Capítulo 16 - Conversa

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*Não revisado*

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Simone Tebet

Sinto minhas pernas fraquejarem e me seguro na porta para não cair. Escuto meu coração se despedaçando a cada lágrima que cai de seus olhos. O seu olhar estava perdido, seus olhos gritavam socorro.

Acordo do transe quando um soluço seu ecoa pelo pequeno espaço, e acabo me aproximando, fechando a porta com a chave logo depois.

— Ei... — me sento no chão, segurando seu rosto em minhas mãos e tentando limpar as lágrimas que teimavam em cair. — O que houve?

Nenhuma resposta foi proferida, a não ser mais lágrimas que molhavam as minhas mãos e escorriam pelos meus pulsos.

— Fale comigo, querida!

Novamente nada foi ouvido. Desço meu olhar por seu corpo pequeno e observo os seus dedos apertando o tecido da sua calça bege, o seu peito subindo e descendo rápido demais pelo seu coração acelerado, sua respiração descontrolada e como sua boca abria tentando puxar o ar.

Soraya estava tendo uma crise de ansiedade.

Logo me vejo quanto eu tinha 25 anos e via minha irmã mais nova com apenas 15 anos tremendo e gritando em meus braços, e eu sem conseguir fazer nada para tirar aquela dor de dentro do seu peito.

E em um piscar de olhos as coisas que eu tentava fazer para distrair a mente da minha irmã para tentar tirar ela daquela bolha de tortura aparecem em minha mente e decido fazer com Soraya.

Me aproximo tirando a suas mãos da calça entrelaçando-as com as minhas e ignoro o choque que percorre todo o meu corpo com o gesto, sinto suas mãos geladas apertarem as minhas com força, tentando passar através disso toda a sua dor e angústia.

Respiro fundo quando a manga comprida da sua blusa escorrega por seus braços revelando vários arranhões e cortes feitas por suas unhas.

Soraya fecha os olhos e inclina a cabeça para baixo, com isso, me encosto na parede e puxo o seu corpo para o meu colo, a sentando ali. Coloco a sua cabeça no meu peito e começo a fazer um carinho nos cabelos da sua nuca, o que faz todo o seu corpo se arrepiar.

— Você está me ouvindo?

Demora um pouco para que ela concorde, balançando a cabeça para cima e para baixo. Sinto minha camisa de seda grudar na minha pele por conta das suas lágrimas e a aperto mais em meus braços.

— Vou lhe fazer algumas perguntas, tudo bem? — falo calma para que ela entenda os meus próximos passos. — Eu preciso que você me responda, meu bem.

Sinto o rosto de Soraya sair da curva do meu pescoço rapidamente, e sinto que falei agora de errado. O seu corpo começou a tremer bem mais do que antes, o que me fez ficar desesperada. Eu precisava acabar com aquilo.

— Você entendeu? — a sua cabeça mexe milimetricamente, concordando. Ela deita novamente sua cabeça em meu ombro, e inala o cheiro presente ali. — Eu preciso de palavras, Soraya!

— Sim. — um sussurro fraco, trêmulo.

Seguro a sua mão que imediatamente me aperta, como se sua vida dependesse daquilo. Respiro fundo, sentindo o cheiro dos seus cabelos.

— Quero que olhe para mim enquanto eu falo, tudo bem?

— Eu... E-Eu não c-consiguo. — e se prende mais a mim, envolvendo seus braços em volta do meu pescoço e enterrando o rosto ali também.

My Boss  // SIMORAYA Onde histórias criam vida. Descubra agora