Cuidado

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Costumamos dizer que: "não há ferida que o tempo não cure", mas parece que minha ferida se alimentava do tempo para aumentar.

Parecia que o universo estava todo contra mim, que eu era o único erro no mundo, que eu só estava gastando oxigénio e aumentando o dióxido de carbono na atmosfera. Nessas duas semanas, me sintia pior à cada dia que passava, tudo que eu fazia parecia que estava triplicando de intensidade, as aulas eram mais cansativas e meu trabalho também. Eu precisava descansar, mas todas as noites eu tinha insónia e quando não tinha insónia tinha pesadelos.

Como Justin falou, ele mal parava em casa, posso afirmar que eu o via mais na faculdade do que em casa, às vezes nos víamos de manhã e de noite, talvez por eu ter optado por passar as tardes fora, com Brianna ou com Leslie no escritório, às vezes nos meus dias de folga - eu trabalhava de quinta à domingo, isto se, tivesse algum evento/festa - Eles me perguntavam sempre como eu estava e minhas respostas eram as mesmas "estou bem". Leslie até sugeriu que eu tirasse alguns dias de pausa mas não aceitei, não queria ficar dentro de casa sem fazer nada, eu acabaria entrando em depressão.

Minha comunicação com Bieber era mínima, mas saudável. Ele até me proibiu de chamá-lo de Professor fora do recinto académico, eu concordei pois tornava tudo mais estranho. E ajudou muito para que aquele desconforto que eu sentia em sua presença diminuísse.

Era domingo, abri os olhos e olhei para o relógio na parede do quarto, 2:33 PM, era a segunda vez que eu dormia naquele dia, pela manhã eu acordei e fiz minha higiene mas voltei para os lençóis depois de sentir minha cabeça doendo.

Me sentei na cama sentindo meu corpo reclamar e minha cabeça latejar fortemente me fazendo levar minhas mãos até ela olhando para um ponto fixo, numa tentativa falha de fazer a dor diminuir.

Levantei saindo do quarto ignorando a tontura forte que me atingiu e caminhei grogue à procura de remédios. Meu corpo estava fraco.

Água, água, água. Preciso de água.

Procurei abrindo a geladeira depois de pegar um remédio na cozinha, peguei a garrafa de vidro e então notei que estava trémula sentindo o objeto escorregar da minha mão, consequentemente vendo os cacos de vidro se espalhando pelo chão.

Eu estava descalça. Que droga.

O barulho fez meu cérebro estremecer e a tontura me atingiu com mais intensidade.

- Meu Deus - sussurrei apoiando minhas mãos na mesa, com a cabeça baixa respirei fundo tentando afastar aquela dor infernal. Minha visão estava turva e tudo estava girando.

- Riley? - alguém me chamou.

Justin.

Ouvi sua voz no fundo, mas antes de conseguir levantar meu rosto para procurá-lo senti tudo rodopiar e meus cotovelos trémulos falharam, minhas pernas cederam e eu tombei no chão sentindo meu braço arder. A única coisa que vi foi minha visão escurecer.

*********

Abri meus olhos com toda calma e lentidão do mundo. O teto era branco, cheirava à desinfetante, eu estava no hospital.

Mas porquê?

Me mexi na cama virando meu corpo para o lado direito me assustando ao ver olhos cor de mel desviarem do celular para mim, ele estava sentado na poltrona com os cotovelos apoiados nos joelhos, sua típica posição para mexer no celular. Não sei porque raios eu sabia daquilo.

- Finalmente Bela Adormecida - sorriu fraco.

- O que aconteceu ? - perguntei me sentando, tudo que eu fazia era com lentidão, como se estivesse aproveitando cada gesto. Tinha uma agulha em meu braço direito. Soro. Notei também um curativo no meu outro braço e alguns nos pés mas esses eram mais pequenos... os cacos.

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⏰ Última atualização: Nov 10 ⏰

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