Marimo

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A luz filtrada pela cortina entrou no quarto, gradualmente iluminando o ambiente e despertando-me de um sono pesado. Parecia que o cansaço da festa na praia ainda pesava em meus membros, a ressaca emocional sendo mais intensa do que a física. Parti para casa quando meus amigos decidiram ir embora, nenhum deles compartilhando do meu não espírito festeiro, o que me obrigou a prolongar minha estadia na praia por mais algumas longas horas.

Mas o verdadeiro problema não era ter chegado tarde em casa; era o turbilhão de pensamentos intrusivos que ocupavam minha mente, especialmente as fantasias envolvendo Sanji, desencadeadas pelo possível beijo que, confesso, tive vontade de iniciar. Não podia culpar a bebida, afinal, não exagerei, sabia que o desejo era genuíno, e isso me incomodava profundamente.

A manhã chegou cedo, com a obrigação das aulas, então levantei, segui minha rotina habitual e me dirigi para a escola. Ao chegar, percebi que meus amigos não estavam me esperando como de costume. Segui diretamente para minha sala de aula e, ao entrar, me deparei com Sanji, sentado em minha mesa, conversando animadamente com outros alunos.

Ao abrir a porta, seus olhos encontraram os meus, e um sorriso se formou em seus lábios. Mas não era o mesmo sorriso suave de ontem; era provocativo, desafiador. Ele chamou a atenção dos outros, apontando na minha direção, como se estivesse me desafiando a reagir.

— Olha só quem chegou, Marimo.

Fiquei parado na porta, encarando Sanji. Sua provocação me deixou confuso, não com raiva, mas com uma incerteza desconcertante. Será que ele não se lembrava do que aconteceu ontem? Ou estava agindo como se nada tivesse acontecido? Permaneci em silêncio, sem responder à provocação, o que fez com que a sobrancelha arqueada de Sanji expressasse surpresa. Era incomum eu não ter uma resposta pronta para suas provocações, mas naquele momento, minha mente estava ocupada demais tentando decifrar os acontecimentos da noite anterior e as consequências daquilo.

—O que foi? Não gostou do seu apelido, Marimo?

Enquanto observava atentamente, vi o outro se erguer da mesa com uma elegância calculada, movendo-se em minha direção com um sorriso congelado, lábios cerrados. Nossos olhares se encontraram, e um arrepio percorreu minha espinha, um nervosismo latente se instalando. Cada passo que ele dava parecia ecoar no meu próprio ritmo cardíaco acelerado.

Memórias do dia anterior dançavam diante dos meus olhos, nossos rostos a uma distância tão curta que podia sentir o calor da respiração dele. Desviei o olhar para o lado, movendo a cabeça em uma tentativa desajeitada de desviar minha atenção, coçando o nariz nervosamente.

— Me deixa passar.

Tentei ignorar a continuidade desse momento tenso quebrando o clima, passando rapidamente pelo pequeno espaço entre a porta e o corpo dele, ansioso para alcançar minha mesa na sala e me isolar em meus próprios pensamentos.

Os amigos de Sanji se levantaram das mesas próximas, seguindo-o para fora da sala e deixando-me sozinho com um suspiro aliviado. Expirei profundamente, expulsando o ar tenso do meu corpo, tentando recuperar a calma enquanto me afundava na cadeira, fechando os olhos brevemente.

Mas meu momento de paz foi abruptamente interrompido quando ouvi a voz estridente de Luffy ecoando pela porta, chamando-me em cumprimento. Suspirei resignado, sabendo que a tranquilidade seria passageira enquanto ele estivesse por perto.

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