 30 anos, tinha um bom físico, provavelmente malhava, seus cabelos loiros estavam bagunçadamente arrumados, olhos cor de mel, terno bem alinhado no corpo, vi que tinha uma tatuagem no pescoço. Era bonito, bem bonito.

Padrão.

Revirei os olhos antes de notar que seu olhar estava em mim, desviei sem graça olhando para minhas mãos.

As meninas da sala estavam cochichando coisas como: que gato, eu pegaria, nossa que homem" e lá vai. Elas já queriam dar o cu pra ele, é só mais um homem bonito, qual era a necessidade daquele alvoroço todo? 

Revirei os olhos novamente e voltei minha atenção para a diretora.

- Espero que se comportem com ele e dêem as boas-vindas que ele merece – eu só estava esperando o momento que a Sra. Clarkson ia tirar sua roupa e ficar de quatro na frente do tal Bieber, ela olhou pra ele fazendo um sinal com a cabeça e o mesmo assentiu, então ela se retirou da sala depois de se despedir.

- Bom dia mais uma vez – uma observação: ele tinha a voz rouca. Então se ouviu um coro de "bom dia" – Como já sabem, daqui pra frente eu darei as aulas de Tudo – declarou.

No semestre passado uma aluna se suicidou, foi um choque para todos e o campus passou meses com o clima pesado. Então a diretoria decidiu implementar as aulas de Tudo, seria uma "aula" que englobaria todos os tipo de assuntos, principalmente os que eram pouco abordados nas escolas. Como saúde mental e emocional, causas sociais e até educação financeira.  E o que eu mais gostava nessas aulas é que poderíamos questionar tudo e falar sobre tudo.

– E hoje não teremos aula – o Bieber continuou e todos festejaram – quero dedicar esse tempo para conhecer vocês, uma breve apresentação de cada um.

Então começou da fila do canto à minha esquerda, cada um foi falando seus dados básicos, os doidos da sala ainda acrescentavam umas coisas como "solteiro" "a procura da outra metade" "esperando a Marianne me aceitar", Bieber as vezes dava umas risadinhas com a ousadia dos meus colegas, então chegou a minha vez.

Fiquei desnorteada por um momento. Eu detesto ser o centro das atenções, não sei lidar com isso, eu estava suando frio nas mãos e meu estômago estava embrulhado.

- Sou Riley Brooks e te-tenho 20 anos.

O Meu ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora