My Boss // SIMORAYA

Capítulo 24 - Péssimas Lembranças - parte 2

Soraya Thronicke

Talvez você já tenha passado por isso: ficar cara a cara com a pessoa que mais te machucou e você pediu tanto a Deus para nunca mais encontrá-la. Mas em um dia qualquer, você encontra com aqueles olhos que te causam medo, que tanto te perturbou e te fez chorar.

Ele tá aqui, na minha frente, me olhando como se eu fosse um pedaço de carne, como se preparase parar dar um bote na sua presa.

Sinto minha visão ficar embassada por conta das lágrimas que brotam no canto dos meus olhos, é com isso que saio do meu transe e dou um passo para trás olhando para Simone que até então ainda não me viu.

Eu quero correr, fugir para um lugar que ninguém me encontre. As suas maltidas palavras são repetidas várias e várias vezes na minha cabeça. A sua voz ecoando na minha mente me causa ânsia.

Simone se vira na minha direção e desce a pequena escadaria, seus olhos me analisam e tento mostrar um sorriso. Mas sei que ela percebe o que está acontecendo comigo, ela não devolve o sorriso, só segura na minha mão e me puxa para um canto mais afastado das pessoas.

Sentia meus pés como gelatinas, moles, não sei como consegui andar sem cair. A mão de Simone que segurava a minha sobe pelo meu braço e logo sinto o seu corpo se chocar com o meu, em um abraço.

É uma sensação inexplicável.

Me sinto mais calma, minha mente esvazia. Mas é só olhar para trás do seu corpo que encontro novamente ele, no mesmo lugar, me olhando.

Aperto mais seu corpo e fecho os olhos, Simone cheira os meus cabelos e passa seu nariz no meu pescoço, me sinto segura.

— O que houve? — pergunta baixo no meu ouvido, se afastando um pouco para olhar nos meus olhos, ainda me abraçando.

— Nada. — respondo, sentindo um gosto amargo na boca.

Simone semicerreia os olhos e me solta, e agradeço mentalmente por tampar a pessoa atrás de si com o corpo.

— Foi por causa da conversa com a recepcionista? — pergunta com uma sobrancelha arqueada, me fazendo soltar um risinho. — Bem que eu vi vocês de risinhos uma para a outra, algo ela falou pra te deixar assim.

— O quê?

Simone está com ciúmes? É inevitável não sorrir com esse pensamento. Ela me olha e forma um bico com os lábios e luto o máximo para não agarrá-la aqui mesmo.

— Do que está rindo? Não estou vendo nem uma palhaça aqui.

Acabo sorrindo mais, e esqueço tudo o que fez termos essa conversa.

— De nada. — rio ainda mais.

— Já chega, Soraya. Vou voltar para o palco, já vai começar a palestra. — fala se virando e, antes que ela dê mais um passo, seguro na sua mão e a puxo, virando-a novamente.

— Desculpa, mas é inevitável não te ver com ciúmes e não sorrir. — coloco a mão na boca e Simone cruza os braços.

— Eu com ciúmes? Eu não sinto ciúmes, meu bem.

— Humrum.

— Só estou incomodada com o jeito que ela tocava em você — ela começou a imitar Aline, fazendo os gestos com as mãos em mim e me seguro novamente para não rir. — E os sorrisos? Não sabia que você trabalhava no circo ou era o patati patata.

A minha risada aumenta e algumas pessoas olham para nós duas, cubro minha boca com as mãos e começo a sentir um pouco de falta de ar.

— Você fica linda com ciúmes. — consigo falar após algum tempo, sentindo minha mandíbula doendo.