Derrota e Vitória (Romance Gay)

#3: Visita ruim

Depois de alguns dias sofrendo nessa clínica horrível, parece que alguém finalmente resolveu me visitar.

— Ele tá ali. — diz o enfermeiro me dando um leve empurrão até um dos bancos de parque.

Nele estava Tyler, me encarando com os braços cruzados e uma expressão num misto de surpresa e decepção.

— Então você tá sabendo. — digo.

— Sério, Alistair? Resolveu virar viado?

— Eu não resolvi nada! E me respeita, eu sou homossexual, e nasci assim.

— Então esse é o nome da doença? Pelo menos tem cura. Ainda bem que o pai te trouxe pra cá, você vai sair dessa.

— Eu tô tomando choques aqui dentro!

— Culpe o Jonah, você foi fraco e caiu no papo dele, agora aguenta as consequências. Ali, você é meu irmão, você é macho.

— Você não ia gostar de tomar choque a torto e a direito.

— Isso nunca vai acontecer comigo, meu negócio é mulher. Aliás, com tanta gostosa no mundo, e uma delas gostando de você como aquela sua amiga da faculdade, pra que você foi querer pau?

— Tyler, olha só o que você tá falando pra mim, você é meu gêmeo. Você tinha que me entender.

— Eu entendo que você precisa de ajuda. Digo isso como gêmeo que te ama.

— Por favor, Tyler. Faz o pai me tirar daqui!

— Você não tá curado, Ali.

— EU NÃO TÔ DOENTE.

— Aí, tá vendo? Você tá tremendo, e tá irritado, gritando...

— Não dá pra ficar muito melhor que isso nesse inferno!

— Você vai esquecer essa coisa de querer ficar com homem em pouco tempo, aí você vai pra casa novinho em folha. Quem sabe você não leva a Olivia pra cama e começa a ficar com ela.

Ele levanta.

— Tchau.

— Tyler, me ajuda!

Pego nele e o chacoalho.

— Me tira daqui.

— Alistair. — ele pega nas minhas mãos. — Você vai sair daqui rapidinho.

Ele vira as costas e sai andando.

— AHH.

Lembro que me senti atacado por todos os lados, e que fiquei com um ódio muito grande do Tyler que evoluiu pra um desprezo extremo ao longo dos anos. Ele é um homem mesquinho, não é muito inteligente e é um péssimo marido pra Leah, e como ele cria o filho dele como nosso pai nos criou, ele provavelmente é um pai ruim também.

— Merda, eu não aguento mais esse lugar! Não aguento mais!!

Arranho meus braços sem conseguir me conter.

— Alistair, para! — o Jonah diz aflito se aproximando.

— Não dá, Jonah. Não dá!

Começo a chorar de raiva e a tremer, soluçando alto.

— Não aguento ficar aqui...

Continua...