Mensagem

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Sentado à mesa do meu quarto na noite, a luz suave do abajur iluminava o papel pautado à minha frente. O caderno estava aberto, revelando linhas de equações e problemas desafiadores. Um lápis repousava em minha mão, que alternava entre rabiscar respostas e coçar a lateral da cabeça, sinal evidente da dificuldade que encontrava. Enquanto mergulhava nos estudos, um som repentino cortou o silêncio. Três notificações vibraram em meu celular, que estava estrategicamente posicionado ao alcance da minha visão. Surpreendido, desviei minha atenção do livro para o dispositivo, deparando-me com um número desconhecido. Uma onda de confusão e curiosidade se misturou em meus pensamentos, pois recordava claramente não ter compartilhado meu número com ninguém.

Cautelosamente, deslizei a tela, abrindo as mensagens que aguardavam. O conteúdo desconhecido desencadeou uma sensação de intriga, e meu foco nos estudos cedeu espaço à incerteza do inesperado.

"Oi Zoro"
"Você fica bonito com o uniforme"
*foto*
"☻"

Ao deslizar pela conversa, me deparei com uma imagem minha, vestido no uniforme de Kendo, empunhando três shinais entre as mãos e a boca. Um elogio anônimo acompanhava a foto, elogiando detalhes que me fizeram questionar como alguém poderia ter capturado esse momento sem que eu percebesse. A surpresa se transformou em desconforto, pois o ângulo da foto indicava uma proximidade que deveria ter sido perceptível. O pensamento de ser observado secretamente obscureceu qualquer sensação de lisonja pelo elogio. Passei alguns momentos ponderando sobre a invasão de privacidade e a peculiaridade da situação. Ignorar a mensagem e voltar aos estudos parecia uma opção sensata, mas a curiosidade sobre o possível stalker era irresistível, tornando a conversa uma fuga momentânea dos livros e problemas matemáticos.

"Quem é?"

"É a Mina"
"Você me salvou do sanji hoje pela manhã"

Ao questionar a origem da mensagem, a resposta revelou-se surpreendente. A pessoa se identificou como aquela garota do corredor, aquela que o Sanji flertava, ou melhor, assustava. Minha memória, por vezes falha, esforçou-se para traçar o rosto dela, recordando as expressões de desconforto enquanto Sanji soltava suas palavras insistentes. Entre as lembranças, uma imagem se destacou: o rosto bravo do Sanji quando o interrompi naquele dia. O simples pensamento fez um sorriso brotar em meu rosto, pois a expressão irritada do loiro ao ser atrapalhado da situação de flerte inadequado era, de certa forma, impagável.

Agora ciente de quem estava por trás da mensagem, uma sensação de alívio se manifestou. Simplesmente pelo fato de não ser ninguém tentando me sequestrar.

"Quem passou meu numero?"

"A Nami"

A surpresa inicial de descobrir a identidade da remetente deu lugar à frustração ao perceber que Nami tinha sido a responsável por compartilhar meu número de telefone. Uma clina de xingamentos cresceu dentro de mim, e a pergunta crucial ecoou em minha mente: como Nami tinha meu número quando nem mesmo Luffy, meu melhor amigo, o possuía? Decidi abordar a situação diretamente com Nami no dia seguinte na escola. O ato de compartilhar meu número sem consentimento era algo que merecia ser esclarecido. Meu olhar se perde no relógio na parede, seus ponteiros insistindo que a noite avança rapidamente.

A luz tênue da manhã invadia o meu quarto, pintando as paredes com nuances alaranjadas. Ao despertar, senti o calor da promessa de um novo dia e o peso da rotina escolar. Vestindo-me, fui saudado pelos cantos alegres dos pássaros que dançavam no céu da manhã.

Ao iniciar meu trajeto habitual até a escola, percorrendo as ruas familiares, absorvi a serenidade do amanhecer. No entanto, minha paz foi interrompida quando alcancei a entrada da escola. Parando para checar mensagens no celular, fui surpreendido por um empurrão deliberado. Não precisei me virar para saber quem era: Sanji, o loiro irritante.

— Acordou do lado errado da cama? Você parece mais feio do que o normal.

Mantive a calma, enfrentando-o com a expressão impassível que a manhã me permitia. Sanji, flanqueado por dois alunos curiosos, soltou sua risada característica, como se soubesse algo que eu não sabia. Encarei-o com fervor, pronto para não permitir que estragasse meu dia tão cedo.

— E parece que você acordou na mesma cama de sempre. 

Os dois amigos de Sanji, tentando esconder um sorriso, mal conseguiram disfarçar a expressão divertida diante da minha resposta afiada. Sanji, visivelmente sem jeito, agarrou os dois pelo pescoço e os arrastou para dentro da escola, murmurando algo que soava como uma repreensão. Observando a cena, dei uma risada silenciosa, apreciando a satisfação de ver Sanji envergonhado. Um sorriso de canto de boca se formou enquanto me preparava para continuar meu dia. Não pude deixar de lembrar de não esquecer de chamar a atenção da Nami, conforme as mensagens de ontem indicavam.

Respirei fundo e dei um passo à frente, direcionando-me à sala de aula. Ao adentrar, deparei-me com Luffy e Nami, animadamente conversando perto da janela, meu lugar favorito. Percebi que algo especial estava acontecendo entre eles. Decidi me aproximar, curioso para descobrir o motivo da animação.

— Estou tão ansiosa para a apresentação do clube, Luffy. Espero não fazer feio.

— Relaxa, Nami! Você vai arrasar, tenho certeza!

Nami sorriu, agradecendo pelas palavras de Luffy, mas ainda inquieta. Enquanto eles trocavam conversotas, ambos notaram minha chegada.

— Ei, Zoro! Você não esqueceu de hoje né?

— Não sabia que música era sua praia Zoro.

Me aproximo de Nami com um olhar cortante, fazendo-a recuar levemente. Seguro o celular, expondo as mensagens que recebi na noite anterior cortando totalmente o assunto.

— Como conseguiu meu numero? — inquieri, a seriedade em minha voz transmitindo a gravidade da situação.

Nami, ao ler as mensagens, irrompe em uma risada estrondosa, segurando a barriga. Luffy, curioso, estica o corpo para vislumbrar o motivo da diversão. No entanto, ao ler as mensagens, sua expressão confusa denuncia a incompreensão.

A irritação cresce em mim ao ver a reação de Nami. Quase em um grito, a questiono:

— Por que você tá rindo sua megera?!?

— Zoro, quem é essa e porque a Nami tá rindo?

— É a Mina, ela tá a fim do Zoro, e parece que é a primeira vez que uma menina fica a fim dele.

— O QUE? A MINA TÁ A FIM DO ZORO?

Senti meu rosto esquentar subitamente quando as palavras de meu amigo ecoaram pelos corredores da sala, como se fossem anunciadas por um megafone invisível. Ele não tinha noção do tom de confidencialidade que a situação pedia.

— FALA BAIXO SEU IDIOTA!

De repente, o olhar de todos ao meu redor se converteu em um conjunto de olhos curiosos, alguns até entreabertos, enquanto sorrisos discretos exibiam nos lábios dos meus colegas. Aquilo era como ser lançado em um palco desprovido de cortinas, com uma audiência ansiosa pela minha reação.

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