Continuação - capítulo 1

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O hospital Dr. Aristeu Chaves nunca viu tantas pessoas necessitando de cuidados médico como naquela manhã. Ao perceber a gravidade do problema,  a recepcionista praguejou por ter vendido sua folga, o que faria ela terminar sua escala apenas  ao meio dia.

— Senhora, se não consegue tirar a ficha no painel digital, apenas espere um pouco e logo chamarei alguém para te ajudar.

Fala através do vidro que a divia do restante dos pacientes e suas possíveis doenças.  A idosa que aparentava ter mais o menos uns sessenta anos, não deu a mínima pra moça, apenas continuou com as suas reclamações sobre a nova forma criada para conseguir passar por um médico.

— No meu tempo de jovem, as pessoas de mais idade não ficavam esperando por atendimento. –   se apoiando no batente.
A recepcionista não esboçou nenhuma reação. A fila para a triagem estava enorme, e a cada hora apareciam mais pessoas doentes.

— Com licença, estamos com uma jovem inconsciente, precisamos de espaço! – gritou um dos enfermeiros que empurrava a maca hospitalar.
Logo as pessoas que estavam tapando a passagem para o corredor se afastaram.
— Qual é a situação? – perguntou o médico que acabara de chegar no local.
— Tem um ferimento leve na cabeça e muitos hematomas pelo corpo. Seus batimentos estão fracos. Um motorista de caminhão a encontrou desacordada na entrada da cidade, ele alega não conhecê-la. Por precaução chamamos a polícia.

A maca foi direcionada a uma das salas do hospital com a direção do médico.

— Talvez eu tenha que ser encontrada por um caminhoneiro para ser atendida. – praguejou a idosa, que observou atenciosa todo o transtorno na recepção.
— Vai ser uma longa manhã. – suspirou a recepcionista do outro lado do vidro.

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— Boa tarde, estou procurando Elisa Angelino. A polícia me informou que ela deu entrada aqui.

Uma mulher alta e pele morena com semblante desesperado pergunta na recepção do hospital.

— Qual é o seu nome? – pergunta a recepcionista.

— Lúcia Angelino, sou a mãe dela. – segura o RG em sua frente e mostra pra a moça.

— Ela está na ala cinco. Essa aqui é a sua ficha.

Lúcia pega o papel das mãos da recepcionista e segue em direção a porta que dá acesso a ala cinco. Na entrada um homem de terno a cumprimenta e pede que lhe entregue a autorização que está em suas mãos, e assim fez.

— Pode ir. – ele empurra a porta abrindo passagem para ela.

Ao entrar na sala onde Elisa estava internada, Lúcia não conteve a emoção. Podia dizer que a felicidade e a tristeza andavam lado a lado naquele momento. Queria vê a filha, mas nunca lhe ocorreu que seria daquela forma.

Sua menina sorridente e vaidosa, agora parecia qualquer pessoa, menos ela. A pele ao redor de seus olhos estavam escuras, seus lábios pálidos e suas unhas dos pés sempre tão bem cuidadas estavam sujas e mal feitas.

Lúcia levou suas mãos as da filha e estremeceu quando o cobertor que cobria seus braços caiu sobre a cama.

Que tipo de monstro faria mal a um ser tão doce...

— Filha, a mamãe está aqui. – fita o rosto da jovem esperando uma reação.

— Boa tarde, eu sou doutor Hugo. – se aproxima da mulher e estende a sua mão.
— A senhora é a mãe da jovem?

— Sim, sou eu. – ela aperta a mão do médico.

— Tenho algumas notícias. A sua filha já acordou, mas por conta do medicamento, ela voltou a dormir. Felizmente não constatamos nada grave na ressonância, embora ao fazer algumas perguntas pra ela, ela não soube me responder. Algumas situações podem ser muito traumáticas e geram perca de memória no primeiro instante, é bem comum.

A mulher ouvia com atenção o médico quando Elisa abriu o olhos e chamou por ela.

— Mamãe? – suas pálpebras mal se abriram e sua voz também não estava muito audível.
— Oi, meu amor. – respondeu, abraçando a filha em seguida.
— Me desculpa, por favor, mamãe.
— Xiii! – leva o dedo indicador a boca da menina, impedindo que ela continuasse seus pedidos de desculpas incessantes.
— Tá tudo bem, meu amor, agora você está com com a mamãe. – Lúcia acaricia os cabelos de Elisa com carinho. Estava segurando as lágrimas por muito tempo, mas logo seus olhos marejaram e a primeira gotícula a escorrer do seu rosto foi de encontro a pele da filha.

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