Capítulo 2

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Em outra cidade, a trilha de corpos era visível a todos. Pessoas que estavam no lugar errado, na hora errada. Os Alquimistas sabiam que tinham de capturar o fugitivo antes que mais destruição e mortes fossem causadas. Bruno olhou para as grandes pegadas vermelhas no chão, e viu que seu alvo tinha seguido em direção ao antigo hospital psiquiátrico da cidade de Brumas Verdes. Hoje, uma espécie de museu da loucura. O chefe da caçada ri: se as pessoas soubessem o quanto da loucura é realidade, hospitais como aquele existiriam aos montes.

— Chefe! Tem um sobrevivente aqui. − Disse um dos três homens que acompanhava Bruno, que foi até seu soldado e olhou para o ponto que ele indicava.

Havia um rapaz ali, com um grande corte na barriga. Estava vivo e consciente.

— Me diga, o que aconteceu? — Perguntou Bruno, tirando uma garrafa de água de dentro da mochila.

— A coisa chegou de repente. Acertou o Douglas pelas costas, só ouvimos o seu grito, e quando viramos, uma sombra grande estava atrás dele, uma garra, tinha uma garra atravessando a barriga dele. Nós gritamos e tentamos correr...

O rapaz parou para beber um pouco da água que Bruno lhe ofereceu.

— Ele jogou o Douglas na Jane, ela caiu, eu e a Cassia corremos para o outro lado, mas num pulo, ele a alcançou e mordeu sua cabeça. Aquilo, aquilo não era real. Você não vai acreditar em mim. Não era real.

— Eu acredito em você. Continua. O que aconteceu depois? – Bruno, tentando acalmar o rapaz.

— Como pode ser real aquela coisa? Era grande, enorme, maior do que nós. Eu pensei que fosse um urso, mas isso não existe aqui no Brasil. Eu vi a cabeça dele. As presas, as orelhas, o nariz. Era a cabeça de um cachorro. Não, era maior. Um lobo. Ele me atacou, cortou a minha barriga. E quando estava para golpear a minha cabeça, a Jane gritou. Ela gritou e correu para o museu pedindo ajuda. Ela conseguiu?

Bruno olhou para a frente e viu Vicente remexendo em algo que parecia um corpo despedaçado.

— Ela conseguiu? Me fala. — O rapaz, voltando a questionar Bruno.

— Ela correu para o museu?

— Sim. Eu vi quando fugiu.

— Nós vamos ajudá-la. Agora descansa que a ajuda já vem.

O rapaz fechou os olhos por um segundo e sentiu a espetada em seu peito. Sua boca foi tampada por uma mão, ele abriu os olhos e Bruno estava sobre ele, a faca enfiada em seu coração. Os olhos do homem sobre ele.

— Calma, não vai demorar. – Bruno sussurrou para o rapaz, que logo não respirava mais. Ele limpou sua faca nas roupas do rapaz e a guardou. Depois, se levantou.

— O alvo fugiu em direção ao museu. Vamos.

Os quatro homens seguiram para o museu buscando seu alvo.

As Chaves de AbadonOnde histórias criam vida. Descubra agora