First capther

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Sirius se revirou na cama, se jogando de um lado para o outro, sua respiração estava ofegante, seus olhos estavam ardendo e sua pele coçava como se mil formigas tivessem mordido sua barriga e agora andavam pelo seu corpo em busca de outro local para deixarem em carne viva. E esse é exatamente o motivo de ter ido embora... Esse lugar o deixava estranho, esse lugar causava enjoos e dores frequentes, e Sirius tinha uma pele sensível demais para ser gasta em uma mansão mal assombrada.

Não conseguiu permanecer mais muito tempo deitado, tomou a liberdade de se encaminhar para seu quarto de banho, ligar a torneira de sua banheira e procurar em seus armários alguma toalha. A água estava em uma temperatura agradável, relaxava seus músculos, mas não o deixava com calor, Sirius afundou a cabeça na banheira, soltou bolhas de ar e abriu os olhos, encarando o mundo a fora por dentro da água, então subiu, e somente assim pegou seu sabonete líquido para se banhar.

Sirius era um adulto normal... Devia ter se casado no ano anterior com sua prima Narcisa para manter o sangue em sua família, mas não deixou que isso acontecesse. Devia ter entrado para a política como todos os seus parentes homens, mas não fez como o esperado. Devia ter entrado para os negócios da família, devia ter encontrado uma boa garota, devia ter um planejamento de vida, devia ser o que queriam que ele fosse, mas ele não era...

Sirius era um adulto normal... Porém, não tinha desejos de um homem normal... Sirius enfiou a cabeça na água mais uma vez, soltou todo o ar e esperou, não aguentou mais e subiu ofegante, puxava o ar com dificuldade, tossiu, bateu com a mão no próprio peito, agarrou as bordas da banheira, jogou o corpo para fora...

Sirius era um adulto normal... Gostava de andar a cavalo e pastorear o gado, gostava de conversar com filósofos e artistas incompreendidos, gostava de pintar suas telas, gostava de viajar, gostava do mundo... Sirius passou a espuma de barbear e sem espelho algum tirou o bigode e a barba rala que se formava em seu rosto a alguns dias, não teve muito tempo desde que decidiu visitar sua família.

Sirius não enrolou muito tempo na banheira, terminou de se lavar, se secou e começou a se vestir. Sirius em geral era um homem pensativo, pensava muito sobre como seu cabelo ficaria com cada chapéu e qual cor de terno realçaria mais a cor dos seus olhos, pensava muito sobre coisas sérias também, como economia local e... ah, quanto vai custar seu café da manhã na primeira cafeteria que encontrar, e sempre, sempre pensava na frase certa para cortejar a garçonete mais bonita.

Ao abaixar-se para verificar seus calçados, Sirius ouviu pela primeira vez desde que chegara um som agradável, longe de brigas, murmúrios, fofocas ou as vozes que viviam atiçando-o, ele ouviu música! A música mais bela que já alcançou seus ouvidos, ele ouviu a melodia que pode encantar sua alma, Sirius nunca se sentiu tão bem dentro da mansão quanto agora, Sirius sequer já tinha se sentido bem neste local.

O homem que a alguns meses não cortava o cabelo se sentiu atraído, se sentiu obrigado a seguir a melodia. Sirius já sabia que era o piano alemão de armário que se encontrava na sala de estudos de seu irmão mais novo, Regulus Black, mas Sirius duvidava muito que Regulus já soubesse tocar dessa forma, tão maravilhosamente bem, com tão pouco tempo de aula, fazia pouco mais de dois meses que trocaram correspondências e Regulus tinha contado sobre suas aulas.

No mesmo instante que abriu a porta para descer as escadarias, avistou Regulus saindo do próprio quarto, confirmando que não era ele quem tocava a música dos anjos. Regulus sorriu em sua direção:

— Bom dia, pequeno-rei — disse Sirius, avançando as escadarias sem dar tempo do mais novo responder.

— Espere! Aonde você vai?! — perguntou Regulus, quase correndo atrás de Sirius, mas com muito mais elegância ao descer as escadarias.

The Melody Of The HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora