A chuva ainda caia forte, Arthur estava ensopado, mas estava abrigado dentro da casa, ele não ousava abrir a janela pois tinha medo que o estivessem esperando para abri-la e o encurrala-lo. O lugar estava um pouco escuro, mas não demoraria muito para que seus olhos se acostumarem e logo poder ver as coisas ao redor.
O lugar estava bem empoeirado, parecia até que quem morava ali tinha fugido pois nada da casa foi levado. Arthur resolveu explorar o cómodo em que estava, viu um espelho de dois metros na parede ao lado de um guarda-roupa.
— Nossa! Que espelho enorme, desse tamanho nunca vi, mas meu reflexo está meio turvo; talvez seja por causa da poeira. - Disse Arthur.
Ele limpou grande parte do espelho com o antebraço.
— Meu Deus, no espelho pareço mais encharcado da chuva.
O menino tinha um tamanho normal para sua idade, sua pele tinha uma cor bronzeada, seu cabelo era curto e preto. Ele usava uma camisa com mangas compridas e uma calça do tipo que é segurada por alças que passam pelo ombro, e por ultimo os sapatos que usava estavam bem gastos.
— O que será que aconteceu com quem morava aqui? - Disse Arthur olhando ao redor. Nesse momento ao lado de uma cômoda ele viu algumas fotografias na parede, eram três, uma delas era de um homem com cerca de 40 anos com um uniforme e uma estrela de xerife. O homem da foto estava sério (pois naquela época se tirava foto sério); no segundo retrato ele estava com um cão da raça husky, branco como a neve. O terceiro quadro estava coberto de poeira.
— Deixe-me ver esse quadro... melhor eu limpa-lo, ele está tão empoeirado que não dar pra ver quase nada nele. - Falou enquanto se aproximava deles e pegou a terceira fotografia e limpou passando a mão por cima.
— É o mesmo cara, mas com uma adolescente, deve ser filha dele, pois ela é a cara dele. Ao menos descobri quem morava aqui, mas por onde essa gente anda?
O homem da foto era negro de cabelo curto e sua vestimenta em boa parte das fotos era como a de um cowboy em alguns quadros ele aparecia com uma estrela de xerife. No quarto havia alguns quadros do tipo pintura a óleo, havia dois, um era de uma paisagem com pastos e montanhas no horizonte, e no céu estava três balões de ar quente.
— Nossa! O que é esse negocio enorme no céu desse quadro? - Falou bastante intrigado. - Como uma coisa desse tamanho pode ficar no ar? Que ridículo! Com o peso com certeza iria cair; acho que nem sairia do chão; gente doida! Olha tem umas pessoas em cesto debaixo desse negócio. Acho que o artista dessa obra estava muito doidão, será que ele bebeu muito nesse dia? ou será que ele consome algum cogumelo?
No segundo quadro havia um elefante e uma girafa, tranquilos, comendo as folhas das arvores, Arthur nunca tinha ouvido falar desses animais, não sabia nem o nome deles, infelizmente sua cidade só tinha uma escola e era apenas para pessoas que tem uma boa condição. A grande maioria das pessoas na cidade era analfabetas, tinha delas que só sabia contar, somar e subtrair alguns números, outras mau sabia escrever o próprio nome.
— Esse terceiro quadro é realmente uma obra de arte de verdade, a pintura dessa locomotiva está incrível, que belo trem!
O terceiro quadro era um trem com algumas partes pintadas de azul, essa locomotiva era diferente da que tinha perto da cidade, pois na pintura o trem parecia maior, mais potente e mais moderna.
— Sem duvida esse é o único quadro que não mostra coisas loucas e irreais. - Falou com uma expressão de aprovação no rosto.
No quarto havia uma escrivaninha com alguns papeis em branco organizados em uma pilha no canto dela; em uma gaveta aberta estava um potinho de tinta e uma pena. Arthur os viu e admirou-se.
— Cara! Eu já vi alguns riquinhos com esses potinhos de tinta e pena, as pessoas dizem que isso é uma perda de tempo. Mas com certeza é legal e interessante. Queria ao menos saber escrever meu nome. Vou tentar ao menos escrever alguma coisa, talvez posso tentar copiar algumas palavras desse livro aqui...
Na escrivaninha havia um livro chamado "nosso mundo" ele tinha um mapa-múndi, ilustrações de paisagens cidades, diferentes povo e animais, ele pegou o livro e quando abriu estava na página sobre animais e ali havia hipopótamos, pavões, gorilas e tucanos.
— Oh meu Deus, essa gente não sabe mostrar criaturas de verdade? Só mostra uns animais estranhos tirado da mente doentia deles — Falou Arthur aborrecido.
Ele mudou para uma página que tinha a imagem de uma moeda e em cima dela estava escrito 50 centavos, ele imaginou que estava escrito dinheiro, então ele resolveu pegar a pena e tentar escrevê-lo em um papel em branco.
— Droga, não aparece nada no papel... Lembrei!... Me lembro de ver os riquinhos mergulhar a pena em um daqueles potinho com tinta preta... Vou fazer o mesmo... Acho que vai funcionar agora.
E realmente deu certo, mas ele ficou um pouco decepcionado pois o seu suposto "dinheiro", que ele havia escrito, estava bem feio e grande no papel, nem uma pessoa alfabetizada entenderia aquilo, talvez com uma analise cuidadosa e olhando a frase no livro, a pessoa conseguiria ler no papel a frase "50 centavos".
— Nada mau para um principiante, acho que vou guardar essa folha pra mim, agora falta só aprender a escrever meu nome.
O céu ainda continuava cinza e cheio de nuvens grossas, mas a chuva estava fina e os trovões estavam baixo.
— Melhor eu ir para casa, o pai logo vai chegar, mas aqui é um lugar interessante; vou voltar mais vezes.
Assim ele destrancou a janela devagar para não fazer ruido, abriu ela um pouco para ver e os pestinhas perigosos ainda estava lá. Assim, visto que não havia ninguém lá fora e que o perigo já se foi, ele atravessou a janela, fechou-a, e desceu pelos caixotes e barris, e foi embora pelos becos e ruelas pois ele temia se encontrar com Anne e sua gangue novamente.
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Arthur Uma Aventura Romântica no Velho Oeste
AventuraLivro de categoria livre para todos os públicos. Em meio ao árido e implacável cenário do Velho Oeste, embarque em uma jornada épica de amor, coragem e aventura com 'Arthur: Uma Aventura Romântica no Velho Oeste'. Conheça Arthur, um jovem...