poeirinha

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olho para o céu
as estrelas tão quietas
gosto das noites
tão poéticas
distante de todo o caos e dor do dia
o calor que vibra a mente
aquece as ideias
animais em sofrimento
e não somos todos animais?

esteja atento
o mundo é dos famintos
dos drogados
dos dilacerados
de pele e de alma
dos esquecidos
dos que choram de madrugada

o mundo é nosso
pobres almas que vagam
buscando uma trilha
em uma realidade sem rotas

suspiro sedento
sede de amor
fome de paz
deitado na plenitude
     do imaginário
não há nada assim na realidade
ela é cruel, devora-nos

mas quando eu olho para o céu, eu lembro que tudo começa e acaba aqui
nessa poeirinha de planeta
nesse caquinho de existência
nessa fragil experiência

um dia meus olhos se fecharão
sentirei falta de observar
júpiter tão brilhante no céu
de apreciar o passar lento das horas
as torturas humanas diárias
as lágrimas e os risos
o abrir e fechar do cílios
dos beijos que me foram destinados
e devolvidos
do afeto mamífero

estar vivo é apenas uma vez
não pode ser repetido
dou todo o amor que trago no peito sem freios
porque o amanhã não me pertence
não pode ser vivido

amo você

e isso vai existir para sempre no universo
a partir desse momento
divino

Poesias para ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora