Papoilas Vermelhas

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"Houve rachaduras na Casita e a Abuela não acreditou! E a Luisa está lidando com tanto estresse, e preciso saber do Tio Bruno!" Mirabel disse com excitação emocional.

"Mira, mi vida, vá devagar. Qual o tamanho das rachaduras?"

"Enormes, e levavam até a vela. Estavam nas paredes, no chão e no teto. As portas também tremeluziam."

"Quando isto aconteceu?"

"Aconteceu depois que tiraram a foto de família sem mim." Mirabel parecia tão triste naquele momento.

“Mira.” Eu disse, agarrando-a e puxando-a para o meu lado na cama. “Você não é inferior ao resto da sua família. Só porque você não conseguiu uma porta não significa que você não tenha um presente.”

"O que você quer dizer?" Ela perguntou, colocando a cabeça no meu ombro.

"Você é o presente, cada pedacinho de você. E não sei por que eles não veem isso, mas eu vejo e o seu tio Bruno também." Mordi minha bochecha para não demonstrar minha raiva. "Foi cruel eles terem excluído vocês daquele jeito. Que tal da próxima vez que eu convidar todos vocês, crianças, tirarmos uma foto da nossa família."

"Você faria isso por mim?" Ela perguntou.

"Mira, eu iria até o fim desta terra por qualquer um de vocês, crianças."

“Luisa também?”

"Sim, Luisa também. Odeio saber que ela está passando por dificuldades. Falarei com ela amanhã, quando pedir que faça algumas coisas para mim."

"Você pede a ela para fazer pausas e faz parecer que é trabalho, não é?"

"Oh, Mira, você me conhece tão bem." Então inclinei minha cabeça na dela. "Então você quer saber sobre o seu Tio. O que causou isso?"

"Luisa disse que os adultos conversaram sobre sua última visão. Ela também disse que eu deveria subir para o quarto dele, mas que havia uma razão para isso estar fora dos limites."

Suspirei e me levantei, fazendo sinal para Mirabel permanecer sentada. "Deixe-me mostrar algumas coisas, mi sobrina perfeita."

Abri as portas do guarda-roupa e peguei uma caixa de madeira que havia feito com a ajuda de Camilo cerca de oito anos antes. Puxando-o, coloquei-o entre Mirabel e eu.

"Seu tio Bruno era um homem maravilhoso. Ele escrevia histórias que capturavam a imaginação." Peguei um pedaço de papel com desenhos do Bruno escrevendo no diário que fiz para ele, com o cabelo bagunçado. "Começamos apenas como bons amigos." Dei o papel a Mirabel para olhar.

"Naquele dia, ficamos sentados em quase silêncio, exceto por um disco tocando ao fundo. Eu não conseguia me concentrar, ele estava tão lindo. Então eu o desenhei. Ele não sabia que eu já estava apaixonada por ele."

"Ele parece tão gentil." Mirabel disse. "Assim como Camilo o pintou."

"Ele era, mas tinha uma espinha de aço se você o pressionasse o suficiente. Ele também era teimoso, mas principalmente era amoroso. Ele amava sua família de todo o coração." Tirei uma foto de quando Bruno e eu ficamos noivos.

"Tia, você parece tão feliz." Mira disse, traçando a mão na moldura. "Esta foi a foto que usamos para o seu retrato de família lá embaixo." Ela lembrou.

"Ele me deixou muito feliz, mas vou lhe contar uma coisa que ninguém pode saber."

"OK."

"A sua Abuela me deu uma escolha: ou eu tinha que usar meu 'dom' para ajudar a comunidade ou desistir de me casar com o homem que amo."

Eu teria você em meus sonhos para sempre (Bruno Madrigal)Onde histórias criam vida. Descubra agora