#22: "... eu odeio Tyler Simmons!"

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RICHIE

Chego na frente da empresa e respiro fundo.

Deus, eu odeio esse emprego!

Eu sou formado em administração - outra coisa que não gosto muito - e trabalho na empresa da família, isso é porquê eu sou quase uma marionete do meu pai. Me sinto bem mal com isso, até porquê ele é meu pai, né, mas eu odeio Tyler Simmons!

Enfim, entro e subo pro meu andar, entrando na minha sala.

— Richie! — meu pai fala alto entrando na sala e eu viro os olhos. — Que merda é essa?!

Ele joga uma folha na minha mesa.

— O meu relatório.

— Que ficou uma droga! — ele praticamente grita.

— Não precisa falar assim comigo, pai! Eu refaço, pronto.

— Você é meio sensível demais.

Respiro fundo.

— Sabe, você tem razão. Eu só deveria cagar e andar pra você.

— Garoto, me respeita!

— E você me respeita? Não, eu nem devia perguntar isso. Eu deveria só aceitar que nunca vou receber carinho de você.

— Richie, homem só recebe carinho de mulher. Nem pode receber muito carinho de mãe, pra não acabar virando viado, tem que ser carinho de mulher mesmo.

— Isso não faz eu me sentir melhor.

— Arruma uma mulher que passa.

Ele sai.

— Que saco! Eu não gosto de mulher, que inferno.

Levanto e vou pegar um café.

— Oi, Richie. — diz tio Alistair.

— Oi, tio!

Adoro o tio Alistair, ele sempre me tratou com carinho e sempre me incluiu no que fazia com o Jake.

— Tá bem?

— Ah, sim. Só o meu pai daquele jeito.

— Ih, não liga pro meu irmão, não. Você é quase meu filho mesmo. — ele ri.

— É. — rio junto.

Pego o café e volto pra minha sala.

— É, bora refazer esse relatório.

Eu adoraria ser filho do tio Alistar, ele criou o Jake muito melhor do que meu pai me criou, e o problema seria exatamente ele. Se eu fosse irmão do Jake, não teríamos tido uma história de amor como a que tivemos, ele é a única coisa que me deixa feliz.

Bom, ele era... Aquele vizinho dele acabou com tudo e tirou ele de mim.

[...]

Chego em casa no final da tarde e vejo minha mãe sentada no meu sofá.

— Oi, mãe.

— Oi, amor.

Abraço ela, coisa que eu só posso fazer agora, antes de sair de casa meu pai não deixava minha mãe me dar muito carinho com medo que eu "virasse viado".

— Mamãe, você parece triste.

— É, dá pra reparar? Realmente não tô nada feliz, meu filho.

— Por quê?

— Seu pai.

— O mesmo motivo que me faz triste sempre. — digo e me viro, pego um uísque e bebo um gole.

— Ele não pega leve com você, né?

Balanço a cabeça em negação.

— Acho que comigo também não. Ele tá tendo um caso com uma ninfeta mais nova que você!

Olho pra ela surpreso.

— Como é?!

Sento no sofá e me mexo incomodado.

— Meu Deus, como meu pai consegue? Ele nunca foi um bom marido, mãe.

— Não, também não é...

Interrompo ela.

— Mãe, eu sei que você ama o meu pai. Mas, olha, não tem como negar isso! O pai é um idiota e trata nós dois como lixo.

— É verdade. — ela diz com a voz embargada. — Desde que casei com seu pai, eu me humilho pra ser amada por ele e nunca me sinto realizada. A única coisa que vale a pena é você, Richie.

— É muito importante pra mim ouvir isso, mãe.

— Sabe o que eu deveria ter feito? Ter arrumado outro homem pra ser um bom pai pra você e um bom marido pra mim.

— Seria bom ter um pai carinhoso.

Lágrimas descem pelo meu rosto e eu fungo.

— Filho... — minha mãe diz já chorando. — Me perdoa? Me desculpa por ter sido tão omissa.

Abraço ela.

— Eu amo você, mãe.

— Também te amo, meu filho. Não acredito que passei mais tempo da minha vida com o seu pai do que sem ele. E você, conviveu a vida inteira com ele.

— Bom, já passou. Acho que você precisa se separar dele.

— É, já chega disso. — ela diz pegando nas minhas mãos.

Beijo a testa dela.

— Eu vou dar uma lição no papai. Vou fazer essa garota sumir da vida dele.

— Vê lá o que vai fazer, hein.

— Não se preocupa. Eu só quero fazer o papai se sentir lesado, como fez você se sentir a vida toda.

— Bom, eu vou embora.

— Tá bom.

Ela me beija e levanta, então eu a levo até a porta.

— Te amo. — ela diz.

— Te amo.

Fecho a porta e encosto as costas nela, então começo a chorar e desço até sentar no chão.

— Como é que ele pode ser assim? Se eu ao menos tivesse o Jake... Que ódio.

Seco minhas lágrimas e levanto.

— Meu pai vai ver uma coisa.

Continua...

Derrota e Vitória (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora