I - A Marca de Caim

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⚠️O capitulo contém menção a violência física, sexual e emocional. 


"E agora, maldito és tu nesta terra que manchas-te com o sangue do teu irmão. Carregarás contigo a marca de sicarius e qualquer um que a ti tentar ferir, sete vezes mais será castigado."


1300 Antes do Surgimento da Ordem dos Feiticeiros

"Dois irmãos se prostram perante a um deus; e em altar, apresentam, cada um, sacrifícios.

As cores vivas e o frescor da colheita, agradavam a Caim. Suas mãos, já calejadas, lavraram a terra, e com paciência, colheu frutos do seu árduo trabalho.

Mas o deus que expulsou Ādam e Ḥawwā do jardim da vida, do sangue que manchava o altar e que escorria do novilho sacrificado pelo segundo filho, se agradou mais.

E a ira pela primeira vez de Caim se apossou."

🧛‍♂️🐺

Reino Escarlate - Era Da Neblina

— Senhor, a nascida da terra escapou.

— E por que estás aqui perante a mim e não atrás dela?

— Mas, meu senhor...

O olhar obscuro do primeiro transgressor por um momento lhe calou. Caim levantou-se do seu trono de pedras e com uma calmaria irresoluta e amedrontadora, inclinou-se perante ao jovem mensageiro, segurando seu fino rosto firme entre os dedos, vendo em suas íris recém-coloridas de carmesim, a razão do seu temor.

O amanhecer.

— Poderá o sol a tua pele fundir? — perguntou descontente, soltando-o com tamanha força que corpo do vampiro deslizou alguns metros pelas pedras de mármore que cobria o chão.

Caim repudiava os covardes e suas demonstrações de temor.

Aproximou-se das pesadas cortinas que cobriam o enorme vitral do salão e as abriu em um único impulso.

O jovem vampiro, antes ajoelhado à sua frente, rastejou para trás, encolhendo-se diante da claridade vinda dos feixes de luz.

— Responda-me! Derreterás se atravessar os umbrais desta fortaleza ao nascer do dia?!

— Não, meu pai, mas...

As palavras vacilantes do mensageiro despertaram a ira de Caim. Como podia um filho seu tremer perante sua presença, por um medo que não fosse por ele causado?

— Temes mais ao sol do que a mim?!

Outra vez, Caim avançou com ira na direção do mensageiro, segurando-o desta vez por sua garganta, erguendo-o do chão e fazendo-o lhe olhar profundamente. O branco dos seus olhos tornaram-se obscuramente pretos e rajadas em forma de raios da mesma cor começaram a surgir nos olhos do jovem em suas mãos. Após um singelo sussurro ao pé do ouvido, Caim o soltou e, com um sorriso sombrio crescendo em seus lábios, assistiu-o agonizar à sua frente.

O pobre mensageiro gritava de dor, arrancava os próprios cabelos e arranhava profundamente a pele, a ponto de formar feridas que tardavam a cicatrizar. O detentor da maldição dominava sua mente, plantando nela sementes obscuras que floresciam rapidamente em tenebrosos pensamentos, mostrando a jovem criatura somente a quem ele deveria temer.

— Caim, nunca ouviu que jamais se deve matar o mensageiro?

Os gritos de horror e agonia cessaram assim que a atenção do primeiro vampiro foi capturada pelo som da voz do seu primogênito. Jungkook atravessava o salão calmamente, a passos lentos, limpando as mãos ensanguentadas em um lenço branco, até se colocar ao lado do pai.

O Conde EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora